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Planos de saúde chegam a pagar apenas R$ 25,20 por consultas com ginecologistas e obstetras no Estado de São Paulo. O valor adequado seria R$ 60, de acordo com a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) de 2010. Pela retirada de um nódulo mamário, médicos recebem R$ 67,50 de um dos planos, ante os R$ 225 estabelecidos pela tabela.

A conclusão é de um levantamento que vem sendo preparado pela Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) desde 2010, para o qual foram coletados dados de 44 planos de saúde. O procedimento com o valor mais defasado, segundo o estudo, é a retirada de útero (histerectomia): enquanto o valor ideal é de R$ 789, um dos planos paga R$ 200 pela cirurgia.

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A mesma operadora paga R$ 140 pela retirada do ovário (ooforectomia), procedimento que custaria R$ 478 pela tabela de referência. Os médicos chegam a receber R$ 160 pela cesárea, enquanto a tabela estipula o valor de R$ 541. Pelo parto vaginal, recebem R$ 200; R$ 574 seria o ideal. De acordo com o estudo, muitos dos pagamentos não chegam nem aos valores da CBHPM de 2003, edição anterior da tabela de referência.

Além da defasagem, o estudo evidencia grandes discrepâncias entre os valores pagos pelas operadoras para os mesmos procedimentos. O valor da consulta, por exemplo, varia de R$ 25,20 a R$ 100.

O presidente da Sogesp, César Eduardo Fernandes, diz que o estudo foi motivado pela percepção de que os valores têm se defasado historicamente. "Nossa expectativa é tornar isso público para que o usuário final saiba dessa disparidade. É importante também chamar a atenção das agências, pois elas nunca entraram nesse mérito de discutir valores", diz Fernandes.

Ele observa que enquanto a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) entende que os valores devam ser uma negociação entre médicos e operadora a Sogesp acredita que as operadoras têm mais força que o médico sozinho.

Para Paulo Nicolau, da comissão de valorização profissional da Sogesp, a falta de ajuste faz com que o médico se desestimule e feche o consultório, buscando cargos públicos ou administrativos. "Há exemplos de médicos que não querem mais fazer medicina de consultório. Estão sobrando vagas de residência em obstetrícia", diz.

A ginecologista Maria Rita de Souza Mesquita, médica assistente do Departamento de Obstetrícia da Unifesp, conta que já chegou a atender 25 planos de saúde. Hoje, só atende quatro. "Fui me descredenciando. Eu me desgastava muito e prejudicava a qualidade do atendimento. Hoje atendo menos pacientes, mas tenho mais tempo para me reciclar", diz. Ela observa que, nos últimos 10 anos, a mensalidade dos planos passou de 100% a 130% - sem repasse aos médicos.

Para fazer o estudo, a Sogesp consultou especialistas de abril a outubro deste ano para descobrir que valores eles recebiam pelos procedimentos. Em seguida, os valores foram enviados para os planos, que puderam atualizar ou corrigir os valores informados.

A ANS destaca que "não tem competência legal nem tampouco recursos" para mediar a discussão sobre questões contratuais entre entidades médicas e operadoras de planos. "A melhor maneira de regular a relação entre operadoras e seus prestadores é por meio da construção de contratos justos e em acordo com a norma que tragam previsibilidade de longo prazo para todos os atores envolvidos", disse a entidade, por e-mail.

Taxa extra

Uma das práticas relacionadas à baixa remuneração dos especialistas é a cobrança da "taxa extra" por obstetras de planos para o acompanhamento do parto normal. Neste mês, a ANS anunciou que vai discutir o assunto para avaliar a legalidade do procedimento - que já feito informalmente. Quando não paga o valor, a gestante é atendida pelo médico obstetra de plantão. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Quarenta operadoras de saúde poderão ter suspensa a venda de alguns de seus planos médicos, por descumprimento dos prazos estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para atendimento a consultas, exames e cirurgias.

A ANS divulgou ontem, terça-feira, o resultado do acompanhamento das garantias de atendimento, um monitoramento das reclamações feitas por usuários de planos de saúde desde a entrada em vigor, em dezembro de 2011, da norma que define prazos máximos para a marcação de consultas ou exames.

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No período entre 19 de março e 18 de junho deste ano, foram registradas 4.682 queixas de beneficiários que não tiveram respeitados os prazos de suas solicitações. Trata-se de um aumento de 57% no número de reclamações em relação ao trimestre anterior, quando foi divulgado o primeiro resultado do acompanhamento da ANS, que mostrou o registro de 2.981 notificações no período entre dezembro e março.

A diretora adjunta de Normas e Habilitação de Produtos da ANS, Carla Soares, explicou que o fato de o primeiro monitoramento ter sido realizado numa época de férias, com diminuição na procura por serviços eletivos de saúde, pode ser um dos possíveis fatores que justifiquem essa variação apontada na segunda avaliação.

Concentração

Embora o número de queixas tenha aumentado, o número de operadoras que receberam reclamações diminuiu. Atualmente, 162 empresas médico-hospitalares, de 1.016 existentes, foram alvo de queixas. No relatório anterior, 193 operadoras tiveram ao menos um registro de reclamação. Entre as operadoras odontológicas, 2 queixas foram registradas por descumprimento dos prazos máximos estabelecidos, ante 7 do trimestre anterior.

Além de estarem sujeitas a multas que variam entre R$ 80 mil e R$ 100 mil para situações de urgência e emergência, as empresas reincidentes podem sofrer outras sanções administrativas, como a suspensão parcial ou total da comercialização de produtos, ou ainda a intervenção, com possível afastamento de seus dirigentes.

"Essa resolução estabelece parâmetros para que o consumidor tenha o atendimento necessário dentro daquilo que ele comprou", disse Carla Soares. De acordo com a diretora adjunta da ANS, o acompanhamento vai propiciar a criação de uma base de estudos que permitirá verificar a capacidade das operadoras, em termos de entrega dos serviços contratados.

Consultada, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), representante de 15 dentre as maiores operadoras, afirmou que suas afiliadas vêm cumprindo o prazo estipulado, e que o índice de reclamações feitas à ANS é relativamente baixo quando comparado ao número de atendimentos efetuados no mesmo período.

"As 4.682 notificações relativas ao cumprimento do prazo de atendimento no 2º trimestre representam 0,007% do total de 61,5 milhões de procedimentos realizados trimestralmente pelo setor", esclareceu a Fenasaúde, por meio de nota.

A ANS informou que 105 empresas receberam reclamações nos dois períodos de avaliação, das quais 40 se enquadram nos critérios de suspensão. Os casos se encontram sob análise da agência, que irá determinar se a penalidade será ou não adotada.

A suspensão impede a venda para novos consumidores, mas os que já estiverem no plano continuarão sendo atendidos normalmente, e até poderão indicar novos cônjuges e filhos.

Os nomes das companhias serão divulgados somente depois que as empresas forem comunicadas da decisão, o que deve ocorrer até o final da próxima semana. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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