Tópicos | passaporte biológico

A pouco mais de um ano dos Jogos Olímpicos do Rio, o Brasil promete começar a apertar o cerco contra o chamado doping sanguíneo. Tão logo o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), o antigo Ladetec, seja recredenciado, deve ter início o monitoramento de 37 atletas brasileiros, por meio de passaporte biológico, com especial atenção para maratonistas e ciclistas, seguindo o padrão internacional.

De acordo com a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), esses 37 atletas, que deverão passar por exames sanguíneos sempre que solicitados, fazem parte de um grupo de 152 esportistas do chamado "Grupo Alvo de Testes da ABCD". Inicialmente, a entidade havia anunciado que controlaria 200 atletas fora de competição. Os nomes dos escolhidos ainda não foram revelados.

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"No Brasil, não eram feitos testes de controle de dopagem fora de competição. Em 2013 e 2014, não foi feito nenhum. Enquanto isso, alguns países, como os Estados Unidos, caminham para chegar neste ano a 80% dos testes fora de competição", explica Marco Aurélio Klein, presidente da ABCD, órgão ligado ao Ministério do Esporte.

O modelo de controle a partir de passaporte biológico começou a ser estudado em 2002 e foi oficialmente implantado pela Agência Mundial Antidoping (Wada) em 2009. Só agora, seis anos depois, é que ele chega ao Brasil, ainda que alguns atletas brasileiros façam parte da lista de controle das federações internacionais aos quais são vinculados.

A partir do passaporte biológico é possível monitorar parâmetros biológicos que podem revelar os efeitos da utilização de substâncias ou métodos proibidos, especialmente o chamado doping sanguíneo. Os testes regulares permitem a identificação de um padrão sanguíneo do atleta, possibilitando a identificação de alterações relacionadas a doping.

TRIPLO DE TESTES - Desde a criação da ABCD, no início de 2014, é o governo federal o responsável por arcar com os custos relativos aos testes antidoping no País. Com o recredenciamento do LBCD, no Rio, esperado para reunião na semana que vem, em Montreal, a ABCD promete realizar 2.500 testes nesta temporada. Como comparação, foram colhidas 857 amostras em 2013 - não existe ainda uma contagem de 2014.

Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados no mês passado, Klein contou que dos quase 5 mil atletas contemplados pela Bolsa Atleta em 2103, entre 83% e 90% deles nunca fez um teste antidoping no País.

Um corredor de longa distância português se tornou o primeiro competidor de atletismo a ser suspenso por doping em um caso baseado no programa chamado de Passaporte Biológico do Atleta. A Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf, na sigla em inglês) informou nesta quarta-feira que Helder Ornelas, de 38 anos, foi banido das competições por quatro anos pela federação portuguesa da modalidade após realizar vários testes e ser considerado culpado.

O atleta em questão foi punido com base em uma série de exames de sangue coletados pela Iaaf entre dezembro de 2009 e novembro de 2010. Ao tornar público o caso, a entidade que comanda o atletismo mundial confirmou que o fundista foi penalizado por este tipo de doping, que monitora o perfil de um competidor durante um longo período para verificar evidências do uso de substâncias dopantes.

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Com esse tipo de monitoramento, é possível traçar um perfil individualizado e detalhado de um atleta, cuja variação dos resultados dos exames realizados pode indicar o uso de doping ou métodos proibidos para melhorar seu rendimento.

A Iaaf revelou que o perfil sanguíneo de Ornelas foi considerado anormal em maio do ano passado, fato que desencadeou novas investigações em relação ao atleta, considerado culpado posteriormente por doping após ter seus exames analisados por três peritos especializados em hematologia.

"A punição imposta está alinhada com a velha postura da Iaaf em favor de endurecer a punição para a primeira infração em casos graves de doping", informou a entidade, ao justificar a decisão de suspender Hornelas por quatro anos, punição sugerida e ratificada pela Federação Portuguesa de Atletismo.

A Iaaf ainda ressaltou que Ornelas não exerceu o seu direito de recorrer contra a suspensão junto à Corte Arbitral do Esportes (CAS), e por isso a punição contra ele é de caráter definitivo.

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