Tópicos | MP 696

A Câmara dos Deputados aprovou na tarde desta quinta-feira, 18, com emendas, a redação final da Medida Provisória 696/2015, que oficializa a reforma administrativa promovida pelo governo federal em outubro do ano passado. No texto final, foram aprovadas duas emendas apresentados por parlamentares da bancada evangélica, com trechos contrários ao público LGBTT e ao aborto.

Uma dessas emendas foi apresentada pelo PRB, partido composto em sua maioria por parlamentares evangélicos. A emenda retirou do texto a expressão "da incorporação da perspectiva de gênero" prevista como um dos aspectos que o recém-criado Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos deveria levar em conta na formulação, coordenação, definição de diretrizes e articulação de políticas para as mulheres.

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Na prática, o novo texto aprovado retirou a previsão para que, na elaboração de suas políticas para as mulheres, a Pasta leve em consideração os transexuais, pessoas que têm uma identidade de gênero diferente do sexo biológico que nasceram. Isso porque, de acordo com estudiosos do assunto, pela concepção de perspectiva de gênero, não existe naturalmente o gênero masculino e feminino.

A retirada do trecho foi aprovada por 188 votos a 166. Para parlamentares evangélicos, a inclusão da expressão significaria a destruição da concepção tradicional de família, formada pela união de um homem com uma mulher, e a aceitação da existência do que chamam de um "terceiro sexo". "Querem introduzir uma terceira ordem sexual", afirmou o deputado Ronaldo Nogueira (PRB-RS).

Já parlamentares de partidos mais à esquerda, como PT, PCdoB e PSOL, protestaram contra a mudança, alegando que faz parte da pauta conservadora. "Temos que parar de raciocinar como século 19 e pensar como século 21", criticou a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ). "O gênero trata da forma como as pessoas percebem a sua presença, construída no âmbito da cultura. É importante que o fundamentalismo não esteja presente nas políticas", afirmou Maria do Rosário (PT-RS).

Aborto

Outra emenda polêmica aprovada foi apresentada pelo deputado Alan Rick (PRB-AC). A emenda acrescentou ao texto da MP que o Ministério de Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos deverá coordenar a política nacional de direitos humanos em conformidade não só com as diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNHD), mas com os direitos e liberdades reconhecidos pelo Pacto de São José da Costa Rica.

Reconhecido na Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o pacto condena o aborto. Entre outras coisas, o texto do pacto diz que toda pessoa tem direito de que se respeite sua vida e que esse direito deve ser protegido pela lei desde o momento da concepção. A emenda foi aprovada em votação simbólica, sem que deputados de partidos mais à esquerda pedissem a realização de votação nominal.

Também foram aprovadas emendas que devolveram as atribuições da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Secretaria de Micro e Pequena Empresa para a estrutura da Secretaria de Governo, como defendia o governo. Pelo texto-base da MP aprovado ontem, os dois órgãos estavam vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (17) o texto-base da Medida Provisória 696 que oficializa a reforma administrativa promovida pelo governo federal em outubro do ano passado.

Após acordo de não obstrução entre líderes da base aliada e da oposição, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou o adiamento da votação dos destaques e emendas à MP para sessão dessa quinta-feira (18).

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A proposta extingue oficialmente os dois ministérios e seis secretarias com status de ministérios e os respectivos cargos de ministros dessas pastas. Além disso, oficializa a fusão de ministérios, também feita na reforma ministerial de outubro.

A MP oficializa a transformação do gabinete de Segurança Institucional da Presidência em Casa Militar; da Secretaria Geral da Presidência em Secretaria de Governo; e a fusão dos ministérios do Trabalho e da Previdência Social.

No texto aprovado, também foram alteradas as leis que determinavam a atribuição desses novos ministérios. Também estabelece a criação dos novos cargos dos ministros que ocuparão essas novas Pastas.

Sem cortes

A oposição tentou obstruir a votação, afirmando que a MP 696 não implica cortes de cargos comissionados. "Trata-se de mais uma resposta de marketing da presidente Dilma", disse o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM).

O parlamentar ressaltou que a medida provisória reduziu alguns ministérios, mas houve a transferência da estrutura desses ministérios para outras Pastas, sem redução dos cargos comissionados.

Até líderes da base aliada criticaram a matéria. O líder do PR, Maurício Quintella (AL), afirmou que a população esperava uma redução maior da máquina pública. "Essa MP veio de maneira muito tímida, aquém do que a população esperava", disse.

Emenda

A principal emenda ser discutida nesta quinta-feira será a que desfaz mudanças do relator da MP, como a saída da Secretaria da Pequena e Micro Empresa do Ministério do Desenvolvimento para a Secretaria de Governo, ligada à Presidência da República.

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