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“É um absurdo. Uma rua com muitas residências e, agora, com esse barulho todo. Em dias de jogos, fica intransitável”. O depoimento é de Rachel Marques, que há 52 anos reside na Rua Monsenhor Júlio Maria, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife. A pacatez da via, segundo alguns moradores, não tem sido a mesma desde a inauguração da sede-social da Torcida Jovem do Sport numa casa do local. 

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A aposentada Rachel Marques lembra o quão assustador foi aquele 10 de abril, quando a sede “abriu as portas” para a organizada do time rubro-negro. “Achei muito irresponsável da parte deles, porque nenhum morador foi avisado. De repente, à noite, começaram aquela série de fogos de artifícios. Muita gente assustada e, claro, precisamos chamar a polícia para saber o que estava acontecendo”. Com o passar dos dias, os incômodos aos moradores permanecem: barulho dos ensaios de bateria e quantidade de torcedores no meio da rua, em dias de jogos, são os mais apontados por quem vive na rua.

“Complicado, porque não temos controle urbano. Entendo que eles estão aqui para torcer, mas ficam no meio da rua e quem vier de carro que se vire, dê meia volta, porque eles não saem. A polícia acoberta, ao invés de controlar”, criticou um morador que preferiu manter anonimato. Segundo ele, é comum vários torcedores passarem correndo pela rua, entoando gritos de guerra que estimulam violência. De dentro de casa, a insegurança pulsa (veja o vídeo abaixo enviado por um dos moradores da rua): 

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Por meio da contribuição dos seus sócios, a Torcida Jovem alugou a casa na Rua Monsenhor Júlio Maria. Em rápido levantamento, a equipe de reportagem do Porta LeiaJá identificou que o aluguel de um imóvel do tipo, no local especificado, tem uma média de R$ 5 mil por mês. A sede-social tem TV a cabo, varanda com churrasqueira, primeiro andar e amplo espaço para as reuniões e ensaios dos membros. 

“Trouxemos mais movimento à rua”, se defende a Jovem

Obviamente manchada por atos de vandalismo que, segundo os representantes da Torcida, não são compactuados pelos “verdadeiros” apoiadores do clube, a Jovem se defende e diz ter trazido benefícios à rua. “Até os seguranças das ruas nos dizem que a rua era morta e a gente trouxe movimento, vida ao lugar. Ninguém nunca nos procurou para questionar nada, nem o dono da casa nunca trouxe queixas”, afirma Márcio Cleyson, puxador da Torcida Jovem. 

De acordo com ele, os integrantes respeitam a vizinhança e só fazem ensaios dentro dos horários permitidos. Sobre a questão da Torcida “fechar a rua”, Cleyson nega. “Não tem nada disso. Se fecharmos (a rua), a polícia aparece, então isso não tem nada a ver”. Segundo o representante da Jovem, a decisão de levar a sede-social da torcida para a Madalena foi até um modo de evitar episódios de violência comumente vistos no Centro do Recife.

“Era complicado, porque os três times da capital tinham sede no Centro, então de vez em quando rolava confronto. Então escolhemos a casa até para evitar isso e para termos um lugar mais perto do Sport, um lugar só da gente, para podermos guardar nossos materiais”.  Através da página da Torcida no Facebook, os membros têm programado atividades na sede e divulgado ações como a reunião do Grupo de Trabalho das Torcidas Organizadas de Recife, cujo objetivo é evitar novos episódios de violência envolvendo membros de torcidas divergentes. 

Vale ressaltar que, logo após a inauguração da sede-social da Jovem, a Justiça de Pernambuco  – por meio do juiz Edvaldo Palmeira, da Quinta Vara da Fazenda Pública – determinou o banimento da Torcida de todos os jogos do clube, seja como mandante ou visitante. Segundo o documento, a Jovem é passível a multas de R$ 10 mil se descumprir a decisão. 

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