Tópicos | produções artísticas

O Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou hoje (27) edição atualizada do guia prático de classificação indicativa.

nova versão atualiza os símbolos de autoclassificação e orientações que devem ser prestadas ao público pelas empresas produtoras de conteúdos para televisão, cinema, jogos eletrônicos, aplicativos e espetáculos teatrais.

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A versão atual do guia também determina que as produtoras exibam a descrição “Verifique a classificação indicativa” em trailers e chamadas de programação. O objetivo é proteger crianças e adolescentes de conteúdos inadequados, conforme determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

A análise dos conteúdos continua sendo feita conforme a exibição de cenas de sexo e nudez, drogas e violência. Esse tipo de conteúdo impacta a classificação da faixa etária indicada.

De acordo com a pasta da Justiça e Segurança Pública, a classificação indicativa não impede a veiculação de programas. As informações servem para informar à sociedade e às famílias sobre o conteúdo disponibilizado para crianças e adolescentes. 

Este ano, o novo visual da personagem animada Lola Bunny, que estará no filme "Space Jam: Um Novo Legado", chamou a atenção do público. É que a caracterização da personagem aparece agora de forma menos sexualizada, sem viés apelativo e na contramão do que aconteceu no primeiro filme da saga, em 1996.

De acordo com o professor de Ciências Sociais Cauê Krüger, existe uma articulação entre audiovisual e sociedade. "Ao longo do tempo, as expressões artísticas vão se transformando. A gente vive numa constante transformação nas formas de ação no mundo e na nossa vida social, e de alguma maneira, isso se espelha, e se reflete nas produções artísticas", explica. Nesse sentido, o autor reflete que a arte não necessariamente imita a vida, mas que existe essa relação entre ambos.

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O publicitário Alexandre Martins | Foto: Arquivo Pessoal

Por conta desta relação entre arte e sociedade, o publicitário Alexandre Martins, 43 anos, conta que ao longo dos anos assiste filmes e percebe como as temáticas que envolvem mulheres, negros e comunidade LGBT+ ganhou mais espaço nas produções. "Nos filmes de terror, por exemplo, antigamente, os artistas negros eram sempre os primeiros a morrer, hoje eles são os protagonistas", diz. Ele também aponta a frequência com que aparecem pessoas fumando cigarros, que diminuiu nas atrações e que era algo muito comum e até romantizado nos clássicos. "Aqui em casa, como cultivamos muito o hábito de ver filmes, acreditamos neles como importante instrumento de transmissão de valores para a nossa filha”, explica.

Martins conta que apesar dos dois anos de idade, a filha sempre está ligada na tela, então há uma curadoria para selecionar filmes e desenhos que desenrolam tramas familiares, romances, filmes com crianças e desenhos. "Quando, por acaso, ela se depara com cenas de violência ou, por exemplo, cenas de um filho insubordinado, que xinga os pais, fazemos questão de pontuar a ela que não é correto", conta.

A confeiteira Sheila Andrade | Foto: Arquivo Pessoal

Para o professor Krüger, as linguagens do audiovisual são ferramentas criadoras de sentidos, significados e representações. "Nós vivemos em um mundo de diferenças, e também de desigualdades, sempre que a gente consiga tratar disso, desde o início da formação de uma pessoa, a gente consegue lidar com os valores, com os elementos simbólicos, um certo padrão, que a gente vai lentamente impondo às nossas crianças", esclarece.

Assim aconteceu com confeiteira Sheila Andrade, 43 anos, que passou a ver nos filmes temáticas que abordam momentos e histórias da sociedade. Ela passou a aplicar no processo de educação da filha, durante a infância, obras que pudessem transmitir conhecimentos acerca da sociedade, como "O Menino do Pijama Listrado" (2008). O filme, embora tenha crianças como protagonistas, traz como tema preconceitos, como xenofobia e racismo na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Segundo o professor Krüger, questões raciais, étnicas, identitárias e feministas são pautas necessárias a serem discutidas, conforme a lógica do lúdico, desde que seja voltado à consolidação de valores e desconstrução de preconceitos reproduzidos por uma sociedade hierárquica, sexista, patriarcal e racista. "Então se a gente quer transformar, e fazer dessa sociedade mais justa e um pouco mais igualitária, é fundamental [o uso] dessas representações e dessas histórias", finaliza.

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