Tópicos | Lalo Schifrin

Hollywood recordou as vítimas dos incêndios na Califórnia em uma cerimônia para premiar com um Oscar honorário o compositor argentino Lalo Schifrin e a atriz afro-americana Ciceley Tyson.

Schifrin é conhecido pelo tema de "Missão Impossível", enquanto Tyson foi um ícone de duas gerações de atrizes negras.

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Como sinal de respeito às vítimas dos incêndios que afetam a Califórnia há 10 dias - que já deixaram ao menos 77 mortos no norte do estado e três na zona de Malibu, perto de Hollywood - os organizadores pediram aos fotógrafos para não registrarem imagens das estrelas que chegavam ao Dolby Theatre para a 10° cerimônia do Governors Awards.

Em troca, puderam filmar e tirar fotografias perto do tapete vermelho.

Em seus comentários de abertura, o presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, John Bailey, prestou homenagem às vítimas do pior incêndio já registrado na Califórnia.

"Muitos milhares de nossos compatriotas estão sem casa", disse Bailey, que também se referiu aos quase 1.000 desaparecidos.

"Parte de nossa própria história também se perdeu no fogo, em Paramount Ranch", acrescentou, em alusão ao local onde se filmavam "westerns" e onde a HBO gravava "Westworld", que foi destruído pelas chamas.

- Cartas e telegramas -

Schifrin, de 86 anos, compôs músicas para mais de 100 filmes, incluindo "Bullitt" e "Perseguidor implacável", assim como o tema da série "Missão Impossível", selo musical da saga de filmes que a seguiram.

Recebeu o Oscar das mãos de Clint Eastwood, que atuou em "Perseguidor implacável", após um diálogo um tanto surrealista entre ambos os octogenários.

"Você pode falar em espanhol. Colocaremos legendas", disse Eastwood.

"A música é uma linguagem universal que não precisa de legendas", respondeu Schifrin.

Perguntado sobre o sucesso imediato do tema de "Missão Impossível", que compôs em poucos minutos, o músico argentino explicou que "a música para filmes é como escrever uma carta. A música para televisão é como um telegrama...".

- Honrar uma "rainha" -

Tyson, de 93 anos, que iniciou sua carreira como modelo antes de entrar para a atuação, foi indicada por seu papel no filme "Sounder - Lágrimas de Esperança", de 1972.

Também atuou em filmes como "Tomates verdes fritos" e "Histórias cruzadas".

"Para nós, afro-americanos, é uma rainha", disse o ator e produtor Tyler Perry.

"Teve que trabalhar 10 vezes mais para que lhe pagassem 100 vezes menos" por ser uma mulher negra, disse Perry.

- Outros prêmios -

Hollywood também premiou o relações públicas Marvin Levy, o primeiro a receber um Oscar honorário nessa categoria.

Levy trabalhou por muito tempo com Steven Spielberg e liderou as campanhas publicitárias de filmes como "Kramer vs. Kramer", "Contatos Imediatos do Terceiro Grau" e "A Lista de Schindler".

Os produtores Kathleen Kennedy e Frank Marshall, que são casados, receberam o prêmio Irving G. Thalberg, que recebeu seu nome em homenagem ao lendário executivo de estúdios cinematográficos.

Spielberg disse que o casal é "inseparável, seus amigos eternos".

Kennedy, encarregado dos últimos filmes de "Star Wars" na Disney, é a primeira mulher a receber o Talberg, que a Academia havia entregue pela última vez em 2009 a Francis Ford Coppola.

Os Oscar honorários são entregues anualmente para "honrar uma distinção extraordinária na trajetória, contribuições excepcionais às ciências e artes cinematográficas, ou por um destacado serviço à Academia".

O Governors Awards foi criado como um evento separado em 2009 para dar mais espaço aos premiados e aliviar a agenda da cerimônia principal de entrega do Oscar.

"Será um flashback", disse à AFP o argentino Lalo Schifrin, compositor da música tema de "Missão impossível", que receberá uma homenagem esta semana na França.

SOL SOL - bSI DO SOL - SOL - FA FA# SOL - SOL: essas dez notas do início do tema principal da série "Missão Impossível", tocadas em um ritmo ousado em 5/4, tornaram mundialmente famoso Lalo Schifrin, que vive em Los Angeles desde os anos 1960.

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Esta semana, o pianista-compositor-orquestrador de 84 anos que assinou numerosas trilhas sonoras de filmes de Hollywood é homenageado na França em quatro eventos: uma retrospectiva na Cinemateca Francesa, uma homenagem no Festival de cinema e música de La Baule, com o lançamento de um box pela Universal e a entrega da insígnia de Comendador das Artes e das Letras pela ministra da Cultura, Audrey Azoulay.

"Quero ir a Paris, não sei se eu mereço isso, mas vou para receber tudo isso. É uma grande honra e vou receber com prazer" essas homenagens, disse ele, entusiasmado, à AFP, em muito bom francês, desde sua casa em Beverly Hills.

Paris e a França são muito caras para o músico, nascido em 1932 em Buenos Aires. Ele passou quatro anos na capital francesa, de 1952 a 1956: de dia estudava no Conservatório e tinha aulas com Olivier Messiaen, que muito influenciou sua escrita; de noite, tocava em clubes de jazz.

"Antes de ir para a França, estudei em uma escola onde a cultura francesa era muito importante", diz ele, cujo pai era primeiro violino na Orquestra Sinfônica de Buenos Aires. A "cultura francesa sempre me fascinou, quando eu era criança, meu livro favorito era Os Três Mosqueteiros".

"Então, quando cheguei em Paris, quando visitei o Louvre, Notre Dame, foi incrível para mim", acrescenta aquele que compara esta primeira estadia na França aos 20 anos ao "segundo movimento de uma sonata ou uma sinfonia".

Após retornar a Buenos Aires, Lalo Schifrin montou uma banda de jazz. O trompetista Dizzy Gillespie, em turnê, apaixona-se por sua música. "Quando Dizzy me disse: 'Você quer vir para os Estados Unidos?' Eu não pude acreditar!"

Tudo se encaixou como em um sonho: tornou-se o pianista de Dizzy e, em seguida, um dos jovens compositores de trilhas sonoras para a MGM, onde operou uma síntese de suas diversas influências.

Jazz e sinfonia

"Eu não sei se foi uma revolução, mas com a geração de compositores da qual fiz parte, com Jerry Goldsmit e John Williams, cada um se recusou a continuar a velha tradição de Hollywood", disse ele.

Após o sucesso de "Missão: Impossível", exibido como série de tv pela primeira vez há 50 anos, Lalo Schifrin assinou muitas trilhas sonoras de filmes de ação e de espionagem: "Perseguidor implacável", "Bullitt", "Rebeldia Indomável", "Operação Dragão"...

Nestas obras, uniu o jazz e a sinfonia a ritmos eletrônicos, acústicos e latinos. Lalo Schifrin também era mestre em justapor instrumentos antigos e contemporâneos - flauta e teclados, baixo elétrico e violinos, sinos e buzinas - para criar paisagens sonoras.

"É um dos melhores 'cozinheiros' das cores. Seus ambientes estressantes, sibilantes, são únicos", afirma o músico francês Mederic Collignon, que retoma em seu último disco "Moovies" muitos dos seus temas.

"Eu estava muito interessado no contraponto áudio-visual", diz este amante da ópera. "A ópera é o filme antes do filme: há ação, roteiro, música".

O argentino também tem extenso conhecimento da música popular no mundo. "Isso me permitiu fazer a música para 'Operação Dragão', onde sei as cores e características da música chinesa", observa ele.

Para ele, "não há diferença entre o jazz, Carmen de Bizet, música brasileira ou canto religioso". Ele lançou uma série de discos batizado: "Jazz meets the symphony".

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