David Bowie (1947-2016) é considerado um dos músicos mais influentes do século 20 e deixou um vasto legado musical, com 27 álbuns de estúdio, 11 álbuns ao vivo, quatro trilhas sonoras e 128 singles. Apesar de morto há seis anos, sua obra segue sendo revisitada e admirada por fãs ao redor do mundo. E um de seus discos mais icônicos completa quatro décadas.
Bowie foi um dos primeiros a misturar vários tipos de elementos no palco – performance, jogo de luz e a usar o corpo mais do que qualquer um, além do visual, que colaborou para aumentar seu sucesso e suscitou dúvidas sobre sua sexualidade. Junto com o Spiders from Mars, ele lançou The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars e explodiu nas paradas.
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Quando tudo corria bem, durante um show, ele deu adeus ao personagem, demitiu a banda sem aviso e saiu de cena. Voltou completamente diferente e flertou com a new wave; gravou a famosa Trilogia de Berlim; ajudou Iggy Pop; voltou aos Estados Unidos; fez mais discos e mais sucesso. Isso não foi suficiente para segurá-lo na RCA, e ele foi disputado a tapa por vários empresários, mas acabou assinando com a EMI.
Em nova casa no início dos anos 1980, o cantor não queria decepcionar os novos parceiros, e buscava inspirações para construir o novo trabalho. Foi uma ida a uma boate em 1982 que conheceu Nile Rodgers e resolveu mudar mais uma vez. E mudar, significava mudar mesmo.
ALTERNATIVA AO ROCK
A dance music foi um estouro nos anos 1970, tendo o Bee Gees como um dos principais líderes do movimento que nasceu pela vontade de pessoas que não gostavam do rock e que desejavam dançar a noite inteira. Isso também aqueceu o mercado das casas noturnas, muitas bandas de rock não tocavam em locais destinados ao público LGBTQIA+. O Chic de Rodgers era uma dessas bandas.
Bowie dispensou Tony Visconti e chamou Nile para produzir o que viria a ser o disco Let’s Dance, deixando o amigo muito chateado. Só voltariam a trabalhar juntos 20 anos depois, em Heaven. A influência do funk e do soul americano era o principal trunfo de ter um dos grandes nomes da cena por trás do trabalho, que foi inspirado nos melhores momentos de James Brown, Bill Doggett e Earl Bostic, nomes aclamados no R&B.
Apesar de ter todas essas inspirações, parte dos bons momentos saem da guitarra de Stevie Ray Vaughan, convidado pessoalmente pelo cantor a participar das gravações. O guitarrista relutou um pouco no início por não conhecer muito a discografia de Bowie, mas aceitou. E, pela primeira vez, Bowie não tocou nenhum instrumento e se concentrou apenas em produzir e cantar.
O trabalho de produção de Nile Rodgers foi profundo, já que ele tinha todas as referências do que fazer e de como encaminhar o andamento da elaboração de Let’s Dance. E todos mostraram reciprocidade em colaborar com tudo, mostrando que nem só de Ziggy Stardust vivia a carreira de alguém que desejava mudar e teve a sorte de encontrar a pessoa certa para isso.
Let’s Dance foi um baita choque nos fãs, que esperavam qualquer coisa, menos um disco de dance. O álbum é o maior sucesso comercial da história de Bowie, superando até os discos clássicos e vendeu quase 11 milhões de cópias pelo mundo. Ele confessou várias vezes que o LP não foi feito para ser sucesso ou pensado para isso. Não era para ser um clássico, mas virou o último suspiro do ritmo que animou as pistas de matinês pelo mundo todo.