Tópicos | Liliane Tavares

Um filme também pode emocionar pessoas cegas ou com baixa visão. Mas para que o resultado seja satisfatório é necessário que o público conte com um recurso chamado audiodescrição. Esta profissão estará em evidência durante o VerOuvindo, festival inédito e voltado para pessoas com deficiência visual, marcado para começar nesta sexta (4), às 14h, no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Derby. O evento, que conta com recursos do Funcultura e pretende trazer expectadores de vários cantos do Estado, será realizado até a próxima segunda (6), sempre às 14h. A programação é gratuita.

O projeto prevê o deslocamento de mais de 80 pessoas com deficiência de várias cidades, como Garanhuns, Caruaru e Bezerros, que fazem parte de instituições como a Associação Pernambucana de Cegos (Apec) e Instituto dos Cegos. “Algumas destas pessoas nunca foram ao cinema na vida por conta da deficiência, mas finalmente terão a oportunidade de conhecer esta arte”, opina Liliana Tavares, coordenadora do festival.

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Nesta sexta (4), o VerOuvindo promove uma mostra competitiva formada por filmes com audiodescrição, algo que também nunca aconteceu no Brasil. “Selecionamos dez curtas metragens que serão avaliados por uma comissão julgadora formada por profissionais da área e que escolherá o Melhor Roteiro (1º, 2º e 3º lugar) e Melhor Locução. Haverá também um prêmio para o melhor trabalho segundo júri popular. Na ocasião, serão distribuídas cédulas em braile para que o público possa participar da votação”, revela Liliana Tavares, coordenadora do festival. Dos dez trabalhos selecionados dois são pernambucanos.

No domingo (6) será a vez da exibição dos filmes Língua Mãe, de Fernando Weller e Leo Falcão, e Colegas, de Marcelo Galvão. “Este último terá audiodescrição ao vivo feita por Márcia Caspary, do Rio Grande do Sul, que virá especialmente para o festival”, comenta Liliana. Na segunda (7), três curtas fazem parte da programação, Café Aurora, de Pablo Polo, Viagem à Marte, de Toinho Castro, e Recife Frio, de Kleber Mendonça Filho. Em seguida, será realizado um debate sobre a produção da audiodescrição para filmes entre os diretores, profissionais de área e o público. Ainda na segunda serão divulgados os premiados da mostra competitiva.

Setor da audiodescrição

Segundo a coordenadora, vários festivais já abriram os olhos para a profissão da audiodescrição. “O Festival Stop Motion fez um dia voltado para trabalhos do tipo no ano passado. O Festival de Cinema Silencioso também colocou um filme neste formato na programação. O que a gente quer é isso: que os diretores de filmes queiram cada vez mais participar de eventos assim. O mercado ainda é incipiente, começou agora. É uma profissão dura, difícil, que deve estar totalmente ligada ao trabalho do diretor, mas no final também é arte. A gente descreve com palavras as imagens dos filmes”, explica Liliana Tavares.

O VerOuvindo conta também com curadoria de Karina Galindo e foi idealizado com o objetivo de divulgar a audiodescrição e torná-la uma categoria de premiação nos festivais de cinema. “Inscrevemos o projeto mais uma vez no Funcultura e ele passou pela primeira avaliação. Estamos na torcida porque o que queremos é que o evento se torne um festival comum na agenda da cidade”, ressalta Liliana.

Serviço

VerOuvindo - I Festival de Filmes com Audiodescrição do Recife

Sexta (4) a segunda (7)

Cinema da Fundaj (Rua Henrique Dias, 609 – Derby)

Gratuito

(81) 3073 6689

Confira a programação completa: 

Sexta (4)

Abertura do festival

Mostra competitiva com os filmes:

Engano (RJ)

Terra a Gastar (BA)

Como atravessar a sala (RJ)

Visceral (PE)

Pérolas do Açúcar (PE)

A Ilha (RJ)

Ecos da Terra (BA)

Brancos Elefantes (CE)

Vírginia Menezes: cantora e professora de canto (RJ)

Seu Arlindo vai a loucura (SP)

Sábado (5)

Língua Mãe, de Fernando Weller e Leo Falcão, 81min. 

(Audiodescrição: Silvia Farias/ consultoria: Roberto Cabral) 

Crianças do Brasil, de Portugal e de Angola se encontram através da música. Um documentário sobre a preparação do um espetáculo de Naná Vasconcelos em comemoração aos 50 anos da capital brasileira.

Domingo (6)

Colegas, de Marcelo Galvão, 94min. 

(Audiodescrição: Márcia Caspary- RS, voice over) 

Colegas é uma divertida comédia que aborda de forma inocente e poética coisas simples da vida através do olhar de três jovens com síndrome de Down apaixonados por cinema. Um dia, inspirados pelo filme Thelma & Louise, eles resolvem fugir no Karmann-Ghia do jardineiro (Lima Duarte) em busca de seus sonhos: Stalone quer ver o mar, Marcio quer voar e Aninha busca um marido pra se casar. Eles partem do interior de São Paulo rumo à Buenos Aires. Nessa viagem, enquanto experimentam o sabor da liberdade, envolvem-se em inúmeras aventuras e confusões como se a vida não passasse de uma eterna brincadeira.

Segunda (7)

Exibição de três curtas seguidos de um debate sobre a produção da audiodescrição para filmes com os diretores e com os audiodescritores e o público.

Café Aurora – Pablo Polo, 19min30s

(Audiodescrição Andreza Nóbrega /consultoria: Roberto Cabral

Um especialista na preparação de cafés admira secretamente uma artista plástica. Ela, por sua vez, é cliente costumeira do Café Aurora. O encontro desses dois personagens nos leva a um mundo de sensações diferenciadas. Um mundo em que as palavras valem menos do que a percepção.

Viagem à Marte – Toinho Castro, 9min41s

(Audiodescrição: Gisele Silgom/ consultoria: Milton Carvalho)

Uma grande guerra, uma fuga para Marte, um novo mundo... 'Viagem a Marte' é uma narrativa de ficção cientí­fica construída a partir de outras narrativas. A proposta do filme é contar uma história nova a partir de imagens que já existem, imagens de arquivo. Velhos documentários sobre a corrida espacial e sobre a Segunda Grande Guerra são as fontes que alimentaram a história dessa viagem.

Recife Frio – Kleber Mendonça Filho, 24min. 

(Audiodescrição: Liliana Tavares/ consultoria: Milton Carvalho) 

Um documentário de uma TV estrangeira examina os efeitos da mudança em toda uma cultura que sempre viveu em clima quente e relata eventos inexplicáveis que transformaram a capital pernambucana numa cidade fria e chuvosa, revolucionando costumes de toda uma sociedade que surgiu tropical.

Divulgação dos premiados da mostra competitiva

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