Ele luta contra as mais cruéis organizações criminosas há mais de meio século, mas não envelhece. James Bond volta em "007 contra Spectre", sua 24° missão no cinema, que terá sua pré-estreia na próxima segunda-feira (26), no Royal Albert Hall de Londres.
O célebre espião britânico segue atraindo espectadores e sua última aventura, "Skyfall", de 2012, arrecadou mais 1 bilhão de dólares em todo o mundo. Apesar dos rumores que insistiam que uma mulher ou um ator negro poderiam interpretar, um dia, o agente 007, a fórmula atual demonstra sua eficácia e provavelmente não será alterada.
##RECOMENDA##O personagem não apenas deve seu êxito ao fascínio que desperta seu glamour, como tmbém à imaginação de seu criador, o autor britânico Ian Fleming, que soube antecipar mudanças geopolíticas e sociais quando criou seu irresistível agente secreto, em 1953. "Bond tem sido uma figura da contracultura e da revolução sexual", explica o professor Stephen Watt, da Universidade de Indiana (Estados Unidos), autor de um livro sobre o tema.
Para o atual episódio, que estreia no Brasil 5 de novembro, "é tanto um sujeito fiel (a sua Majestade) quanto um homem sofisticado, que aprecia os carros de luxo e uma boa taça de champagne", afirmou.
Herói machista
Porém, com o auge do movimento feminista, o incorrigível sedutor foi acusado de não ter seguido a evolução dos costumes. O próprio Daniel Craig, que dá vida ao personagem desde "Cassino Royale" (2006), julgou o espião como "sexista e misógino".
Com certeza, admitiu Stephen Watt. Mas será que não faz parte de seu encanto dele? "Em uma entrevista para a revista Playboy, em 1964, (...) Fleming assegurou que 'a sedução quase destruiu o cortejar'", recorda o pesquisador. "A sedução, a elegância e a aventura sempre farão parte da franquia Bond", afirma.
O personagem evoluiu, no entanto, com o passar dos anos, e Daniel Craig soube explorar a complexidade do agente secreto. "James Bond claramente mudou com Daniel Craig", opina o professor James Chapman, especialista de cinema da Universidade de Leicester, Inglaterra. "Hoje é mais contemporâneo, um pouco mais brusco". Mas também é mais sensível, mais humans, considera Watt. "Fleming acreditava que Bond tinha que ser 'crível'. Acho que quis dizer emocionalmente vulnerável", disse.
Em seu 24° filme, dirigido novamente pelo diretor britânico Sam Mender, Bond volta a enfrentar a organização criminosa "Spectre", cuja última aparição remonta a 1971, em "007 - Os Diamantes são Eternos".
O próximo Bond
A presença dessa entidade criminosa, que brinca com os medos contemporâneos, faz com que a saga não saia de moda, considera Watt. "Fleming havia antecipado um mundo onde os males não representam Estados, mas sim organizações terroristas multinacionais como Spectre", explica. Apesar da previsão de sucesso do novo filme no mundo inteiro, as recentes declarações de Craig, que disse preferir "cortar os pulsos" antes de assinar para um novo Bond, nublam o futuro da franquia.
A identidade de seu sucessor suscitou uma polêmica depois de que Anthony Horowitz, último escritor que retomou as aventuras do agente britânico, sugeriu que Idris Elba não tinha bastante classe -"too street", segundo definiu - para interpretar o 007. Chapman não descarta, no entanto, que Craig volte a interpretar Bond, apesar de suas declarações. "Quem sabe não se trata de uma primeira rodada de negociações de seu cachê para o 25° Bond", ironiza.