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Na era dos “nativos digitais”, ser multifuncional é uma exigência irrestrita às tarefas básicas do dia a dia. Hoje, quem tem atribuições além das formalizadas no currículo pode ser estrategicamente selecionado por empresas em busca de profissionais diferenciados, popularmente conhecidos como profissionais híbridos. A lógica é simples: quanto mais diversificado for o funcionário, maior a troca de experiências entre ele e a marca.

Em alguns casos, o perfil de um profissional plural é procurado desde cedo. "Quando pensamos em estágio aqui, avaliamos muito mais o potencial das pessoas, o que elas já sabem, do que o diploma", explica Robertson Novelino, Head of Product da Vinta Software. Levando em consideração esse potencial, a empresa de tecnologia aderiu à equipe duas estagiárias oriundas do curso de administração, tradicionalmente “distante” do mundo dos códigos de computador. "A noção de programação delas foi mais interessante do que o fato de fazerem administração. Para a gente não é interessante que o estagiário entre, faça o trabalho e saia. A gente quer contratar ele depois", explica Robertson.

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O processo seletivo que terminou na contratação das novas funcionárias foi feito por meio de uma conversa e uma equiparação de perfis. Um período de ambientação também foi necessário para a definição de cada função. “Hoje eu diria que meu trabalho é 90% de programação e 10% de consultoria”, conta Amanda Savluchinske, uma das selecionadas. A estudante conta que o curso de ciência da computação chegou a ser considerado como uma opção por ela na época do vestibular, mas foi logo substituído pela carreira seguida pelos pais. O desejo de programação, porém, nunca foi adormecido. “Antes de entrar na faculdade, o meu primeiro contato com a programação foi com html e css no tumblr. Quando vi que tinha uma empresa júnior de tecnologia na [universidade] federal não tive muita dúvida e entrei. Ali que tive mais contato com a programação”, relembra Amanda. 

As empresas juniores, associações formadas por estudantes do ensino superior ou técnico, podem ser apontadas como um dos berços para o nascimento de profissionais híbridos ainda no período de graduação. Seu organograma funcional varia de acordo com a instituição, mas, em geral, apresenta divisões que podem fazer o futuro formando ter intimidade com gerência de equipes, marketing e controle financeiro.

No exemplo do CITi, empresa na qual Amanda se tornou ainda mais íntima da programação, a divisão é feita em quatro pilares. “Temos a área de negócios, que cuida da aquisição de novos clientes, a área de projetos, que executa os projetos de software, a área de operações, que se liga com o desenvolvimento de pessoas e o financeiro e a presidência, que nos representa diante dos nossos parceiros e da UFPE”, explica Rafael Veiga, diretor de projetos da empresa, com processo seletivo aberto para mais de dez áreas da universidade. Todas as funções são exercidas por estudantes da instituição, submetidos a um processo seletivo rigoroso e uma rotina de treinamentos multidisciplinares intensa.

“Hoje a gente tem tanto aluno de administração trabalhando com desenvolvimento de software como aluno de engenharia na área de operações cuidando do financeiro, do marketing e do atendimento ao cliente”, conta Rafael. No intuito de instruir, a empresa segue a mesma lógica de nomes já consolidados no mercado, analisando o candidato acima do currículo apresentado por ele. “A gente sempre fala que a competência técnica não é prioridade. O mais importante é mostrar a evolução. Mostrar que você está apto a aprender”, diz.

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