O escritor chileno Jorge Edwards, ganhador do prêmio Cervantes em 1999, próximo de Pablo Neruda e autor do livro "Persona Non Grata", no qual narra seu desencanto com a Revolução Cubana, morreu nesta sexta-feira (17) em Madri, aos 91 anos, informou seu filho à AFP.
"Morreu há algumas horas" em Madri, disse o filho, que também se chama Jorge Edwards e falou por telefone de Santiago, no Chile. "Foi basicamente a diabetes que progrediu e produziu um estado de saúde que o levou à internação no fim de semana e depois, assim que voltou para casa, ele faleceu", acrescentou.
##RECOMENDA##"Perdemos um romancista excepcional, um ensaísta corajoso e um jornalista atento a todas as camadas da atualidade. Sentiremos falta de sua vitalidade e moral elevado", escreveu no Twitter o Instituto Cervantes.
Nascido em Santiago em 1931, Edwards estudou na Escola de Direito da Universidade do Chile e fez estudos de pós-graduação na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos.
Exerceu o cargo de diplomata de carreira entre 1957 e 1973, em Paris, Lima e Havana, destino este que o marcaria de maneira especial. Seu último posto na diplomacia chilena foi o de embaixador em Paris, entre 2010 e 2014, durante o primeiro mandato do ex-presidente conservador Sebastián Piñera.
Em 1971, Edwards passou três meses na capital cubana para abrir a embaixada do Chile em representação do governo de Salvador Allende, um dos primeiros a restabelecer laços diplomáticos com o regime de Fidel Castro.
O duplo ofício de diplomata e escritor permitiu que Edwards estivesse em contato com escritores da ilha, que lhe relatavam o contrário da versão oficial.
Edwards nunca foi expulso oficialmente, mas deixou Cuba antes do previsto e seguiu para Paris, após ser requisitado por seu amigo Pablo Neruda, o novo embaixador.