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Recentemente, a  Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou que dos 6 mil idiomas existentes no mundo, quase a metade deles poderão deixar de existir dos próximos anos. Apesar de a globalização ter uma parcela de culpa nesse fenômeno, um fruto dela pode ser a salvação para as 2,5 mil línguas ameaçadas. 

O assunto foi colocado em pauta mais uma vez na última segunda-feira (21), onde comemora-se o Dia Internacional da Língua Materna. Com o Dia Internacional da Língua Materna, a ONU - Organização das Nações UNidas, procura ressaltar todos os anos a importância da diversidade linguística. 

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Brasil

Entre os principais idiomas ameaçados estão, na maioria das vezes, dialetos indígenas.  Uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e divulgada em março do ano passado apontou que das cerca de 1,5 mil línguas indígenas existentes no período de descobrimento do Brasil restam 181, das quais 115 são faladas por menos de mil pessoas. 

Os dados sobre o número de línguas indígenas existentes hoje no Brasil, porém, não são exatos. No estudo do IEL são consideradas180 línguas, além da língua geral amazônica Nheengatu. Já os linguistas ligados ao Museu Goeldi apontam a existência de 150 línguas indígenas no Brasil. O Censo de 2010 elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por sua vez, aponta a existência de 274 línguas faladas por 305 povos indígenas.

Mas essa a discrepância entre os dados depende do método utilizado em cada pesquisa. São necessários estudos sistemáticos de tipo dialetológicos para se chegar a uma conclusão mais adequada. Outro aspecto a ser considerado ao analisar esses dados é que não existe uma correlação direta entre o quantitativo populacional e número de falantes que mantêm as línguas indígenas.

Internet como esperança

A principal questão envolvendo essas línguas é que elas não são registradas por escrito, logo, são, em muitos casos, idiomas que existem apenas no contexto oral. O desafio atual dos linguistas é recuperar ao menos uma parte dos idiomas e tentar documentá-los. Uma tarefa difícil, porém, não impossível. E tudo graças à internet.

Em entrevista ao G1, Paul Trilsbeek, diretor do Arquivo Multimídia de Idiomas Ameaçados do Instituto Max Planck de Psicolinguística, em Nimwegen, na Holanda, o fato de cada vez mais pessoas terem smartphones e acesso à internet se tornou um aliado nessa luta, aponta. “Desse modo, há também cada vez mais línguas indígenas online, por exemplo no YouTube. Isso também poderá ajudar a preservar as diferentes línguas.”

Ao serem gravadas em áudio ou em vídeo e disponibilizadas na web, essas línguas chegam a mais pessoas e, dessa forma, mais interessados aparecem. Há com isso um despertar para a cultura do outro, o que faz com que pessoas que nem haviam ouvido falar de determinado idioma sintam vontade de conhecer e protegê-lo.

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