Cientistas britânicos criaram com uma impressora tridimensional um material sintético similar a tecidos vivos com potencial para ter aplicações médicas, segundo uma pesquisa publicada nesta quinta-feira nos Estados Unidos.
Este novo tipo de material é formado por milhares de gotas d'água, encapsuladas cada uma em um filme gorduroso e unidas entre si, capazes de efetuar certas funções das células do corpo humano.
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Esta "rede de gotinhas" poderia fazer parte de uma nova tecnologia para administrar medicamentos e substituir potencialmente possíveis tecidos danificados no organismo.
Levando em conta que este material é totalmente sintético, sem genoma e sem capacidade de replicação, isto permite evitar os tipos de problemas encontrados com os tecidos artificiais, como os que usam células-tronco humanas, explicaram os autores da pesquisa, publicada na edição de 5 de abril da revista americana Science.
"Nosso objetivo não é criar materiais que se parecem exatamente aos tecidos vivos, senão estruturas capazes de efetuar as funções destes tecidos", afirmou o professor Hagan Bayley, do departamento de química da Universidade de Oxford, que chefiou o estudo.
"Demonstramos ser possível criar redes com dezenas de milhares de gotas unidas entre si por pequenos orifícios, como poros de proteínas que formam passagens através de toda a rede e tais nervos podem transmitir sinais elétricos ao conjunto da estrutura", afirmou.
Cada uma das gotas tem um diâmetro de cerca de 50 micrômetros (um milésimo de milímetro), ou seja, cinco vezes mais do que uma célula viva. Mas os pesquisadores calculam ser possível reduzir ainda mais o tamanho.
O material sintético é concebido para adotar formas diferentes quando impresso.
Assim, uma estrutura plana pode ser programada para ser replicada na forma de uma esfera, o que não pode ser diretamente obtido com a impressão tridimensional.
A forma esférica se obtém devido à transferência de água entre as gotas.