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“Chama a minha véia aqui, que eu quero dar um cheiro nela antes de dormir”, declarou seu João, após o jantar, já na cama prestes a dormir. A frase fofa, se referindo a sua esposa Naildes, parece um gesto comum de carinho, mas no contexto desse casal, ganha um significado muito maior. Seu João e dona Naildes é sinônimo de amor: são 70 anos completos de união, que resultou em oito filhos, 14 netos, três bisnetos e muitos momentos de felicidade.

Naildes, 89 anos, lembra exatamente como foi o dia que o conheceu. A história é longa e, a aposentada, vibra ao detalhar um passado que continua impregnado na memória. Era 1947, uma tarde que parecia comum quando ela foi em um atelier, despretensiosamente, tirar uma foto 3X4. “Eu estava esperando o fotógrafo quando eu vi um rapaz me olhando. Depois, ele saiu. Outro dia, fui à igreja e quando eu ia atravessando a rua, ele apareceu e perguntou o meu nome. No dia seguinte, eu recebi um bilhete, era dele. Depois, era bilhete atrás de bilhete”, recordou.

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Começaria, com o tempo, um namoro e, poucos meses depois, um noivado. O amor dos dois seria testado logo em seguida. Seu João foi trabalhar no Rio de Janeiro. Ela ficou. Foram três anos mantendo contato através de cartas. “Me lembro bem que eram cartas atrás de carta. Quando ele voltou, já veio todo organizado com o dinheiro para eu comprar o meu vestido de casamento desse tempo no ano de 1950”. 

Dona Naildes, em entrevista ao LeiaJá, afirma que não há segredo para um casamento próspero, mas contou que há algumas atitudes fundamentais que usou durante os anos: paciência, tolerância, muita oração nos momentos ruins e bons e a certeza de que ninguém é perfeito. “Todo mundo tem o seu lado bom e o seu lado ruim. Quanto tempo a gente perde apontando os defeitos dos outros? Vamos aproveitar o nosso tempo para falar sobre o que ilumina o nosso espírito como ler bons livros como faço em boa parte do meu tempo. Não podemos esquecer que família é tudo”. 

Seu João, aos 93 anos, chamado carinhosamente de Zito, questionado sobre qual é o segredo, afirmou com lucidez que era “difícil” responder. Ele disse que, com o tempo, é preciso evitar as brigas. “Porque as brigas reduzem o alto do amor que você vinha mantendo. Então, se houver ofensas vai caindo e vai incentivando para menos”, declarou.  

O aposentado, questionado sobre qual o tamanho do amor que sente pela companheira, foi categórico. “Eu acho que não sofreu nenhuma alteração para menos depois que me casei. São 67 anos, mas o sentimento é o mesmo. É o mesmo nível”.

Aproveitar o hoje

Engana-se quem pensa que a idade avançada os impede de aproveitar o hoje. Naildes, que também aproveita o tempo livre para compor músicas, diz que tem o que ensinar pelas experiências vividas. “Quero viver o dia de hoje. O ontem já passou e não tem mais como voltar e consertar. E o amanhã pertence a Deus, a gente só tem o dia de hoje. É preciso aproveitar cada minuto”, enfatizou. Seu João complementa. “O que pode provocar a queda no amor é a frieza. Então, você sempre tem que viajar e ir vivendo”. 

O conselho dela não é de boca para fora. O casal, que mora em Miami, e estão de férias no Brasil, valoriza cada momento e gosta muito de sair. Entre os maiores hobbies, a praia. Contaram que, da última vez que foram chegaram por volta das 8h e de lá se foram já no início da tarde. Um restaurante agradável também está incluso nos momentos de diversão deles. “E vamos assim vivendo um dia por vez como deve ser”.

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