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A Justiça Federal mandou soltar nesta quarta-feira, 20, os três delegados de Polícia Federal presos na Operação Inversão, da Polícia Federal, por suspeita de envolvimento em esquema de corrupção na área de combate a fraudes previdenciárias. A decisão que devolve a liberdade aos delegados Ulisses Francisco Vieira Mendes - aposentado -, Rodrigo Cláudio de Gouvea Leão e Carlos Bastos Valbão é da juíza Ana Clara de Paula Oliveira Passos, da 9.ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

A única restrição imposta aos delegados Rodrigo Leão e Carlos Valbão é que eles fiquem afastados de suas funções. Eles integravam os quadros da Delegacia de Combate a Crimes Previdenciários.

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A ordem judicial pela soltura dos delegados acolhe pedido de liberdade provisória de seus defensores.

Os delegados haviam sido presos na quinta-feira, 14. Segundo a Procuradoria da República, os policiais "transformaram a Delegacia de Combate a Crimes Previdenciários em um balcão de negócios e de impunidade".

A Procuradoria sustenta que os delegados da PF "conduziam investigações para exigir propina". Eles teriam recebido até R$ 800 mil em propinas, afirma a Procuradoria.

Os advogados dos delegados, no entanto, são taxativos. Eles alegam inocência de seus clientes.

O criminalista Luiz Fernando Pacheco, que defende o delegado Rodrigo Leão, afirmou. "O nosso argumento, acolhido pela 9.ª Vara Federal, é que as acusações que pesam contra ele (Leão) são extremamente frágeis."

Segundo a Procuradoria, Leão ganhou uma imagem de Santa Rita de Cássia de um homem que ele próprio indiciou em inquérito. O investigado soube que Leão é devoto da santa e o presenteou. Outra parte da acusação diz que o delegado vendeu um título de sócio do clube Pinheiros para um outro investigado contra o qual ele presidiu inquérito há cerca de dois anos.

"Ganhar uma imagem da santa seria um ato de corrupção, no entendimento do Ministério Público Federal", anotou o advogado Luiz Fernando Pacheco. "Outro ato de corrupção foi vender o título do clube. O dr. Rodrigo Leão nem lembrava do inquérito que tinha presidido contra o comprador do título do clube. As acusações são muito frágeis, elas nos cheiram a perseguição política."

O criminalista apontou no pedido de liberdade provisória a "desnecessidade" da prisão preventiva de Rodrigo Leão e a longa folha de serviços prestados por ele à corporação. "Oferecemos como alternativa da nova legislação o próprio monitoramento eletrônico, mas a juíza achou desnecessário. Ele só fica afastado das funções enquanto a investigação caminhar."

"Foi uma vitória da Justiça", declarou Pacheco.

O advogado Ladisael Bernardo, que defende o delegado Carlos Valbão, disse que a prisão de seu cliente "ocorreu coincidentemente após ele se desentender com a administração no ano passado".

"Não tem absolutamente nada contra ele (Valbão) nos autos. O único dinheiro que acharam de depósito demonstrou que se referia a um contrato de empréstimo de consignação, com juros bem baixinhos, um e meio por cento, emprestou para uma pessoa da família. Não tem nada que pudesse ligá-lo aos fatos narrados na acusação do Ministério Público Federal. O dr. Valbão não era nem presidente do inquérito do qual resultou tudo isso. Há um certo exagero."

Segundo Ladisael Bernardo o delegado foi grampeado por um ano. "Não acharam nada, esse País está ficando louco. É preciso repor a verdade. Estão ferindo os princípios da impessoalidade, inventaram uma história e isso não pode acontecer, com um objetivo claro. Se for absolvido criminalmente será demitido administrativamente."

O Ministério Público Federal informou nesta quinta-feira, 14, que três delegados federais, presos na Operação Inversão, ‘transformaram a Delegacia de Combate a Crimes Previdenciários (Deleprev) em um balcão de negócios e de impunidade’. De acordo com a Procuradoria, os delegados conduziam investigações para exigir propina. Um alvo da Deleprev teria feito pagamentos regulares.

Os delegados da PF Ulisses Francisco Vieira Mendes, ex-chefe da Deleprev, hoje aposentado, Rodrigo Cláudio de Gouvea Leão e Carlos Bastos Valbão, da mesma delegacia, foram presos pela Inversão.

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Na sexta-feira, 15, será realizada no Fórum Criminal Federal de São Paulo a audiência de custódia com os investigados presos na operação.

Segundo a Procuradoria da República, os policiais teriam cobrado propina de até R$ 800 mil para barrar operação da PF contra fraudadores da Previdência.

"Pesam contra eles várias provas de sua participação, inclusive obtidas com interceptação ambiental e ações realizadas em seus gabinetes com autorização judicial", aponta a Procuradoria.

Para os procuradores da República responsáveis pelo caso, "os investigados transformaram a Deleprev, que deveria atuar na apuração de delitos previdenciários - que tanto sangram os cofres da União - num balcão de negócios e de impunidade".

A Inversão é uma operação conjunta do Ministério Público Federal e do Setor de Contra-Inteligência da Polícia Federal.

Além da prisão dos três delegados, a Polícia Federal cumpriu outros 10 mandados de prisão preventiva, referentes a seis intermediários do esquema e a quatro investigados que teriam pago propina a policiais, entre 2010 e 2015 para evitar investigações de crimes contra a Previdência Social em que eram investigados.

A Operação Inversão foi desencadeada por ordem da 9ª Vara Federal de São Paulo.

O Ministério Público Federal sustenta que um dos presos, Marivaldo Bispo dos Reis, o Miro, dono de uma consultoria previdenciária, teria pago de R$ 500 mil a 800 mil, segundo relatos que constam dos autos, para paralisar uma operação policial que investigava sua atuação, que envolvia fraudes em dezenas de agências do INSS em São Paulo e que movimentaria em torno de R$ 50 mil diariamente. Quatro pessoas ligadas a Miro foram alvo de condução coercitiva decretada pela Justiça.

A investigação começou em agosto de 2015, quando uma advogada investigada na Operação Trânsito foi procurada por pessoas que falavam em nome de policiais dizendo que se ela pagasse uma propina de R$ 15 mil poderia se livrar da investigação. Pedido este que depois subiu para R$ 150 mil.

"Ela e o marido procuraram a Corregedoria da PF em São Paulo e denunciaram o esquema, trazendo cada vez mais provas do envolvimento de policiais, que passaram a ser investigados em ações de contra-inteligência policial", informou a Procuradoria da República.

Até conversas de WhatsApp entre os intermediários e a vítima de extorsão foram entregues à corregedoria, segundo a Procuradoria.

Além dos delegados, foram presos os intermediários Moisés Dias Morgado, Dorival Donizete Correa, Maria Lúcia Ribeiro, José Carlos da Rocha e Manoel Carlos da Silva. O Ministério Público Federal informou que Cláudio Ademir Mariano, advogado de Miro, está foragido.

Outros três investigados que teriam pago propina aos policiais, além de Miro, tiveram a prisão decretada: Evando Avelino, Miguel Minarro Pinar e Kleber Mejoardo Gonzaga.

Habituada a prender empresários, doleiros e servidores públicos de vários órgãos públicos por corrupção e fraudes, a Polícia Federal agiu dentro de sua própria casa nesta quinta-feira, 14, ao deflagrar a Operação Inversão, que culminou com a prisão de dois agentes da corporação por suspeita de envolvimento em um esquema de propinas na área previdenciária.

A Inversão cumpriu 23 mandados de busca e apreensão, 4 de condução coercitiva e 13 de prisão preventiva, todos na capital paulista e na Grande São Paulo.

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Dois policiais federais da ativa e um aposentado foram presos. A pedido da PF, um quarto policial foi afastado preventivamente de suas atividades por ordem da 9.ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

O inquérito foi aberto em agosto de 2015. De acordo com a Federal, a corporação foi informada que, após investigação para apurar crimes previdenciários, policiais federais teriam solicitado propina ‘para deixar de agir em desfavor de determinadas pessoas’.

A PF informou que os investigados serão indiciados e responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de corrupção ativa e corrupção passiva. Os presos estão na sede da PF em São Paulo, onde permanecerão à disposição da Justiça.

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