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Ao mesmo tempo em que manteve a condenação e até ampliou a pena do ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro, a 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região absolveu de todos os crimes dois executivos da cúpula da empreiteira que haviam sido sentenciados por Moro em agosto de 2015.

A decisão pela absolvição foi tomada nesta quarta-feira, 23, por dois votos a um e conclui o julgamento interrompido graças a um pedido de vista em junho na 8ª Turma, responsável por analisar os recursos da Lava Jato em segunda instância.

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O ex-diretor financeiro da empresa Mateus Coutinho de Sá Oliveira havia pego 11 anos de reclusão, enquanto o executivo Fernando Augusto Stremel Andrade havia sido condenado a quatro anos em regime aberto, quando o condenado fica em casa e pode sair para trabalhar.

O criminalista Juliano Breda, que representa Mateus Coutinho comemorou a decisão do Tribunal nesta tarde. "Lamentamos o período em que ele ficou indevidamente preso. A decisão reconheceu aquilo que sempre postulamos", afirmou lembrando que sempre defendeu a inocência de seu cliente em todos os recursos que protocolou, inclusive para que ele fosse solto da prisão preventiva decretada por Moro no ano passado.

Os executivos ficaram presos preventivamente pela Operação Juízo Final, 7ª fase da Lava Jato, deflagrada em 14 de novembro de 2014. Eles ficaram detidos por mais de cinco meses e, por ordem do Supremo Tribunal Federal, outros três meses monitorados por tornozeleira eletrônica.

A OAS foi a segunda empreiteira na mira da Lava Jato a ter sua cúpula condenada pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Eles foram sentenciados em 5 de agosto do ano passado pelos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

A Lava Jato apurou que a OAS fez parte do cartel de empreiteiras que se apossou de contratos bilionários na Petrobras, entre 2004 e 2014. Moro apontou em sua sentença "quadro sistêmico de crimes".

A denúncia do Ministério Público Federal apontou que a OAS participou do cartel e ganhou, mediante ajuste do conluio, obras contratadas pela Petrobras referentes à Refinaria Getúlio Vargas (REPAR) e à Refinaria do Nordeste Abreu e Lima (RNEST) e pagou propina de 1% sobre o valor dos contratos e dos aditivos à diretoria de Abastecimento da Petrobras comandada por Paulo Roberto Costa. Para efetuar o pagamento, utilizou os recursos provenientes dos próprios contratos, submetendo-o a prévias condutas de ocultação e dissimulação executadas por Alberto Youssef, antes do pagamento.

Acusado de promover pagamentos de propina pela empreiteira OAS no esquema de corrupção na Petrobras, o executivo Mateus Coutinho de Sá Oliveira apresentou à Justiça Federal nesta sexta feira,8, um termo de declaração por escrito em que diz ser um 'mero funcionário' e que nunca foi responsável por qualquer liberação de pagamentos da construtora - uma das 16 acusadas de cartel na Operação Lava Jato. Porém, frente a frente com Sérgio Moro, o magistrado da Lava Jato, Coutinho preferiu o silêncio como estratégia. Orientado pelos criminalistas Roberto Telhada e Edward de Carvalho, ele não quis responder as indagações do juiz.

Na petição por escrito ele negou, inclusive, ter ligações com o doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato.

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"Nunca tive qualquer tipo de relacionamento com Alberto Youssef", declara ele, no termo entregue pela defesa na manhã desta sexta feira, 8, à Justiça Federal.

Coutinho e outros executivos da empreiteira, entre eles Léo Pinheiro, número 1 da OAS, são formalmente acusados pelo Ministério Público Federal de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Esse processo da Lava Jato envolve propinas de R$ 10 milhões em dois contratos bilionários feitos com a Petrobras para obras nas refinarias Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco, e Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná.

Mateus Coutinho é apontado como responsável, junto com Léo Pinheiro e outro executivo, "pela liberação dos pagamentos de vantagens indevidas efetuados pela empreiteira no contexto de corrupção de Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da estatal) e de outros empregados da Petrobras".

Ele alega que foi acusado com base "numa falsa premissa" de que teria liberado os pagamentos pela Construtora OAS. "Isso não é verdade", afirma na peça por escrito.

Segundo a força tarefa da Lava Jato, Mateus Coutinho teria liberado valores para o ex-deputado federal Luiz Argôlo, que na época era do PP da Bahia. Uma troca de mensagens encontrada no telefone do doleiro Youssef foi destacada na denúncia contra os executivos da OAS.

"Falei com matheus vai liberar semana que vem", informou Beto, apelido de Youssef, na troca de mensagens. "Uma parte dos 400?, informa ele ao interlocutor, "LA" - que foi identificado como Luiz Argolo, posteriormente.

"(Mateus) era usualmente referido em mensagens interceptadas entre Alberto Youssef e o interlocutor "LA" como a pessoa responsável pela liberação e operacionalização de pagamentos de vantagens indevidas pela OAS para agentes corrompidos", sustenta a força-tarefa da Lava Jato.

O réu alega que jamais foi diretor financeiro da Construtora OAS e que é improcedente a informação de que liberou pagamento ao ex-deputado federal Luiz Argolo.

"Não tenho conhecimento de qualquer propina destinada a agentes políticos e funcionários da Petrobras", registrou ele, na versão por escrito.

Argumentou ainda que na época dos fatos imputados ele era "um mero funcionário da empresa OAS". Mateus Coutinho virou diretor da OAS em 2013 - posterior aos contratos investigados, segundo ele argumenta.

O executivo da OAS declarou ainda que "nunca soube de qualquer ajuste, combinação, promessa ou pagamento de quaisquer vantagens indevidas a agentes públicos e funcionários da Petrobras".

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