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Uma dos artistas de maior peso para o metal brasileiro, o ex-vocalista e fundador do Angra, Andre Matos, morreu neste sábado (8), aos 47 anos. A informação foi dada pelo baterista Ricardo Confessiori, que o acompanhou em alguns de seus projetos, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.

“O destino nos uniu, nos separou, nos reuniu e agora pregou mais essa com a gente. É com profunda dor em nossos corações que nos despedimos do Andre mais uma vez, desta vez de forma definitiva. Além da ferida que jamais cicatrizará, e mesmo sabendo que passamos momentos gloriosos junto ao nosso companheiro e amigo, restará pra sempre o melhor dele em nossos corações”, lamentou Confessiori, em sua conta no Instagram.

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Pós-Angra

Após notabilizar-se como um dos grandes vocalistas do metal brasileiro, Andre Matos deixou o Angra, assim como Confessiori e o baixista Luis Mariutti, no ano 2000. Juntos, eles fundaram um novo grupo, chamado de Shaman, do qual Andre sairia em 2007, para iniciar sua carreira solo. O artista tinha shows marcados para os dias 12, 13 e 14 de julho, no Sana 2019, em Fortaleza, Ceará.

Por não acreditar que possuía as qualidades necessárias para atrair uma mulher, Otelo, cego de ciúmes, resolve matar sua amada, Desdêmona. Ao descobrir que não havia sido traído, o grande militar mouro tira também a própria vida. A tragédia de William Sheakspeare “Otelo, o Mouro de Veneza”, escrita por volta do ano 1.600, descreve com tanta precisão as causas e consequências do ciúme patológico que o batiza de “Síndrome de Otelo”. No Recife, para lançar o livro “Ciúme Patológico: passando dos limites”, a psicanalista piauiense Giorgia Matos defende que a doença ainda é um tabu.

O interesse da pesquisadora no assunto partiu de uma experiência pessoal. “Fui vítima de ciúme doentio e passei três longos anos sofrendo, pois, para meu companheiro, toda atitude minha era suspeita. Eu não olhava para o relógio, com medo dele. O trauma sofrido por quem é vítima de ciúme patológico equivale a uma neurose de guerra”, coloca. Buscando esclarecimento sobre a questão, Giorgia foi atrás de informações sobre o assunto. “A questão é que contam-se nos dedos os livros que tratam do ciúme no Brasil. Me tornei psicanalista e me empenhei em estudar sobre ciúme”, completa.

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De acordo com Giorgia Matos, o ciúme é uma emoção inerente à existência humana, quando é brando e passageiro. “Quando, no entanto, ele começa a se tornar constante, atrapalhando o trabalho, o relacionamento e a vida social do indivíduo, torna-se uma doença”, afirma a especialista. Em sua face patológica, o ciúme pode até causar delírios e alucinações. “Um dos tipos é o ‘ciúme delirante’, o mais extremo. A pessoa acometida por ele pode ouvir e escutar coisas. O indivíduo precisa ter predisposição genética para possuí-lo e precisa ser tratado com neurolépticos, remédios bloqueadores de pensamentos delirantes”, explica Giorgia Matos.

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Outros tipos de ciúme patológico:

-Ciúme obcessivo compulsivo:

Caracteriza-se por gerar pensamentos repetitivos, fantasiosos e irracionais. Indivíduo passa a agir com base nessas fantasias e adquire uma compulsão conhecida pelos psicanalistas como “ritual de verificação” (como checar roupas e mensagens do parceiro).

-Ciúme Paranoide

Suspeitas injustificadas e recorrentes, porém, diferentemente do “obcessivo compulsivo”, o indivíduo não possui o “ritual de verificação”.

-Ciúme Borderline

Carência afetiva extrema e medo do abandono. O doente se doa completamente para o parceiro, por não suportar a possibilidade de um rompimento.

Giorgia Matos explica que, em todas as suas manifestações, o ciúme patológico requer acompanhamento de um profissional. “No mais, o parceiro do doente não pode alimentar o ciúme. Dar todas as satisfações que ele pede e manter uma postura submissa no relacionamento só irá agravar o quadro”, aconselha. Não tratada, a doença pode provocar suicídio, homicídio e feminicídio. “As causas são várias e bastante subjetivas. Geralmente a origem da doença está relacionada a traumas de traições anteriores ou problemas de auto-estima adquiridos ainda na infância”, completa.

Superando a doença


Ciúme patológico pode provocar até delírios e alucinações. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Vídeo no celular, pornografia. Perfume, sinal de encontro às escondidas. A vizinha, uma amante. Agora em tratamento, Patrícia* ainda se recorda das suspeitas e associações infundadas que quase destruíram seu casamento. “Cheguei ao ponto de apontar uma faca para ele na cozinha da nossa casa e o que ouvi foi: ‘isso não é normal, você precisa de ajuda’. Tive a sorte de ter um homem paciente ao meu lado, que me ajudou muito”, revela.

Esgotada pelos ciúmes, a mulher encontrou apoio no grupo anônimo Mulheres que Amam Demais (MADA). “Ainda estou no processo, a gente não cura essas coisas rápido. Mas se estou consciente é porque já melhorei. Agora é meu marido que me liga com frequência, procurei me valorizar”, conclui.

Companheira de Patrícia no MADA, Marcia* atribui ao ciúme patológico alguns dos piores anos de sua vida. “Passava o dia cascavilhando o celular dele, não o deixava se dedicar ao trabalho e sentia ciúmes até da minha sogra. Deixei minha vida de lado”, lembra. Filha de pai alcóolatra, Márcia acredita que o lar disfuncional na infância foi o principal gatilho da doença.

“Adquiri uma enorme carência afetiva, querendo sempre agradar os outros para ganhar um mínimo de atenção. O primeiro passo é aceitar o problema. Quando fiz isso, procurei ajuda e já estou há sete meses num relacionamento comigo mesma”, finaliza.

*Nome fictício

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