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Um estudo recente realizado pelo pesquisador Ythalo Hugo da Silva Santos, do Programa de Pós-Graduação em Demografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGDem/UFRN), indica que os resultados da implementação da Lei de Cotas são positivos. A conclusão a que se chega é de que não há diferenças tão grandes no desempenho de alunos cotistas e dos não cotistas.

Ythalo fez as análises utilizando a base de dados dos alunos da UFRN que ingressaram em 2014. Alguns aspectos foram analisados, como o perfil sociodemográfico dos ingressantes, a permanência dos alunos ao longo da graduação e o desempenho entre os estudantes cotistas e dos ingressantes via ampla concorrência. Ele pôde identificar uma margem inexpressiva no indicador de diferença dos escores na maioria dos cursos. Apenas na área da biomedicina foi apontado um desempenho um pouco melhor nos alunos não cotistas (p-valor=0,003).

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Um dos maiores problemas identificados no estudo é a evasão dos estudantes. Ythalo diz, no entanto, que nos cursos com maior recorrência de abandono, a origem socioeconômica fez diferença para a permanência. “Os auxílios para permanência podem ter contribuído de maneira decisiva para a continuação de alunos cotistas, mas a evasão representa um problema para os dois grupos”, opina.

Segundo a análise do pesquisador, conciliar trabalho e estudo se mostra um fator de difícil solução por parte da maioria dos estudantes. Ele analisa: “Verificamos que os alunos que estavam trabalhando, ao ingressar na universidade, apresentaram maior evasão. E, comparando-se o grupo de cotistas e não cotistas, constatou-se que os cotistas que já trabalharam, mas não estavam trabalhando, permaneceram mais do que os não cotistas, apontando neste caso para um efeito positivo das cotas no grupo de alunos que já trabalharam, mas não estavam trabalhando ao ingressar na UFRN”.

O texto completo da pesquisa pode ser acessado diretamente pelo repositório institucional da UFRN. O trabalho foi apresentado em dezembro de 2020, com a orientação da professora Luciana Lima e coorientação de Iloneide Ramos.

Luciana Lima enfatiza a relevância de discutir as cotas no Brasil: “O tema das cotas para o acesso ao ensino superior no Brasil sempre foi cercado de alguma controvérsia entre diversos setores da sociedade e se torna mais relevante agora, pois a lei que a criou em 2012 prevê a necessidade de sua renovação pelo congresso após 10 anos. Sendo assim, até lá, será preciso entender os impactos sociais e resultados dessa política para subsidiar as discussões fundamentadas com evidências empíricas”, relata.

Com informações da UFRN

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