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Pesquisa do Instituto Locomotiva aponta que oito em cada dez famílias brasileiras estão endividadas e um terço têm dívidas em atraso. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (7) no relatório Raio-x dos Brasileiros em Situação de Inadimplência. Os índices, que haviam piorado significativamente durante a pandemia da covid-19, já recuaram, mas ainda são elevados, segundo o relatório.

Para averiguar como anda o cenário de inadimplência no país, a entidade realizou 983 entrevistas pela internet. O questionário foi aplicado entre 11 e 22 de setembro, entre homens e mulheres de todos os estados.

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O instituto buscou compreender quais as circunstâncias ligadas à falta de pagamento em dia das contas. A intenção foi identificar a origem das dívidas contraídas, mas também capturar percepções dos brasileiros sobre a perspectiva que têm no horizonte quanto quitar os débitos e também verificar como a inadimplência afeta a vida pessoal dos brasileiros e como os círculos sociais influenciam no modo como as pessoas conduzem sua vida financeira.

O que continua abrindo mais brechas para a inadimplência é o cartão de crédito, de acordo com a pesquisa. O cartão foi a fonte de 60% dos débitos em aberto neste ano, porcentagem que superou a de 2022, de 56%.

Deixar de liquidar dívidas junto a bancos e financeiras e empréstimos e financiamentos também tem sido um desafio para grande parte dos brasileiros. Uma parcela de 43% lida com isso atualmente, proporção que subiu em relação ao ano passado, quando era de 40%.
Os brasileiros também acumulam dívidas do cheque especial (19%); de contas de serviços básicos, como luz, gás e água (17%); de impostos, como IPVA e IPTU (15%); de celular (14%); e compras feitas em lojas de departamento (12%).

Contas pendentes de assinaturas de internet e TV a cabo respondem por 10% e são seguidas na lista pelas ligadas a planos de saúde (6%); mercado (5%); mensalidades em escolas (4%); taxas de condomínio (4%); fabricantes de produtos que a pessoa revende (3%); lojas de materiais esportivos (1%); e outros (2%).

Falta de planejamento

Os principais motivos pelos quais os brasileiros ficam devendo são a falta de planejamento financeiro (36%); o desemprego (34%); ter gastos inesperados com saúde (30%); emprestar o nome de alguém para efetuar compras ou contratar serviços (16%); compras de alto valor, acima do que cabe no orçamento (11%); investimento em negócios que deram prejuízo (10%); e falta de controle nos gastos por parte do companheiro ou companheira (8%).

Outras razões a que os brasileiros atribuem a situação de contas no vermelho é a perda de renda com um divórcio (6%); problemas com vícios e jogos (3%); esquecer de pagar uma conta ou boleto (3%); e outros (3%).

Quando perguntados sobre o nível de otimismo ou pessimismo quanto a deixar em dia as contas, 39% responderam que têm certeza de que conseguirão. Em 2022, o percentual era de apenas 25%. A parcela de inadimplentes que afirmou que acha que pagará é de 23%, ante 32% da que não têm certeza, 5% da que declarou que não terá condições e 2% da que têm certeza de que não existe essa possibilidade.

Dentro do grupo dos que reconhecem não ter como quitar as dívidas, 9% são mulheres e 9% têm ensino fundamental como nível de escolaridade. Já na parcela que mantém mais otimismo, com 39%, 78% pertencem às classes A e B e 76% correspondem à proporção que pretende pagar os débitos com o programa Desenrola Brasil.

Estratégias

A principal estratégia que os inadimplentes têm em mente para conseguir colocar tudo em dia é economizar dinheiro (60%). A renegociação de dívidas é outra solução mencionada por 38%, percentual maior do que o de 2022, quando era de 31%.

A pesquisa destaca, ainda, que aumentou a parcela de pessoas que teve sucesso em se estabilizar financeiramente, variando de 20%, em 2022, para 24%, neste ano. Porém, o percentual de brasileiros que avaliam que uma melhora na economia do país é o que permite a da sua situação financeira e a quitação de dívidas caiu, passando de 29% para 20%.

A maioria dos brasileiros endividados (59%) acredita que tornar o crédito mais barato e acessível impactaria muito sua vida financeira. Além disso, 56% deles pensam que ter orientações de qualidade sobre como organizar o próprio orçamento também ajudaria.

Um dado importante diz respeito a políticas públicas. Ao todo, 41% dos participantes da pesquisa consideram que ter acesso a serviços públicos gratuitos, como creches em horário estendido e/ou mais próximas de casa ou do trabalho é um fator que também contribuiria para deixar de contrair dívidas.

No que concerne a agentes que influenciam nas decisões, o que o estudo mostra é que as redes sociais representam um problema para muitos brasileiros. São elas que incentivam 23% a ter comportamentos que complicam as contas e os pagamentos. Cônjuges são apontados por 10%.

Desenrola Brasil

O instituto também coletou impressões sobre o programa Desenrola Brasil. O que se soube por meio das respostas dadas pelos entrevistados é que oito em cada dez endividados consideram a iniciativa importante para ajudar na vida financeira dos brasileiros.

A maioria dos inadimplentes (76%) diz conhecer o programa, mas o que se nota é que somente 17% afirmam conhecer bem e 58% "só de ouvir falar", o que pode sugerir uma melhor divulgação sobre a ação. Uma das dúvidas, por exemplo, para 57%, é se suas dívidas são ou não contempladas pelo programa.

Para um quinto dos endividados (20%), seus débitos foram ou podem ser negociados no âmbito do programa. A proporção chega a 28% entre inadimplentes.

Um quinto (20%) dos endividados já negociaram dívidas com o Desenrola Brasil. Entre os inadimplentes, são 11%. Outro dado fornecido pelo Instituto Locomotiva é o de que 46% dos inadimplentes que têm certeza de que conseguirão pagar suas dívidas pretendem negociá-las no programa.

A melhora no mercado de trabalho e o programa de renegociação de dívidas do governo federal ajudaram a reduzir a proporção de brasileiros endividados e inadimplentes, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em novembro, cerca de 76,6% das famílias tinham dívidas a vencer, ante uma fatia de 76,9% em outubro, queda de 0,3 ponto porcentual, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Com o resultado, o volume de endividados desceu ao menor nível desde janeiro de 2022. Em relação a novembro de 2022, quando 78,9% das famílias estavam endividadas, a proporção de brasileiros com dívidas encolheu 2,3 pontos porcentuais.

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A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

A proporção de famílias inadimplentes também registrou redução, passando de 29,7% em outubro para 29,0% em novembro, queda de 0,7 ponto porcentual, para o menor patamar desde junho de 2022. Em relação a novembro de 2022, houve recuo de 1,3 ponto porcentual na fatia de inadimplentes.

Segundo a CNC, os consumidores exibem mais segurança financeira graças "à melhora das condições econômicas do País". O mercado de trabalho mostrou contratação maior que a esperada para o período de fim de ano, aumentando a renda disponível das famílias, acrescentou.

A proporção de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar as dívidas em atraso - permanecendo assim inadimplentes - recuou de 13,0% em outubro para 12,5% em novembro.

"A queda, embora ainda pequena, traz um importante indício de eficácia do programa Desenrola", avaliou o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, em nota oficial.

Endividamento por faixa de renda

Na passagem de outubro para novembro, a melhora no endividamento foi puxada pelas classes de renda mais baixas. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados caiu de 78,7% em outubro para 77,5% em novembro.

Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados recuou de 77,2% para 76,9%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve elevação de 74,9% para 77,7%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia ficou estável em 74,9%.

Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso recuou de 37,7% em outubro para 36,6% em novembro. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 26,8% para 26,0%.

No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve aumento de 23,2% para 24,2%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes desceu de 14,8% para 14,6%.

O cartão de crédito manteve a liderança como modalidade de dívida mais utilizada, citada por 87,7% dos entrevistados, seguida por carnês (16,7%), crédito pessoal (9,2%), financiamento de carro (8,1%) e financiamento de casa (8,0%).

Recorte especial da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revela que, no mês de outubro, 430 mil pernambucanos possuem dívidas com cartão de crédito, financiamentos, carnês, crédito pessoal, entre outros. Paralelamente, 184 mil pernambucanos estão inadimplentes.

O endividamento é um problema que afeta famílias e tem impacto em sua receita mensal. Ele reduz o poder de compra das famílias, especialmente em relação a produtos não duráveis, como alimentos. Além disso, a inadimplência pode levar a despesas adicionais, como juros, mora e multas, o que pode ampliar ainda mais as dificuldades financeiras, especialmente para consumidores com renda mais baixa.

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É importante destacar que o endividamento excessivo pode levar a um ciclo vicioso de dívidas, no qual as famílias precisam contrair novas dívidas para pagar as antigas. Isso pode levar a um aumento ainda maior das despesas com juros, tornando ainda mais difícil sair da situação de endividamento.

O tempo médio de comprometimento do orçamento familiar com dívidas em Pernambuco é de oito meses, enquanto o tempo médio de contas em atraso é de 63 dias no estado ante 64 dias quando observamos todo o Brasil. Quando os devedores se encontram em situação de inadimplência por muito tempo, confrontam-se com desafios financeiros que reduzem significativamente sua capacidade de gasto, seja em consumo final ou investimentos. Já as empresas podem se deparar com entraves no fluxo de caixa, provocando uma desaceleração econômica.

O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, destaca que: “No mês de outubro, conforme indicado pela PEIC, ocorreu um aumento de 25,6% no número de pessoas que não terão condições de pagar nos próximos meses. Ao contrastarmos essa porcentagem com a situação dos inadimplentes em todo o Brasil, nota-se que enquanto os níveis de inadimplência em Pernambuco apresentaram um aumento mais forte, a taxa nacional de inadimplente apresentou uma elevação menor em relação ao mesmo período do ano anterior”.

Sobre a pesquisa:  A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi publicada na terça-feira (7/11). A pesquisa ganhou um recorte especial para o estado de Pernambuco, feito pela Fecomércio-PE.

A PEIC considera que o endividamento das famílias refere-se a contas ou despesas contraídas com cartão de crédito, cheques pré-datados, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóveis, prestações de carros e seguros. Na pesquisa, as estimativas também diferenciam dois grupos de renda: famílias com renda de até 10 salários mínimos e famílias com renda superior a esse patamar. O objetivo da pesquisa é diagnosticar o nível de endividamento e inadimplência do consumidor. Também são apurados o percentual de inadimplentes, a intenção de pagar dívidas em atraso e o nível de comprometimento da renda.

A PEIC define, ainda, que a potencial inadimplência é a expectativa dos devedores de não pagarem suas dívidas no mês subsequente ao levantamento. Já o atraso no pagamento (inadimplência) é o ato de não cumprir efetivamente os compromissos assumidos com o endividamento.

A pesquisa permite o acompanhamento do nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua relação com a capacidade de pagamento, informações importantes para a tomada de decisão dos empresários do comércio. Quando a inadimplência ocorre, é comum observar uma desaceleração no consumo, o que afeta, principalmente, pequenas empresas do setor de comércio e serviços.

*Da assessoria 

A proporção de famílias endividadas no País recuou de 77,4% em setembro para 76,9% em outubro, menor nível desde fevereiro de 2022, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Há um ano, em outubro de 2022, a fatia de endividados era de 79,2%.

A fatia de inadimplentes também diminuiu, passando de 30,2% em setembro para 29,7% em outubro. Em outubro de 2022, a proporção de famílias com contas em atraso era de 30,3%.

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"A inflação corrente mais comportada e o mercado de trabalho formal ainda absorvendo pessoas de menor instrução favorecem os orçamentos domésticos, fazendo com que menos pessoas recorram ao crédito. As políticas de transferência de renda mais robustas (valorização do Bolsa Família e salário mínimo, saques alternativos do FGTS) também auxiliam a renda disponível e a redução do volume de consumidores endividados", justificou a CNC, em nota.

A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

Na passagem de setembro para outubro, a melhora no endividamento foi puxada pelas classes de renda mais baixas. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados caiu de 79,4% em setembro para 78,7% em outubro.

Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados diminuiu de 77,9% para 77,2%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve elevação de 74,3% para 74,9%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia ficou estável em 74,9%.

Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso recuou de 38,6% em setembro para 37,7% em outubro. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 27,6% para 26,8%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve aumento de 22,1% para 23,2%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes ficou estável em 14,8%.

A proporção de famílias que afirmam não terem condições de pagar as dívidas atrasadas, permanecendo assim inadimplentes, ficou estável em 13,0% na passagem de setembro para outubro.

"A redução dos juros e as renegociações de dívidas começam a ser sentidas pelos consumidores. No entanto, do total de consumidores com atrasos, 48,5% estão com atrasos acima de 90 dias, proporção que ainda mostra crescimento (6,6 pontos no ano)", ressaltou a CNC.

O cartão de crédito manteve a liderança como modalidade de dívida mais utilizada, citada por 87,0% dos entrevistados, seguida por carnês (17,0%), crédito pessoal (9,4%), financiamento de casa (8,0%) e financiamento de carro (7,8%).

O Plenário do Senado aprovou nesta segunda-feira (2) o projeto que cria o Programa Emergencial Desenrola Brasil, para refinanciamento de dívidas pessoais (PL 2.685/2022). Do deputado Elmar Nascimento (União-BA), o texto incorpora a medida provisória que criou o programa (MP 1.176/2023). O projeto, aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na semana passada e enviado ao Plenário em regime de urgência, foi relatado pelo senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL) e segue agora para sanção da Presidência da República.

Conforme explicou o relator, o programa estabelece normas para facilitar o acesso ao crédito e diminuir a inadimplência e o superendividamento. Uma das medidas é o limite para os juros do cartão de crédito, que deve ser fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Rodrigo Cunha disse que o projeto terá um impacto positivo muito grande na economia dos lares do país. Na visão do senador, a proposta ainda tem o mérito de resgatar a dignidade para muitos brasileiros, que poderão “limpar o nome”. 

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O relator também disse que o assunto é de interesse de todo o país. Ele apontou que a redução do endividamento contribui para a diminuição da inadimplência — que, por sua vez, fortalece a confiança no sistema financeiro, facilitando o acesso a crédito para situações legítimas de necessidade, como a compra de uma casa ou investimento em educação.

Para o senador, ao aliviar o endividamento, as famílias poderão adotar práticas financeiras mais saudáveis, promovendo um consumo mais consciente e responsável. Rodrigo Cunha também registrou que essas práticas beneficiam a economia de longo prazo, evitando que as pessoas fiquem presas em ciclos contínuos de dívidas. 

— Com este projeto, estamos dando nossa colaboração para o futuro do país, resgatando a dignidade do nosso povo — registrou o senador, que ainda sinalizou uma proposta para renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).   Endividamento O líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA), agradeceu o apoio à matéria por parte do relator e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Wagner disse que o projeto é uma espécie de “salvação nacional”.

Na mesma linha, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) afirmou que o Desenrola vai ser importante para milhões de brasileiros que estão com sua situação fiscal comprometida. Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), o programa vai ajudar a população honesta e trabalhadora a recuperar a dignidade.

— Estamos devolvendo a brasileiros e brasileiras a coisa mais importante: o nome limpo e a capacidade de andar de cabeça erguida — afirmou.  O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também elogiou a iniciativa do projeto e o trabalho do relator. Para Randolfe, o programa é uma medida efetiva de combate ao endividamento. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) manifestou apoio ao projeto e pediu mais medidas no mesmo sentido. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) e o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) disseram que a proposta tem o mérito de ajudar milhões de brasileiros.

O presidente do Senado também elogiou o relatório e destacou a importância do projeto.  — O alcance social [do programa] é muito grande, pois busca solucionar o endividamento das famílias do Brasil — declarou Pacheco.

Medida provisória

O Programa Desenrola Brasil está em funcionamento desde o dia 17 de julho deste ano por conta da MP 1.176/2023, que aguarda votação na Câmara dos Deputados e perde a validade já nesta terça-feira (3). Além de incorporar o programa federal criado pela MP, o projeto de lei abrange normas previstas em uma portaria do Ministério da Fazenda, que regulamenta o Desenrola Brasil e traz medidas adicionais.

Jaques Wagner reclamou do fato de a Câmara dos Deputados não ter votado a MP 1.176. Para o líder do governo, a situação termina causando “um constrangimento” para o Senado. Na mesma linha, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) manifestou sua contrariedade com o fato de a Câmara dos Deputados não ter analisado a MP a tempo de a matéria ser enviada ao Senado.  Veja, abaixo, alguns dos principais pontos do projeto.

Desenrola Brasil

O objetivo do programa é incentivar a renegociação de dívidas de pessoas inscritas em cadastros de inadimplentes para reduzir o endividamento e facilitar a retomada do acesso ao crédito. O Desenrola Brasil vale até 31 de dezembro de 2023 e, segundo o Ministério da Fazenda, pode beneficiar até 70 milhões de pessoas. Conforme dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgados na semana passada, cerca de 6 milhões de brasileiros já conseguiram tirar o nome de cadastros negativos por terem renegociado dívidas de até R$ 100. 

O projeto define dois tipos de empresas envolvidas na negociação com o devedor: o credor, que inscreveu a pessoa devedora no cadastro de inadimplentes; e os agentes financeiros, autorizados a realizar operações de crédito. 

O programa impõe algumas condições aos participantes:  os devedores devem pagar seus débitos pela contratação de nova operação de crédito com agente financeiro habilitado ou com recursos próprios os credores devem oferecer descontos e excluir dos cadastros de inadimplentes as dívidas renegociadas os agentes financeiros devem financiar com recursos próprios as operações de crédito.

  Faixa 1

O projeto prevê duas faixas de público beneficiado pelo Desenrola Brasil. A faixa 1 se destina a pessoas com renda mensal de até dois salários mínimos ou que estejam inscritas no Cadastro Único para Programa Sociais do Governo Federal (CadÚnico), com dívidas de até R$ 5 mil contraídas até 31 de dezembro de 2022.  Segundo o Poder Executivo, esse grupo reúne cerca de 43 milhões de pessoas e uma dívida total estimada em cerca de R$ 50 bilhões. Os beneficiados podem quitar os débitos à vista ou por meio de financiamento bancário em até 60 meses, sem entrada, com taxa de juros de 1,99% ao mês e primeira parcela após 30 dias. A parcela mínima será de R$ 50. 

Famílias e credores precisam se inscrever em uma plataforma na internet. O público deve participar de um programa de educação financeira, enquanto os credores devem se submeter a um leilão eletrônico para oferecer descontos às famílias. O governo garante a quitação da dívida para o vencedor do leilão — aquele que oferecer o maior desconto.

Faixa 2

A faixa 2 é destinada a pessoas com renda de dois salários mínimos até R$ 20 mil por mês. As instituições financeiras podem oferecer aos clientes a possibilidade de renegociação de forma direta ou pela plataforma do Desenrola Brasil. Em troca de descontos nas dívidas, o governo oferece aos bancos incentivos regulatórios para que aumentem a oferta de crédito. 

O texto prevê um prazo mínimo de 12 meses para o pagamento na faixa 2, exceto quando os devedores queiram pagar a dívida em menos tempo. O projeto estabelece outras condições para que bancos públicos ou privados participem como credores no leilão de descontos, caso tenham volume de captações superior a R$ 30 bilhões. Uma das condições é reduzir permanentemente os cadastros de inadimplentes com dívidas de valor igual ou inferior a R$ 100.

As dívidas que não se enquadrem nas faixas 1 e 2 podem ser quitadas por meio da plataforma digital do programa. A Caixa e o Banco do Brasil devem prestar instruções de forma presencial e gratuita aos devedores que tiverem dificuldade em acessar a plataforma. Para garantir o pagamento do valor renegociado, o Executivo pode usar recursos do Fundo Garantidor de Operações (FGO-Pronampe). O dinheiro deve ser aplicado para honrar valores não pagos pelo devedor depois da renegociação até o montante de R$ 5 mil por pessoa, atualizado pela taxa Selic.

Juros do cartão

O projeto encarrega o CMN de fixar limites para os juros do cartão de crédito. Todos os anos, os emissores de cartão e outros instrumentos pós-pagos devem submeter à aprovação do conselho os limites para as taxas de juros e encargos financeiros cobrados.  Se os limites não forem aprovados no prazo máximo de 90 dias, contados da data de publicação da lei originada pelo projeto, o total cobrado a título de juros e outras despesas não pode exceder o valor original da dívida. Ou seja: a dívida pode no máximo dobrar no período de um ano. Hoje, os juros do cartão de crédito estão em torno de 440% ao ano. 

*Da Agência Senado

O porcentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer caiu 0,7 ponto porcentual em agosto para 77,4% das famílias do País, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com isso, o volume de endividados chegou ao menor nível desde junho de 2022. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta terça-feira (5).

Apesar da melhora no cenário, o grau de inadimplência das famílias se agravou: o volume de consumidores com dívidas atrasadas subiu de 29,6% em julho para 30% em agosto. Esta é a maior proporção desde novembro de 2022, com 3 em cada 10 pessoas endividadas indicando algum compromisso atrasado.

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Já o volume de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores saltou de 12,2% para 12,7% na mesma comparação. Esse é o maior nível para o indicador na série histórica da Peic, iniciada em janeiro de 2010.

"A queda da inflação e o mercado de trabalho formal absorvendo pessoas desde o ano passado favoreceram os orçamentos domésticos, fazendo com que menos pessoas necessitem recorrer ao crédito. No entanto, com juros elevados e maior quantidade de dívidas a vencer, as famílias ainda encontram dificuldade de quitar os compromissos em aberto há mais tempo, com o avanço das despesas com juros", escreveu no relatório a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira.

Em linha, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, diz que a queda do endividamento é um "sinal positivo", de que mais famílias estão conseguindo controlar melhor as dívidas e ajustar os orçamentos. "Mas a taxa de juros elevada e o crédito caro ainda são empecilhos", afirma em nota.

Para os próximos meses, a CNC estima que a proporção de consumidores endividados continuará a cair, chegando a cerca de 77% em setembro. Mas a tendência é que o endividamento volte a crescer na reta final de 2023, encerrando 2023 próximo de 78% do total de famílias no País.

Dívidas por faixa de renda

A Peic de agosto também destaca que o endividamento está em declínio tanto no mês quanto no ano entre os consumidores de diferentes faixas de renda, com destaque para a queda mais significativa entre aqueles com renda entre 5 e 10 salários mínimos. Nesse grupo, o porcentual de endividados caiu de 77,4% em julho para 75,4% em agosto. A inadimplência (dívidas atrasadas), porém, cresceu em todas as faixas de renda nas comparações mensal e anual.

Quanto às modalidades de dívida, a pesquisa identificou redução do número de endividados no cartão de crédito em agosto, com 85,5% dos endividados, ante os 85,9% em julho. Essa é a segunda queda consecutiva, colocando o indicador no menor nível desde agosto do ano passado.

Também é possível observar uma leve redução, de 0,1 ponto porcentual, do volume de endividados no cheque especial, para 4,1%, e no crédito consignado, para 5,1%.

O nível de pessoas inadimplentes no Brasil teve a primeira queda neste ano ao atingir 71,45 milhões de negativados, segundo o Mapa de Inadimplência da Serasa relativo a junho. Além disso, houve diminuição no total de dívidas.

A queda de inadimplentes ocorre após uma série de altas ao longo de 2023. Na comparação com maio, a redução foi de 450 mil inadimplentes sobre os 71,9 milhões de endividados no período (-0,63%).

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"Apesar do cenário econômico ainda desfavorável, com inflação e juros altos, a primeira queda na inadimplência do ano representa um dado significativo e que pode sinalizar melhoras na saúde financeira dos consumidores", avalia em nota Aline Maciel, gerente do Serasa Limpa Nome.

O número de inadimplentes no mês passado corresponde a 43,78% da população adulta do País. Entre os Estados, o Rio de Janeiro lidera com um índice de 52,80%. Na sequência aparecem Amapá (52,72%), Amazonas (52,20%), Distrito Federal (52,05%) e Mato Grosso (50,33%).

A entidade ainda detectou redução no total de dívidas, que passou de 264,5 milhões em maio para 262,8 milhões em junho - um declínio de 0,62%. Já o valor totalizado de dívidas no mês passado ficou em R$ 346,3 bilhões, com um valor médio das dívidas por pessoa de R$ 4.846,15.

Além do Serasa Limpa Nome, plataforma online voltada à reabilitação de crédito dos brasileiros, a Serasa também disponibiliza ofertas para negociação de dívidas que fazem parte do Desenrola Brasil, programa do governo federal de renegociação de dívidas.

A Serasa é parceira de algumas das principais instituições financeiras do País para ser um dos canais de negociações de parte das dívidas integrantes da chamada Faixa 2 do programa do governo. Nesta fase, estão liberadas negociações de dívidas de bancos - como cartões de crédito e cheque especial - inscritas em cadastros de inadimplentes até 31 de dezembro de 2022, para pessoas físicas com renda mensal de até R$ 20 mil.

"Em até 3 minutos, e de maneira gratuita, é possível negociar diretamente pelo aplicativo ou site da Serasa", explica Aline Maciel.

Márcia Ribeiro não vê a hora de conseguir limpar seu nome. A auxiliar de serviços gerais de 55 anos tem dívidas com cartão de crédito e com crediários em lojas há vários anos e, com o nome negativado em cadastros de inadimplência, não consegue comprar vários itens necessários para a sua casa. 

“É muito ruim a pessoa querer comprar uma coisa e não poder porque está com um débito atrasado. Queria comprar umas coisas para a minha casa, que fazem falta e eu não posso comprar por causa dessas dívidas: um armário, um fogão. Agora, eu fiz uma dívida com uma televisão e um guarda-roupas, mas foi no cartão do meu irmão. Se eu tivesse pago minhas contas, eu teria comprado no meu cartão”, revela.

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Márcia espera poder participar do Desenrola Brasil, o Programa Emergencial de Renegociação de Dívidas de Pessoas Físicas Inadimplentes, lançado nessa terça-feira (6) pelo governo federal, em Brasília. “Vai ser um adianto pra mim, porque eu vou liquidar minhas dívidas e vou poder comprar minhas coisas que estou querendo comprar pra minha casa”, conta.  

A Medida Provisória (MP) 1.176/2023, que institui o programa, foi publicada no Diário Oficial de terça-feira (6) e tem efeitos imediatos. Mas, para se tornar lei, precisará ser votada e aprovada pelo Congresso Nacional em até 90 dias. 

O Desenrola Brasil pretende juntar devedores e credores a fim de que a dívida possa ser renegociada e a situação de inadimplência encerrada. Serão duas faixas. Na primeira, pessoas que ganham até dois salários mínimos ou quem esteja inscrito no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal – e que foram negativas até 31 de dezembro de 2022 - poderão saldar suas dívidas de até R$ 5 mil. 

Prazo

O pagamento poderá ser à vista ou parcelado em até 60 meses, com desconto e juros mais baixos. O dinheiro para pagar as dívidas pode ser obtido através de empréstimo com uma instituição financeira, o qual poderá ser garantido pelo Fundo de Garantia de Operações (FGO), do governo federal.  

A segunda faixa, segundo o Ministério da Fazenda, é destinada somente a pessoas com dívidas no banco, que poderá oferecer a seus clientes a possibilidade de renegociação de forma direta. Essas operações não terão a garantia do Fundo FGO. 

Segundo o Ministério da Fazenda, o programa funcionará através de um leilão reverso entre credores, organizado por categoria de crédito, onde quem oferecer mais desconto será contemplado no programa, apresentará a dívida com desconto para renegociar com as pessoas físicas e contará com a garantia de que sua dívida será saldada.  

Já aqueles que oferecerem menos desconto ficarão de fora do programa. Por isso, é possível que o devedor não encontre todas suas dívidas para renegociar no Desenrola.  

Especialistas

O diretor de Diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Henrique Lian, considera o programa “de extrema relevância no atual contexto de superendividamento de expressiva parcela da população brasileira”. 

Para a economista Carla Beni, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a medida é importante para que as pessoas com renda mais baixa possam “voltar a respirar e até poder voltar a consumir". "A inadimplência dificulta muito a vida da pessoa, inclusive afeta até a saúde mental”, afirma. 

Ela acredita que o programa poderá reduzir em até 40% a inadimplência no país, que hoje atinge 66,08 milhões de pessoas, ou 40,6% dos brasileiros adultos, segundo dados divulgados em maio pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Carla destaca, no entanto, que será importante pensar em campanhas para garantir a adesão dos devedores ao programa.  

“Vai precisar de orientação e muita campanha de divulgação, porque você precisará de um celular e tudo vai ser feito online. É preciso aguardar os próximos passos para ver como vai ser feita a utilização do aplicativo, como isso vai ser inserido na plataforma e como vai ser a facilidade da adesão. Como temos uma experiência com o Pix e o Brasil teve uma adesão espetacular, acredito que a gente tenha não só uma condição técnica e tecnológica, como a adesão da própria população [ao novo programa]. Ela já está acostumada a usar o celular”, salienta.

Consumo

Izis Ferreira, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), acredita que o programa poderá dar um impulso no consumo das famílias brasileiras. 

“O crédito funciona hoje como importante condicionante do consumo, não só de produtos que precisam de prazo para pagamento, de maior valor agregado, mas até produtos do dia a dia e serviços que são consumidos de forma imediata. Então, o crédito hoje é um suporte para o consumo de produtos de primeira necessidade e de maior valor agregado”, destaca. 

Por meio de nota, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que o programa está em linha com as tratativas feitas nos últimos meses entre a instituição e o governo federal.  

“Quando entrar em operação, os bancos darão sua contribuição para que o Desenrola reduza o número de consumidores negativados e ajude milhões de cidadãos a diminuírem suas dívidas”, diz nota da Febraban.

Na avaliação de Ione Amorim, coordenadora de Serviços Financeiros do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a urgência com que o Desenrola Brasil foi lançado é importante, mas faltou um pouco mais de diálogo com a sociedade civil. E, por isso, há algumas dúvidas sobre o programa. 

Ela questiona, por exemplo, como consumidor que recorrer ao Desenrola Brasil será tratado pela instituição financeira no futuro. “Hoje, quando a gente tem um desconto muito grande [num banco], esse consumidor fica com uma restrição lá dentro daquela instituição, se ele vai tentar de novo um crédito”, opina. 

Além disso, Ione chama a atenção para as dívidas que já estão prescritas e que nem deveriam mais ser cobradas, mas que poderão entrar no Desenrola. “Quem fará essa análise?”, questiona. 

Descontos

Outro ponto destacado por ela é sobre o valor dos descontos. “Essa população de baixa renda é extremamente assediada por empresas que oferecem crédito extremamente predatórios [com taxas de juros muito altas]. Então, qual o valor desses contratos que serão objeto desse acordo? O valor integral já incluindo as taxas de juros abusivas? Quando você fala do desconto, e não tem parâmetro, qual é o referencial?”, pergunta. 

Para além do programa, uma causa de preocupação para Ione refere-se a futuras dívidas que podem voltar a envolver o consumidor depois que o programa for encerrado, em dezembro deste ano.  

“Esse consumidor, sem nenhum preparo, que foi assediado [para contrair o crédito], continua refém dos mesmos tipos de abordagem. É muito provável que parte desse público, até chegar dezembro, que é o limite desse programa, ele estará de novo com uma série de dívidas. Uma parcela muito grande desse segmento, que ganha até dois salários mínimos, é de aposentados e pensionistas, que são muito expostos à questão do crédito consignado”, alerta Ione.

Ione disse esperar que a regulamentação a ser feita pelo Ministério da Fazenda e a apreciação da matéria pelo Congresso Nacional abram espaço para mais diálogo com as entidades de defesa do consumidor. 

Henrique Lian, da Proteste, disse acreditar que o programa poderá ser, futuramente, complementado “com ações de natureza regulatória e educativa com vistas à prevenção da insolvência recorrente.” 

A preocupação é a mesma de Izis Ferreira. Para ela, caso não haja um programa de educação financeira para as famílias, há o risco de a inadimplência continuar sendo um problema cíclico no país, com períodos de melhora e outros de piora.  

Segundo a CNC, em maio deste ano, a quantidade de pessoas com dívidas há mais de 90 dias representou 45,7% dos inadimplentes. Essa é a maior taxa para um mês em três anos e vem crescendo desde dezembro de 2022 (43,9%). 

“O crédito ganhou relevância no pós-pandemia como condicionante do consumo. As pessoas estão concentrando muito gasto no cartão de crédito. Diante desse contexto, a preocupação que a gente tem que ter é: a gente vai resgatar esse consumidor da inadimplência, mas depois será que ele vai entender que precisa ter um pouco mais de cautela, programação e planejamento ao usar o crédito? Ao mesmo tempo que o credor faz a renegociação, ele tem que, forma intensiva, estimular a conscientização financeira desse consumidor. Senão, a gente vai continuar vendo esse ciclo de inadimplência”, afirma a economista. 

Antes da edição da MP do Desenrola Brasil, a CNC estimava que o percentual de famílias com dívida há mais de 90 dias só cairia no final do dia, fechando 2023 em 44,5%. Com o lançamento do programa, no entanto, a confederação fará uma nova previsão. 

Inadimplência

Segundo Izis Ferreira, apesar de o programa ser focado mais no público de renda mais baixa, a inadimplência tem crescido também na classe média. Por isso, para ela seria importante estimular a renegociação de dívidas também para essa faixa de renda. 

Para aqueles que têm dificuldade em manter o orçamento sob controle, a economista Carla Beni tem duas dicas: a primeira é conversar com todos os membros da família para que se entenda até quanto pode ser gasto sem comprometer a renda. A segunda é anotar - numa planilha de computador ou mesmo numa folha de papel - todas as contas que precisam ser pagas.  

“As pessoas deveriam conversar mais dentro das famílias sobre suas contas a pagar e suas dívidas”, explica Carla. “E também fazer uma lista das contas a pagar. Um simples papel com caneta ajuda muito a colocar - nos meses futuros - todas as contas que aquela família tem para pagar que já estão comprometidas. Isso pode até ser colocado na porta da geladeira. Isso ajuda com que a família toda caminhe no mesmo sentido, porque a redução das dívidas traz um alívio, um conforto e uma qualidade de vida para todos da casa”. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, na terça-feira (6), que o Desenrola terá um segmento de educação financeira. Na segunda-feira (5), Haddad havia dito que o programa deverá entrar em vigor em julho.

Os pagamentos do Bolsa Família proporcionaram uma melhora na inadimplência entre as famílias mais pobres em abril, mas os juros elevados pioraram a situação financeira nos lares de classe média, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com dívidas foi de 78,3% em abril, mesmo patamar de março. No entanto, o resultado ainda foi maior do que os 77,7% registrados em abril do ano passado, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

No grupo com contas a vencer em abril, 17,3% consideravam-se muito endividados, "indicador que voltou a crescer após duas quedas, por conta dos juros elevados", apontou a CNC.

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A pesquisa considera como dívidas os pagamentos a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

A proporção de famílias inadimplentes, com dívidas em atraso, recuou de 29,4% em março para 29,1% em abril, a quarta queda consecutiva.

"A melhora da renda disponível com a evolução positiva do mercado de trabalho e o alívio da inflação atenuaram a proporção de consumidores que atrasaram dívidas em abril", justificou a CNC. "Quem tem dívidas atrasadas há mais tempo, porém, segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência, em função dos juros elevados que pioram as despesas financeiras. A taxa de juros média em todas as operações de crédito com recursos livres às pessoas físicas chegou a 58,3% ao ano em março, 8,7 pontos maior do que no mesmo mês do ano passado, de acordo com os dados do Banco Central", completou.

A entidade ressalta que a inadimplência piorou entre as famílias de classe média em abril. No grupo com renda mensal entre cinco e dez salários mínimos, a proporção de inadimplentes cresceu de 21,5% em março para 22,6% em abril. Na faixa mais pobre, com renda até três salários mínimos mensais, a proporção de inadimplentes caiu de 36,9% em março para 36,3% em abril.

Os valores mais altos do Bolsa Família e as contratações formais de pessoas de menor nível de escolaridade têm auxiliado as famílias de renda mais baixa no pagamento de dívidas, apontou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC.

"São elas também o principal foco de renegociações, mas o risco da inadimplência se acirrou na classe média", ponderou Ferreira, em nota oficial.

A proporção de consumidores sem condições de pagar dívidas já atrasadas - e que, portanto, permanecerão inadimplentes - subiu de 11,5% em março para 11,6% em abril.

"O volume de pessoas com dívidas atrasadas por mais de 90 dias segue em tendência de crescimento: a cada 100 consumidores inadimplentes em abril, 45 estavam com atrasos por mais de três meses", mostrou a nota da CNC.

A entidade projeta que a proporção de endividados volte a crescer a partir de julho deste ano, encerrando o ano em nova máxima histórica. Já a fatia de famílias com dívidas em atraso por mais de três meses diminuiria apenas no fim de 2023, "em um cenário sem programas de regularização de dívidas atrasadas entre os mais pobres".

Nunca o brasileiro deveu tanto - e não pagou. Em janeiro deste ano, 70,1 milhões de inadimplentes com bancos, empresas de cartão de crédito, financeiras, lojas e serviços de utilidades pública, como água e luz, acumulavam dívidas em atraso que totalizavam R$ 323,3 bilhões. Tanto o número de inadimplentes quanto o valor de débitos são recordes da série iniciada em março de 2016, apontam dados da Serasa.

Entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, entraram na lista do calote 5,3 milhões de pessoas, o equivalente à população da Noruega. No período, a dívida total cresceu cerca de 24% (R$ 62,6 bilhões), enquanto o valor médio por inadimplente avançou de R$ 4.022 para R$ 4.612.

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Juros altos e renda corroída pela inflação elevada foram os gatilhos para o aumento do calote, adormecido no auge da pandemia por conta das postergações da quitação dos atrasos.

O aumento no número de inadimplentes começou a partir de setembro de 2021, quando a inflação acumulada em 12 meses atingiu 10,23%. Até aquele mês, eles eram por volta de 62 milhões, uma marca já elevada, com total de dívida de R$ 245 bilhões. "A inflação fez um estrago gigantesco no orçamento das famílias, especialmente nas de baixa renda, o que gerou esse crescimento no número de brasileiros inadimplentes", afirma o economista-chefe da Serasa, Luiz Rabi.

Para esticar a renda e manter o padrão de consumo, as famílias buscaram o crédito mais fácil e mais caro, como cartão de crédito e cheque especial, mas a estratégia acabou não dando certo a médio prazo justamente porque a inflação não cedeu.

O cenário se agravou por causa da fraqueza do mercado de trabalho. Embora a ocupação tenha aumentado, o salário não teve ganhos reais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

  Para os cidadãos que estão na base de dados de inadimplência da Serasa e que necessitam negociar as suas dívidas diretamente com os credores, é possível regularizar as pendências em uma das quase 11 mil agências dos Correios abertas pelo País. A parceria entre a estatal e a Serasa Experian permite aos brasileiros terem acesso ao atendimento presencial do serviço “Limpa Nome”.

A ideia é dar mais uma opção aos consumidores que desejam renegociar suas dívidas através de pontos físicos, como as agências dos Correios. Desta forma, os cidadãos têm mais facilidade para obter informações sobre sua vida financeira e renegociar créditos com diversas instituições dentro da plataforma.

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Uma vez que a dívida é negociada, o cidadão tem seus dados retirados do cadastro de restrição, tendo, assim, a possibilidade de adequar-se financeiramente. Esta edição do Feirão Limpa Nome acontece até 31 de março de 2023.

Há ainda o serviço de consulta a acordos que foram gerados e reimpressão de 2ª via de boletos.

Os valores para realização do serviço nas agências são os seguintes: 

  • R$ 4,20 por dívida negociada; e   

• R$ 3,00 por consulta a acordos (reimpressão de 2ª via de boletos). 

Por motivos de segurança, é obrigatório que o cidadão apresente documento de identificação oficial que contenha o número do CPF.

Central de serviços – Esta é mais uma parceria a integrar o portfólio do Balcão do Cidadão dos Correios. A empresa já presta vários serviços ao cidadão, como emissão de CPF; certificado digital; consulta ao Serasa; documentos achados e perdidos.

Por meio do Balcão do Cidadão, os Correios seguem ampliando a parceria com instituições públicas e privadas para a oferta de serviços e outras conveniências em suas agências. É uma oportunidade para órgãos públicos e empresas que necessitem potencializar a prestação de multisserviços, com o benefício da infraestrutura e da capilaridade das unidades de atendimento da estatal.

*Da assessoria 

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que autoriza que inadimplentes (pessoas com dívidas em atraso) percam a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e o passaporte de inadimplentes, não permite a retenção desses documentos de forma automática.

Especialistas explicam que, para que se chegue ao bloqueio efetivo de CNH e passaporte, é necessário um processo judicial em que já se cobre a dívida, ou seja, já na fase de execução, quando não existe mais debate a respeito do débito.

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Apesar de parecer uma medida drástica, o advogado e professor de processo civil do Mackenzie, Luiz Dellore, disse que a decisão do STF apontou ser constitucional um artigo de lei que já existe no Brasil desde 2015.

"Muitos advogados já pediam o bloqueio de CNH e passaporte, mas diversos juízes resistiam em aplicar essa possibilidade, exatamente por essa discussão de constitucionalidade do artigo 139, IV do Código de Processo Civil", comentou. "Com a decisão do STF, seguramente esses pedidos vão proliferar."

O especialista pondera ainda que a decisão ocorre somente após a tentativa de achar patrimônio do devedor (penhora de dinheiro em banco ou bens móveis ou imóveis, inclusive a partir da consulta nas declarações de Imposto de Renda).

Há ainda outros fatores considerados pela decisão do juiz, como sinais exteriores de boa condição financeira, no sentido de que exista patrimônio sendo escondido ou em nome de terceiros, a partir de postagens em redes sociais, viagens, uso de carros, além de padrão de consumo.

"Serão análises de cada caso, pelo juiz, em processos judiciais", pondera Dellore. Considerando que, no Brasil, muitos devedores escondem o patrimônio em nome de terceiros ou familiares, vejo a decisão como positiva, com possibilidade de redução da inadimplência. Quem tem condições e esconde patrimônio, diante do risco de perder CNH ou passaporte, pode optar por fazer um acordo com o credor, o que é positivo."

O advogado lembra ainda que a pessoa que realmente não tem patrimônio e nem condições financeiras não deve ser alvo dos bloqueios. "Da mesma forma, não se bloqueia CNH de quem é motorista de táxi, ônibus, caminhão ou aplicativos, pois o documento isso é necessário para o trabalho."

A decisão do STF

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no último dia 10, ser constitucional o dispositivo do Código de Processo Civil (CPC) que autoriza o juiz a determinar "medidas coercitivas" que julgue necessárias no caso de pessoas inadimplentes. O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no último dia 10, ser constitucional o dispositivo do Código de Processo Civil (CPC) que autoriza o juiz a determinar "medidas coercitivas" que julgue necessárias no caso de pessoas inadimplentes.

Essas apreensões e restrições seriam efetivadas por meio do cumprimento de ordem judicial. Ao julgar o tema, a maioria do plenário acompanhou o voto do relator, o ministro Luiz Fux. O relator conclui que a medida é válida, "desde que não avance sobre direitos fundamentais e observe os princípios da proporcionalidade e razoabilidade". Pela decisão, dívidas com alimentação estão livres da apreensão de CNH e passaporte, além de débitos de motoristas profissionais.

Perfil do inadimplente

Segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o número de inadimplentes no País voltou a crescer em janeiro, chegando a 65,19 milhões de pessoas. Isso significa que quatro em cada dez brasileiros adultos (40,15%) estavam negativados em janeiro deste ano.

Em média, a dívida por consumidor em janeiro era de R$ 3.883,63 e a inadimplência era para 2,02 empresas credoras. Os dados ainda mostram que cerca de três em cada dez consumidores (32,88%) tinham dívidas de até R$ 500, porcentual que chega a 47,34% quando se fala de dívidas de até R$ 1 mil.

O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em janeiro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,85%). A inadimplência segue bem distribuída no recorte por gênero: 50,88% mulheres e 49,12% homens.

O ano começou com um quarto das famílias que moram na cidade de São Paulo já mostrando dificuldades financeiras. Só em janeiro a inadimplência atingiu 25% das famílias, ficando praticamente estável se comparado com igual mês do ano passado, quando o índice era de 25,5%. Em números absolutos, quase 200 mil famílias ficaram sem condições financeiras para pagar suas contas nas respectivas datas de vencimento.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), elaborada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Os números foram obtidos em primeira mão pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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Dentre os lares da capital paulista, 10% afirmam não ter condições de arcar com os valores. Este dado representa 405 mil famílias nesta situação - o segundo maior nível da série história, iniciada em 2010. Para o grupo com renda inferior a 10 salários mínimos, o número dos que dizem não ter condições de pagar foi o maior da série, totalizando 13,5%.

A PEIC também aponta que 73,1% das famílias paulistanas iniciaram o ano com algum tipo de dívida. São 2,95 milhões de lares compromissados com alguma modalidade de crédito. A FecomercioSP ressalta, no entanto, que estar endividado não quer dizer que o tomador está com suas obrigações em atraso.

Cartão de crédito lidera

A pesquisa mostrou que o cartão de crédito segue no topo da lista dos tipos de dívidas dos consumidores da cidade de São Paulo. Isso significa dizer que 82,7% das famílias usam o cartão de crédito como meio de pagamento e crédito. Em seguida, os carnês, com 16,2%; o financiamento de carro (12,6%); e o financiamento de casa (10,5%). O levantamento aponta também que 19% dos consumidores afirmam que o PIX foi a forma de pagamento mais vantajosa das compras. Há um ano, este porcentual era de 5,5%.

A capital paulista teve um aumento de 224 mil famílias inadimplentes no comparativo de um ano, maior número registrado em 12 anos segundo informações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O porcentual chegou a 25,8% em novembro, somando 1,04 milhão de lares com dívidas atrasadas.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), aferida todo mês pela Instituição, 9% das famílias alegaram não ter condições financeiras de quitar as dívidas pendentes. A população de renda mais baixa, que ganha até dez salários mínimos, é a que mais sofre com a inadimplência, alcançando a marca de 31,8%, quase três vezes maior que a registrada pela parcela da população de renda mais alta, de 11%.

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O levantamento aponta preocupação em relação aos indicadores, já que o grupo mais afetado é também o que possui menos patrimônio e estrutura para investir e, portanto, dificilmente consegue equilibrar as contas. O cenário de juros altos também contribui com a inadimplência, já que coloca os lares em risco financeiro por conta do atraso, que eleva exponencialmente a arrecadação dos bancos em cima da dívida. Sendo assim, o montante para gastos considerados essenciais fica cada vez mais escasso.

A Federação aconselha que as famílias em débito priorizem o pagamento das contas atrasadas caso constituam vínculo empregatício formal e, dessa forma, venham a receber o décimo terceiro salário. A Instituição também sugere que os trabalhadores endividados procurem os feirões "Limpa Nome" para verificar as oportunidades de renegociação dos débitos com a redução de taxas e multas de atraso.

Ainda conforme os dados da FecomercioSP, o cartão de crédito continua sendo o maior obstáculo para que as famílias paulistanas fechem as contas com saldo positivo, representando 85% dos endividados. Logo atrás vem o carnê (15,6%), o financiamento de carro (11,7%) e o financiamento de casa (10,8%). Apesar de menor, o porcentual ligado ao crédito consignado (7,1%) também chama atenção devido à alta acumulada nos últimos meses.

A intenção das famílias de contratar crédito também aumentou: 9% das famílias responderam positivamente quando questionadas no mês de novembro, avanço de 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A finalidade principal, de acordo com 66%, é o consumo. No entanto, 34,1% afirma que o destino da contratação é o pagamento de dívidas e contas.

Sobre os meios mais vantajosos de consumir, 24,7% escolheu o parcelamento no cartão de crédito. Já outros 16,7% deram ênfase às transações via Pix como forma mais viável de fazer compras.

Com a evolução do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a queda da inflação nos últimos meses, a renda disponível aumentou e a proporção de endividados mostrou recuou de 0,3 ponto porcentual (p.p.) em novembro em relação a outubro, levando o índice a 78,9% do total das famílias brasileiras, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ao mesmo tempo, o número de famílias pobres com dívidas atrasadas alcançou nova máxima histórica (34,1%), num momento em que os juros estão no maior nível em cinco anos.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na manhã desta terça-feira (6). Conforme o estudo, o porcentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e casa) avançou 3,3 pontos porcentuais na comparação com novembro do ano passado.

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Em um contexto de elevado nível de comprometimento da renda com dívidas, 30,3% das famílias brasileiras têm alguma dívida em atraso. Em um ano, o indicador avançou 4,2 p.p., especialmente entre os mais pobres. O número de famílias que informam que não terão condições de pagar suas dívidas subiu de 0,3 p.p., para 10,9%. Em novembro do ano passado, o índice era de 10,1%.

Dos consumidores com até dez salários de renda mensal, 34,1% atrasaram dívidas, a maior proporção da série histórica, iniciada em 2010. Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados, pois os juros altos aumentam as despesas com dívidas.

Na comparação com o ano passado, a piora no nível de endividamento foi mais expressiva entre as mulheres (3,3 p.p.) do que entre os homens (1,9 p.p.). O público feminino é atualmente o mais endividado, com 80,7% delas possuindo algum tipo de dívida em novembro. No recorte da faixa etária, a percepção de superendividamento também se acirrou mais entre os consumidores com mais de 35 anos (3,2 p.p.). Os indivíduos que não conseguiram terminar o ensino médio também formam o grupo em que o nível de endividamento mais cresceu em um ano (3,9 p.p.).

Com isso, cresceu em novembro o volume de consumidores apontando que não pagaram dívidas já atrasadas de meses anteriores: 10,9% do total de famílias. Entre as com menores rendimentos, o indicador manteve trajetória de alta, atingindo 13,4%, pouco abaixo da máxima histórica de 13,9%, observada em agosto de 2020.

Mesmo os consumidores buscando a renegociação, o volume dos que reportaram atrasos na quitação de dívidas atrasadas por mais de 90 dias piorou em novembro. Do total de famílias inadimplentes, 42,5% estão com atrasos acima de 90 dias, 0,6 p.p. em relação a outubro e 1,0 p.p. comparativamente a novembro de 2021.

Renda comprometida e cautela

Além disso, tem chamado a atenção o volume de consumidores com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas. Em novembro, 21,6% do total de endividados estava nessa situação, crescimento anual de 0,8 p.p.

Em média, o brasileiro precisou gastar 30,4% de toda a sua renda só para pagar dívidas em novembro, isso sem contar as contas de consumo (água, energia, telefone, gás etc).

Apesar dos fatores benignos relativos à disponibilidade de renda, a combinação de endividamento e juros altos está deixando os consumidores mais cautelosos. Diante do crédito mais caro, a proporção de famílias que se consideram "muito endividadas" chegou a 17,5%, alta de 0,2 p.p. ante outubro e de 2,7 p.p. em relação a novembro de 2021.

A cada dez brasileiros adultos, quatro (40,05%) estavam com o nome negativado em outubro de 2022, de acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). São 64,87 milhões de pessoas, um novo recorde para a série histórica iniciada há oito anos.

Em outubro houve aumento de 1,06% no volume de consumidores com contas atrasadas em relação a setembro. A elevação foi de 9,24% em relação a outubro de 2021.

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O crescimento da base interanual se concentrou no aumento da inclusão de devedores cujo tempo de inadimplência varia de 91 dias a 1 ano (30,19%). A faixa de idade com mais devedores em outubro foi de 30 a 39 anos (23,92%) - 16,07 milhões de pessoas, o equivalente a 47% do total de devedores do grupo etário. Entre os sexos, a distribuição total dos inadimplentes foi composta 50,85% por mulheres e 49,15% por homens.

A dívida por consumidor em outubro era em média de R$ 3.694,06. Os consumidores com dívidas de até R$ 500 eram 34,1%, contra 48,77% com dívidas de até R$ 1 mil.

De setembro para outubro deste ano, houve elevação de 1,8% no número de dívidas no Brasil. Em relação a outubro de 2021, a alta foi 19,11%. Entre os destaques estão as dívidas com os Bancos, com crescimento interanual de 31,82%, seguidas por Água e Luz (14,39%). Em contrapartida, houve queda nas dívidas em atraso de Comunicação (-12,63%) e Comércio (-0,39%).

Os Bancos são o setor credor com maior concentração de dívidas no País (61,34%), seguido por Comércio (12,67%), Comunicação (12,67%) e Água e Luz (10,89%).

A escalada da taxa básica de juros - que passou de 2%, no início de 2021, para os atuais 13,75% ao ano - tem feito estragos na vida dos consumidores e das empresas. A inadimplência atingiu nível recorde: segundo estudo da Fecomércio-SP, na virada do semestre 29% das famílias nas capitais brasileiras tinham alguma conta em atraso - a maior marca da série, iniciada em 2010.

O avanço da inadimplência acendeu o sinal amarelo para bancos e varejistas, que viram os resultados do terceiro trimestre prejudicados, em parte, pelo calote. Preocupados, ficaram mais cautelosos na aprovação de novos financiamentos e aumentaram as reservas para perdas futuras com o crédito, em meio a um cenário de juros ainda elevados e o baixo crescimento da economia brasileira esperado para 2023.

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Com queda nos lucros no terceiro trimestre, Bradesco e Santander, instituições com forte atuação no financiamento ao consumidor, por exemplo, ampliaram as chamadas Provisões para Devedores Duvidosos (PDD). O Bradesco mais do que dobrou (116%) ante o mesmo período de 2021 a reserva contra eventuais calotes, que atingiu R$ 7,267 bilhões. No Santander, a PDD somou R$ 6,209 bilhões, alta de 68,9% em relação ao mesmo período de 2021 e de 8% ante o trimestre anterior.

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, disse na apresentação de resultados que a inflação e os juros levaram a uma redução na capacidade de pagamentos dos brasileiros, o que explica o aumento na inadimplência e o salto nas provisões. "A inadimplência tem nome e sobrenome: está na pessoa física, em cartão de crédito e em crédito pessoal", disse.

O Santander informou que já havia começado a apertar a concessão de crédito no fim de 2021, antecipando o ciclo econômico, o que levou primeiro a uma desaceleração na carteira e, depois, a uma piora na inadimplência. Também em teleconferência sobre o balanço, Mario Leão, presidente do banco, disse que a piora está concentrada no segmento de pessoas físicas, mas que o cenário deve mudar com a queda dos juros, algo que o mercado espera que volte a acontecer em meados do ano que vem.

Para Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio-SP e responsável pelo estudo sobre endividamento, o principal fator que levou ao aumento da inadimplência foi a inflação. Em junho de 2021, o IPCA acumulava em 12 meses alta de 8%, e chegou a 12% em junho deste ano, concentrado em itens essenciais, como alimentos e combustíveis. "Isso abalou a capacidade de pagamento das famílias, principalmente as de menor renda."

Inadimplência

O aumento da inadimplência, provocado principalmente pela alta dos juros, chegou também às redes varejistas. O Magazine Luiza, por exemplo, que registrou prejuízo de R$ 166,8 milhões no terceiro trimestre, reservou R$ 590,4 milhões para créditos de liquidação duvidosa no cartão próprio - que responde pela maior fatia das vendas a prazo da rede.

A varejista aumentou em 206,4% a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Quando é levada em conta a relação entre a provisão e o tamanho da carteira de crédito do Magazine Luiza, o índice do terceiro trimestre está em 2,9%, ante 1,3% no mesmo período de 2021.

Roberto Bellissimo, diretor financeiro da varejista, diz, porém, que a comparação entre os períodos não é a mais adequada. "A inadimplência estava artificialmente baixa no terceiro trimestre de 2021 por conta dos auxílios (dados pelo governo)."

Ele observa que o indicador entre a provisão e o tamanho da carteira era superior a 3% antes da pandemia. A inadimplência dos créditos vencidos há mais de 90 dias na rede, que subiu para 9,2% da carteira no terceiro trimestre (ante 4,9% no mesmo período de 2021), está voltando para os níveis pré-pandemia, argumenta. No entanto, o executivo diz que desde o começo do ano vem reduzindo o ritmo de concessão de novos cartões da rede e está focado em clientes conhecidos e que já navegam pelo site da varejista.

A Via, dona da Casas Bahia e do Ponto, apresentou prejuízo líquido de R$ 203 milhões no terceiro trimestre, e é outra varejista que ampliou as reservas para cobrir a inadimplência. Os créditos vencidos acima de 90 dias, que eram 7,4% dos financiamentos a receber no terceiro trimestre de 2021, subiram para 8,4% no mesmo período deste ano. Em um ano, a PDD da rede varejista foi de R$ 621 milhões para R$ 658 milhões.

Já a Lojas Cem, que tem capital fechado, não revela o aumento das provisões contra a inadimplência, mas confirma que o calote está em alta. "Deu uma aumentadinha na inadimplência", afirma José Domingos Alves, supervisor-geral da rede, que deve fechar o ano com 302 lojas. Historicamente, o atraso acima de 60 dias oscilava entre 4% e 4,5% da carteira de crédito da varejista. Agora, faz dois meses que está em 6%. "O aumento da inflação tirou o poder de compra e potencializou a alta da inadimplência, além do que ninguém contava que a Selic chegaria 13,75%."

Melhora

Até dezembro, no entanto, a tendência para a inadimplência é de redução, avalia Matheus Moura, diretor da Serasa, birô de crédito que já fechou 2,2 milhões de renegociações de dívidas em atraso nas últimas duas semanas. "A continuidade da redução do desemprego, a inflação reduzindo ou não subindo mais, atrelados aos auxílios governamentais tendem a reduzir a inadimplência", diz.

Altamiro Carvalho, da Fecomércio-SP, acrescenta que a maior injeção de recursos do 13.º salário, por conta do aumento do emprego formal, deve favorecer a queda do calote, uma vez que, tradicionalmente, 40% desses recursos vão para a quitação de dívidas. "O que sabemos é que as condições neste fim de ano serão melhores para as famílias colocarem em ordem as dívidas em atraso, mas a grande incógnita é o comportamento da inadimplência no primeiro semestre de 2023."

As incertezas sobre a política econômica do novo governo, especialmente em relação à questão fiscal, e os possíveis desdobramentos sobre câmbio, inflação e juros ainda não permitem fazer previsões, diz.

Disseminação

O estudo sobre inadimplência feito pela Fecomércio-SP mostra que, depois de um momento de paralisação das atividades econômicas por conta da pandemia, em 2020, houve um momento de maior disseminação do crédito. Entre junho de 2021 e junho deste ano, a parcela de famílias endividadas que moram nas capitais brasileiras subiu de 71,4% para 78%. Isso significa que 1,2 milhão de novos brasileiros tiveram acesso ao crédito o período.

"O sistema ficou menos seletivo, absorveu esse contingente, provavelmente de menor renda", diz Carvalho, responsável pelo estudo sobre endividamento do consumidor. Com o aumento da inflação, esse consumidor perdeu a capacidade de pagamento e acabou se tornando inadimplente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O volume de famílias com contas atrasadas no país subiu em outubro e atingiu a maior taxa anual em seis anos, revelou nesta segunda-feira (7) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta segunda-feira pela CNC, a proporção de famílias inadimplentes ficou em 30,3% em no mês passado, alta de 0,3 ponto percentual em relação a setembro, e de 4,6 pontos em relação a outubro do ano passado. 

Esse avanço de 4,6 pontos em 12 meses foi o maior registrado na comparação anual desde março de 2016, informou a CNC. O indicador subiu pelo quarto mês consecutivo. 

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O aumento na inadimplência ocorreu mesmo com a relativa estabilidade na proporção de endividados. Em outubro, o percentual das famílias com dívidas a vencer chegou a 79,2%. O indicador caiu 0,1 ponto na comparação com setembro, mas subiu 4,6 pontos percentuais em relação a outubro de 2021. 

De acordo com a CNC, o aumento da inadimplência pode ser explicado pela combinação de grande nível de endividamento e juros altos. Na avaliação da entidade, esse cenário dificulta a quitação de todos os compromissos financeiros dentro do mês, mesmo com a melhora progressiva no mercado de trabalho, a queda da inflação e as políticas de transferência de renda reduzindo a proporção de endividados. 

Estados e renda

Na divisão por estados, a inadimplência cresceu em 12 das 27 unidades da Federação, com destaque para a Bahia, onde 43,7% das famílias relataram estar com as contas atrasadas. Em relação ao endividamento, a proporção de famílias com débitos a vencer subiu em 17 unidades da Federação. A maior alta foi no Paraná, onde 95,8% das famílias afirmaram estar endividadas. 

Na comparação por renda, a taxa de endividamento aumentou nos últimos 12 meses tanto entre as famílias de baixa e média renda (que ganham até dez salários mínimos) quanto entre as de maior renda (que recebem mais que dez salários mínimos). Segundo a CNC, as dívidas no cartão de crédito e no cheque especial, que cobram os juros mais altos, estão pressionando o aumento na proporção de endividados. 

Desaceleração

Na comparação com outubro de 2021, o número de famílias com dívidas a vencer subiu 4,6 pontos percentuais, menor taxa anual desde julho de 2021, disse à Agência Brasil a economista da CNC Izis Ferreira. Segundo Izis, nessa base de comparação, o aumento tem sido cada vez menor. A economista destacou que hoje ainda existe uma proporção de endividados mais alta do que havia em outubro de 2021, mas disse que a taxa anual vem desacelerando, ficando “cada vez menos expressiva”.

  Izis Ferreira ressaltou que, atualmente, as pessoas circulam mais pelas ruas e podem consumir produtos e serviços sem nenhuma restrição. O contexto econômico mostra que a inflação está dando uma trégua, temporariamente e ainda em nível elevado, mas tem aliviado um pouco a renda disponível. “Isso se refletiu na proporção de endividamento, embora o nível de endividamento ainda seja muito alto.” 

A economista ressaltou que, em 2021, a proporção de endividados cresceu mais entre famílias de maior renda (5,8 pontos percentuais) que entre as de menor renda (4,3 pontos percentuais ). De setembro para outubro deste ano, a redução foi mais significativa entre os consumidores de renda elevada (-0,5 pontos percentuais).

“Temos 80,2% de famílias de baixa e média renda endividadas hoje e 75,4% de famílias de renda alta endividadas. Na comparação com outubro do ano passado, o endividamento foi maior para o grupo de alta renda, que retomou o consumo de serviços em um ambiente em que estes estão mais caros. Estamos falando de passagens aéreas, viagens, salão de beleza, alimentação fora do domicílio. Tudo isso cresceu muito de preço no último ano.” 

Passagens aéreas pesam muito no item de viagens para famílias de renda elevada, que as compram com cartão de crédito, disse a economista. A retomada de serviços por esse grupo, em um ambiente em que há inflação de serviços alta, levou-o a um aumento mais expressivo na proporção de endividados. Mas o grupo de menor renda ainda tem famílias mais numerosas quando se olha o total de endividados no Brasil, destacou. 

Juros altos

Os orçamentos domésticos continuam apertados, principalmente entre as famílias de menor renda, apesar da retomada progressiva do fôlego na economia, disse o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “O nível de endividamento alto e os juros elevados pioram as despesas financeiras associadas às dívidas em andamento, ficando mais difícil quitar todos os compromissos financeiros dentro do mês.” 

Segundo o Banco Central, os juros anuais em todas as linhas de crédito para as pessoas físicas atingiram 53,7% em média, em setembro, com evolução de 12,5 pontos percentuais. Izis Ferreira afirmou, contudo, que a proporção de famílias com dívidas atrasadas por mais de 90 dias vem se reduzindo desde abril. Em outubro, esse indicador alcançou 41,9% dos inadimplentes, menor proporção desde dezembro de 2021. 

Segundo Izis, os consumidores têm buscado renegociar as dívidas atrasadas. A porcentagem de famílias que afirmaram não ter condições de pagar as contas caiu 1 ponto percentual de setembro para outubro, representando 10,6% do total de famílias. 

Principais dívidas

O cartão de crédito mantém-se, já há algum tempo, como principal tipo de dívida das famílias brasileiras, indica a Peic. Aumentou de 84,9%, em outubro do ano passado, para 86,2% em igual mês deste ano. Do mesmo modo, houve expansão no cheque especial, de 4,9% para 5,1%, na mesma base de comparação.

"São duas modalidades de fácil acesso, além de serem meios de pagamento muito difundidos. E, muitas vezes, as famílias consideram o limite aprovado como renda disponível, assim como o cheque especial. O que aconteceu, ao longo do ano, é que as duas modalidades foram suportando o consumo, especialmente de gêneros de primeira necessidade, para consumo imediato, e o orçamento não deu. Aí, como a família não tem reserva de emergência, usou o cheque especial e o cartão de crédito.”  Izis salientou que, nesse caso, além da questão conjuntural, há o fator comportamental.

Além de ser muito fácil de usar e muito divulgado, o cartão de crédito enfrenta promessas de benefícios e incentivos de muitas lojas. Isso, de certa forma, incentiva as pessoas a usar mais o cartão de crédito. “Por isso, chegamos a 86,2% de endividados no cartão. Só que o cartão é uma faca de dois gumes. Ele é muito fácil, mas é muito caro.” 

A taxa de juros média do rotativo do cartão alcança em torno de 380% ao ano, embora existam instituições que pratiquem juros bem maiores que a média. “Aí, a pessoa, quando não consegue pagar toda a fatura, fica sujeita a essa taxa de juros que é a maior do mercado de crédito. A taxa do cheque especial é a segunda maior. Então, o que a gente vê são as modalidades que custam mais caro apresentarem crescimento quando se olha o resultado de outubro em relação a outubro do ano passado.” 

Já o crédito consignado, um dos tipos de crédito com juros mais baixos (cerca de 25% ao ano, segundo dados do Banco Central, perdeu espaço no endividamento dos brasileiros: 5% do total de consumidores endividados tem dívidas consignadas atualmente, ante 7% em outubro de 2021.

Quatro em cada dez brasileiros adultos (39,71%) estavam negativados em setembro de 2022, de acordo com levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O patamar equivale a 64,25 milhões de pessoas, um novo recorde para a série histórica iniciada há oito anos.

Em setembro houve aumento de 0,93% no volume de consumidores com contas atrasadas em relação a agosto. A elevação foi de 11,17% em relação a igual mês de 2021.

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O crescimento na base interanual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a um ano, de 35,16%. A faixa de idade com mais devedores em setembro foi de 30 a 39 anos (23,99%) - 15 milhões de pessoas, o equivalente a 43,86% do grupo etário. Entre os sexos, a distribuição total dos inadimplentes foi composta 50,90% por mulheres e 49,10% por homens.

A dívida por consumidor em setembro era em média de R$ 3.688,96. Os consumidores com dívidas de até R$ 500 eram 34,14%, contra 48,87% com dívidas até R$ 1 mil.

De agosto para setembro deste ano, houve elevação de 2,05% do endividamento no Brasil. Em relação a setembro de 2021, a alta foi 21,95%. Entre os destaques estão as dívidas com os Bancos, com crescimento interanual de 37,94%, seguidas por Água e Luz (11,86%). Em contrapartida, houve queda nas dívidas em atraso de Comunicação (-11,57%) e Comércio (-0,28%).

Os Bancos são o setor credor com maior concentração de dívidas no País (61,18%), seguido por Comércio (12,86%), Água e Luz (10,51%) e Comunicação (8,42%).

O total de famílias endividadas atingiu recorde em setembro, e o número de inadimplentes também teve novo ápice, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta segunda-feira (10). O total de lares brasileiros com dívidas a vencer chegou a 79,3% em setembro, o terceiro aumento consecutivo, enquanto a fatia de famílias com contas em atraso alcançou a marca histórica de 30% no mês passado, mostrou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Segundo a CNC, o aumento no endividamento em setembro foi provocado pela maior contratação de dívidas entre consumidores de renda média e baixa.

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Entre os mais pobres, o endividamento superou 80% pela primeira vez na pesquisa. A proporção de endividados entre os consumidores com renda familiar inferior a 10 salários mínimos mensais aumentou 0,4% em setembro ante agosto, atingindo 80,3%, o maior patamar da série histórica da Peic, iniciada pela CNC em janeiro de 2010. No grupo de famílias com maior renda, a proporção de endividados ficou estável em 75,9%.

A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

Quanto à inadimplência, o volume de consumidores com pagamento de dívidas em atraso cresceu pelo terceiro mês consecutivo. Em setembro, 10,7% das famílias relataram que não terão de condições de pagar as contas atrasadas, ou seja, permanecerão inadimplentes.

"Embora os atrasos tenham crescido no mês e no ano entre os consumidores nas duas faixas de renda, as dificuldades de pagamento de todos os compromissos do mês são mais latentes entre as famílias de menor renda", avaliou a economista Izis Ferreira, responsável pelo levantamento da CNC, em nota oficial.

Segundo a economista, os consumidores enfrentam "desafios na gestão de seus orçamentos mensais, especialmente porque o nível de endividamento está elevado e os juros maiores pioram as despesas com as dívidas".

A CNC lembra que as taxas de juros nas linhas de crédito para pessoas físicas cresceram 13,5 pontos porcentuais em um ano, de acordo com os dados do Banco Central, chegando à média de 53,9%, a maior taxa desde abril de 2018.

Em setembro, 85,6% dos endividados tinham contas a vencer no cartão de crédito, alta de 1 ponto porcentual nessa modalidade em um ano. Houve aumento nas dívidas nos carnês de loja (com 19,4% de menções e aumento de 0,6 ponto porcentual em um ano) e no cheque especial (5,2% de menções e crescimento de 0,6 ponto porcentual em um ano). A CNC diz que o volume de endividados nos carnês de loja cresce desde maio deste ano. No recorte por faixa de renda, a proporção de endividados nos carnês entre os mais pobres atingiu o maior nível desde fevereiro, 20,1%.

"Isso revela que estes consumidores estão na dinâmica de diversificação do endividamento e buscando alternativas de crédito", explicou Izis Ferreira. "Quando se olha o filme dos últimos cinco anos, o avanço do crédito operado pelo varejo tem resultado no maior volume de endividados de forma geral no Brasil", completou.

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