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O último jardim vertical restante do corredor verde do Minhocão foi atingido por um incêndio nesta quinta-feira (24), no centro da cidade de São Paulo. O fogo foi extinto e não há registros de feridos.

O painel artístico está na fachada lateral do Edifício Santa Cruz há oito anos, implantado durante uma parceria que envolveu artistas e a Prefeitura. Ao todo, sete prédios do Elevado Presidente João Goulart chegaram a receber intervenções verdes.

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O Estadão apurou que o fogo começou quando três pessoas trabalhavam na recuperação da estrutura do jardim vertical. Ainda não há informações sobre a causa do incêndio. Duas viaturas do Corpo de Bombeiros foram enviadas ao local, com a extinção do fogo pela tarde.

Ao menos outros dois incêndios chamaram a atenção na cidade nas últimas 24 horas, em meio a uma onda de calor recorde. O Parque do Carmo, na zona leste, teve parte da vegetação atingida por horas desde a noite de quarta-feira (23) na zona leste. Outro incêndio atingiu duas torres de resfriamento do Instituto do Coração (InCor), no centro expandido. Não há registro de feridos.

No jardim vertical, a vegetação da fachada lateral estava seca há cerca de um mês, após um problema na bomba de irrigação. Segundo a síndica do prédio, Dinah Moreira Allen, o condomínio vai aguardar uma perícia e ainda decidirá o que fará com o jardim. Ela afirmou que o fogo não impactou no edifício e que os moradores dos apartamentos sequer perceberam o que ocorria.

A empena verde do edifício passou por um restauro recente, com o apoio de um patrocinador privado. O Santa Cruz é o condomínio que mais se posicionou favoravelmente à manutenção da fachada verde ao longo dos anos, destacando benefícios citados por moradores, como a melhoria no bem-estar, o aumento na presença de aves e a redução da temperatura e da poluição sonora em parte dos apartamentos.

Em 2022, quando procurada pela Prefeitura sobre uma eventual remoção após o fim do termo de cooperação, a síndica levou a questão a uma reunião com os condôminos, na qual se decidiu pela busca de um possível patrocinador. Uma moradora conseguiu o apoio de uma marca de cerveja, para o conserto da bomba de irrigação, a recuperação do jardim e a manutenção por dois anos.

Como o Estadão contou, a Prefeitura gastou quase R$ 2 milhões para a retirada das demais seis intervenções verdes desde 2020, após o encerramento dos termos de cooperação com os condomínios. A remoção marcou o fracasso de um projeto que estimava chegar a 40 intervenções, mas que enfrentou problemas e foi enfraquecido nas últimas gestões municipais.

O Minhocão chegou a ter sete jardins verticais, com 3,5 mil m² de área verde e design elaborado por artistas visuais, instalados entre 2015 e 2016. O corredor verde foi criado com R$ 4 milhões, em valores não corrigidos.

Quatro jardins foram retirados em 2020, por mais de R$ 1 milhão, após parte dos condomínios entrar na Justiça e reclamar da falta de apoio público para as despesas de manutenção, água e energia. Os demais tiveram a remoção definida pela gestão Ricardo Nunes (MDB) em 2022, por R$ 657,2 mil.

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O Ministério Público de São Paulo ajuizou uma ação contra o uso de jardins verticais como forma de compensação ambiental. De acordo com a promotoria do órgão, as chamadas “paredes verdes” não ajudam a equilibrar o meio ambiente de forma eficiente e seus benefícios não podem ser comparados aos obtidos com árvores adultas.

O promotor Marcos Stefani declarou que a “iniciativa é muito benéfica para a cidade, mas não pode servir como contrapartida para a remoção de árvores na capital”. O botânico Ricardo Cardim, consultado pelo magistrado sobre as questões técnicas, disse que existe uma desproporcionalidade muito grande nas instalações de jardins verticais. "Segundo consta, uma parede verde de 300m² tem o custo por volta de 300 mil reais. Com esse mesmo valor, poderiam ser plantadas 1000 árvores”.

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Um dos exemplos usados pelo promotor foi o de uma construtora que obteve recentemente autorização da prefeitura para a construção de um empreendimento imobiliário na zona sul de São Paulo. A construtora usa como compensação ambiental a implantação de um “corredor verde” na avenida 23 de Maio. Segundo ele, “considerando a constatação de que 1m² equivale a 2m² de jardim vertical, a empresa responsável pelo dano ambiental teria de construir, no mínimo, 20 mil m² de jardim vertical, o que equivaleria a um gasto de 20 milhões de reais".

Caso seja condenada em definitivo, a prefeitura terá que exigir das empresas a compensação ambiental equivalente ao espaço desmatado.

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