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Um tribunal de Nova York divulgou e-mails trocados entre a britânica Ghislaine Maxwell, acusada de tráfico sexual de garotas, e seu falecido ex-namorado, o financista Jeffrey Epstein, morto no ano passado, enquanto aguardava seu julgamento pelas mesmas acusações.

Essa troca de e-mails foi em 2015, embora os advogados de Ghislaine tenham declarado no início deste mês que os dois não tinham contato há mais de uma década.

"Você não fez nada de errado e sugiro que continue a agir dessa forma", escreveu Epstein em janeiro de 2015, momento em que surgiam cada vez mais acusações de abuso sexual contra ele.

"Saia com a cabeça erguida, e não como uma condenada que está fugindo. Vá a festas, lide com isso", acrescentou Epstein, declarado morto por suicídio em agosto de 2019, enquanto esperava seu julgamento após ser acusado de tráfico sexual.

Filha do falecido magnata da imprensa Robert Maxwell, Ghislaine se declarou inocente de tráfico sexual de menores para Epstein, com quem teve um relacionamento na década de 1990.

Os promotores acusam esta mulher de 58 anos de recrutar meninas de apenas 14 anos para satisfazer os desejos de Epstein. As vítimas dizem que também tiveram de agradar a alguns dos sócios ricos de Epstein.

Ghislaine Maxwell, que também está sendo acusada de ter participado dos abusos, enfrenta seis acusações, incluindo perjúrio. Se for considerada culpada, poderá passar até 35 anos de prisão.

Ela teve seu pedido de liberdade sob fiança negado e está presa no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn, à espera do julgamento. Seu início está previsto para julho do ano que vem.

Os e-mails estavam entre as dezenas de documentos revelados na quinta-feira à noite, ligados a uma ação por difamação apresentada por Virginia Giuffre - uma das mulheres que acusaram Epstein - contra Maxwell em 2015.

Os advogados de Maxwell tentaram, repetidamente, bloquear a divulgação dessas conversas, alegando que poderia prejudicar a defesa de sua cliente.

Em um e-mail de 24 de janeiro de 2015, Maxwell parece tentar se distanciar de qualquer relação íntima com Epstein, um administrador de fundos de investimento.

"Agradeceria que Shelley aparecesse e dissesse que ela era sua namorada. Acho que foi do final de 99 a 2002", escreve Maxwell para Epstein. Não está claro quem é Shelley.

Em sua declaração, Giuffre disse que Epstein e Maxwell "eram unha e carne".

"Ghislaine Maxwell me trouxe para a indústria do tráfico sexual. Foi ela que abusou de mim regularmente. Foi ela que me recrutou, me treinou como escrava sexual, me maltratou fisicamente, me maltratou mentalmente", acrescentou.

"É ela quem, acredito, do fundo do meu coração, deve comparecer e se deve fazer justiça com ela mais do que com qualquer outra pessoa. Sendo mulher, é repugnante", afirmou Giuffre.

Maxwell negou as acusações durante seu depoimento no caso em 2016 e chamou Giuffre de "mentirosa completa".

Giuffre afirma que teve relações sexuais com o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth II, quando tinha 17 anos, após ser recrutada por Epstein. O príncipe nega as acusações de forma categórica.

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