Tópicos | Palácio de Tóquio

O artista francês Abraham Poincheval, que se fechou em uma pedra por oito dias, encarou um novo desafio. Desde a quarta-feira (29) está chocando uma dezena de ovos de galinha no Palácio de Tóquio, em Paris, em sua primeira representação com "seres vivos".

"Um homem chocando ovos me interessa porque traz consigo a ideia da metamorfose e do gênero", disse Poincheval, que há aproximadamente três semanas saiu "um pouco atordoado" de uma cavidade talhada dentro de rocha sedimentar de 12 toneladas.

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O artista de 44 anos incubará uma dezena de ovos de galinha até que eclodam, sob os olhares do público. Ele se trancou nesta quarta-feira (29) em uma caixa de resina, que de acordo com ele, conservará o ambiente "estável".

Dentro, ele tem água e comida, e uma cadeira que usa para incubar, com uma cavidade e um sistema para colocar os ovos.

Espera-se que a "performance", intitulada "Ovo", dure entre 21 a 26 dias. O artista se permite fazer uma pausa e dar uma saída de meia hora por dia.

Poincheval deixou claro que esse trabalho o inquieta mais que o anterior. "Antes (...) estava dentro das coisas. Neste caso, trata-se de uma verdadeira transformação, estou no exterior, sou aquele que rodeia", argumentou.

Além disso, estará em um "contato muito mais direto com o público". "Normalmente estou sozinho com o objeto. Essa é a primeira vez assim", contou à AFP.

Esse artista performático já passou uma semana em um buraco que ficava sobre uma pedra de uma tonelada. Também viveu sete dias em uma plataforma de 20 metros de altura em frente à uma estação de trem em Paris, duas semanas dentro de um ovo dissecado e remontou um rio a bordo de uma garrafa de seis metros de largura.

Esse pai de dois filhos nunca teve que interromper um desafio, e explica que por trás de cada experiência vive uma espécie de trauma, passando por uma "jornada de depressão", com "grandes alterações interiores".

Uma parte do Muro de Berlim grafitada pelo artista brasileiro Nunca é a atração de um leilão nesta segunda-feira, no Palácio de Tóquio, em Paris. O evento faz parte de uma ação beneficente em prol da associação SOS Racismo, que homenageia o Brasil. Nunca, que começou a fazer grafites nas ruas de São Paulo aos 12 anos, é dono de um estilo pessoal inspirado nas tradições indígenas do país.

Em 2011, ele foi convidado a pintar duas seções do muro de Berlim. O artista escolheu representar um gigantesco punho que quebra o muro em vários pedaços. Com 3,50 metros de altura, a obra, muito pesada, ficou na Alemanha. Ela está avaliada em 250.000 a 350.000 Euros pela casa de leilões Pierre Bergé & Associados, que organiza o evento com o arquiteto Alain-Dominique Gallizia, expert e colecionador de grafites.

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O leilão apresenta mais de 60 artistas grafiteiros da França e dos Estados Unidos (Ash, Bando, Bruce, CES, Faust, Revolt, Sonic, Spirit e Taki 183, entre outros), mas também do Brasil, convidado de honra da edição de 2013 desta venda. "Há uma identidade brasileira no grafite", declarou à AFP o artista Speto, 41 anos, um dos pioneiros da arte urbana no Brasil.

Nascido em São Paulo, jovem skatista, ele começou a transformar as paredes da cidade aos 14 anos. "A gente não tinha informação sobre o que acontecia fora e isso foi muito bom porque pudemos desenvolver nosso próprio estilo", explica o artista, que ficou mais conhecido após fazer uma participação na novela Cheias de Charme. "Nós somos rebeldes do bem, temos bons objetivos", falou. "Minha paixão é me comunicar com os outros através da arte. Uma obra na rua é destinada a todo mundo, não importando a cor da pele, a classe social ou o nível de escolaridade", completou Speto.

Skatista

Speto desenvolveu uma arte simples, naïf, inspirada na xilografia - técnica de gravura na madeira. Para o leilão, ele propôs um Pequeno Buda em Londres, que chora diante da triste realidade do mundo. A pintura, spray sobre tela, está avaliada entre 6 mil e 8 mil Euros.

Tihno também é um antigo skatista de São Paulo. Nascido no Brasil, filho de pai japonês, Walter Tada "Tihno" Nomura começou a grafitar em 1986, aos 13 anos. Ele desenhou camisetas e logomarcas para produtos de skate. Ele estudou, virou professor de artes e suas obras são cada vez mais reconhecidas. Thino apresenta ao leilão uma grande pintura: How it would be tomorrow, avaliada entre 5 mil e 7 mil Euros.

A arte de Herbert Baglione, também paulistano, é inspirada na caligrafia. Ele utiliza branco e preto para desenvolver obras poéticas e vibrantes. A tela Silver Piece, feita em spray e em tinta acrílica, foi avaliada entre 12 mil e 16 mil Euros. Para Alain-Dominique Gallizia, "O grafite sobre tela que existe há 40 anos não é muito mostrado ao público". "Ele ainda não é exibido nos grandes salões de arte contemporânea", garante o arquiteto que gostaria de vê-lo "entrar nos museus".

O colecionador tem pouco mais de 400 obras de grafiteiros sobre tela, algumas expostas no seu atelier em Boulogne-sur-Seine, cidade nos arredores de Paris. Para este leilão beneficente, nenhuma taxa será cobrada do comprador. Três quartos do lucro das vendas serão revertidos para a SOS Racismo, e um quarto irá para os artistas.

Apesar de alguns compararem a arte do grafite ao vandalismo do espaço urbano, as pinturas murais com aerossóis e as "tags" (assinaturas) são consideradas cada vez mais uma forma artística de vanguarda, sugere uma exposição em Paris que põe o Brasil em lugar de honra.

A exposição Grafite, quadros de mestres foi aberta ao público nesta sexta-feira (15) no Palácio de Tóquio, em Paris, e reúne cerca de 60 quadros de artistas de grafite de Brasil, França e Estados Unidos, que serão leiloados na noite de segunda-feira em prol da associação SOS Racismo.

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Os artistas brasileiros, país que ganhou fama internacional pela riqueza e diversidade de seu grafite, são os convidados de honra nesta exposição, que reúne alguns dos pioneiros desta arte. O grafite nasceu nos vagões dos metrôs de Nova York e, paulatinamente, ganhou espaços nos museus das grandes capitais.

O curador da mostra, Alain Dominique Galliza, um apaixonado por esta arte, disse à AFP que a estrela desta exposição é a obra do brasileiro Nunca, que "embelezou" duas partes do muro de Berlim. Para Galliza, o grafite é uma arte que tem códigos e uma linguagem específica, diferenciando os elaborados murais dos "tags" (as assinaturas) e das caligrafias.

A obra do brasileiro Nunca, que está estimada entre 250.000 e 350.000 euros, será leiloada na segunda-feira pela associação Pierre Verger, em prol do trabalho que desenvolve o SOS Racismo para ajudar às crianças de camadas desfavorecidas.

Do Brasil viajaram também Tinho, Pixação e Herbert Baglione, que deixaram sua marca nos muros de São Paulo. Esses artistas, que estão entre os mais destacados autores desta arte urbana brasileira, vão pintar no sábado pela manhã um mural no bairro XIII de Paris, que há alguns anos tem uma rica cena de grafite.

O ex-jogador de futebol brasileiro Raí, que tem uma fundação no Brasil para ajudar crianças e jovens mais pobres a ter acesso à educação, chegou a Paris nesta sexta-feira, para assistir à performance dos artistas brasileiros, informaram os organizadores. Entre os pioneiros nova-iorquinos presentes na mostra estão Crash, Sonic, Snake, Lady Pink, Bando, Seen, Taki 183, Duro, Blade, Revolt e Quik.

Participam também da exposição, que é gratuita e espera atrair dezenas de milhares de visitantes entre sexta-feira e domingo, algumas lendas francesas, como ASH, Chaze, Spirit, Kongo, Swen, Lazoo, Shuck One, Skki e Shuck.

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