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Com a flexibilização das atividades econômicas, o barulho de obras voltou a ressoar pelo Recife junto com a reclamação de donos de armazém e consumidores. A instabilidade do preço dos materiais de construção interfere em todo setor, que ainda sofre com desabastecimento e aumentos semanais.

"Os preços subiram após a pandemia. Por causa do alto consumo, os preços dispararam e não foi só dos materiais mais usados. Quando você ia no armazém no mês de março estava um preço, agora todos eles sofreram uma elevação", relata o pedreiro Wilson da Silva.

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Wilson percebeu as maiores altas foram no tijolo e no cimento, e sugere que a variação é resultado da retomada de obras paradas durante o isolamento rígido em Pernambuco. O Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) explica que "o crescimento da demanda provocada pelo consumidor “formiguinha”, provocada pela injeção dos recursos com o auxílio emergencial" pode ser considerado como um dos motivos para a elevação.

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A última pesquisa Custo Unitário Básico (CUB-PE), desenvolvida em agosto pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-PE), lista 25 materiais básicos e indicou aumento em cinco, comparados ao mês anterior. Apenas a telha de fibrocimento ondulada foi o item que reduziu, com -3,25%.

O vergalhão de aço de 10 mm sofreu o maior acréscimo com 39,27% no acumulado do ano. Segundo o levantamento que compõe o Índice Nacional da Construção Civil (INCC), o tijolo subiu 34,29% e o cimento, 23,28% em 2020. 

De acordo com o pedreiro, antes o saco de cimento era comprado por R$ 25 e hoje é comercializado por até R$ 36. Já o milheiro do tijolo custava em média R$ 450 e pode ser encontrado por até R$ 700. "Eu tô trabalhando para uma mulher que não comprou ainda certos materiais que pedi por que achou muito alto", lamenta

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O presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac-PE), Alberto Lucena, elencou alguns fatores que representam a alta. "Uma das causas foi o aumento do dólar, outra foi que muitas empresas reduziram o quadro de funcionários. Reduzindo o quadro, reduz a produção", indica.

Na visão do representante, as indústrias nacionais aproveitaram o aumento da moeda norte-americana e "deixaram para exportar, do que atender ao próprio mercado". Ele ainda conclui que a pandemia obrigou alguns produtores a aumentar os preços para sobreviver à crise, e os reajustes consecutivos foram incentivados pela regularidade nas vendas.

Sem o abastecimento necessário, lojistas lamentam ter que deixar clientes na mão e perder vendas diante de um período econômico tão complicado. "Quando a indústria paralisa, vai dar uma pequena defasagem de produto no mercado", aponta Alberto, que destacou a escassez do clínquer, usado para a produção de cimento, e do cobre como exemplos.

Lucena esclarece que os reajustes foram necessários para controlar a defasagem de preços. "No tijolo mesmo houve muito problema por que [os fabricantes] passaram muitos anos sem aumento por conta da briga deles mesmo, com uma oferta grande e procura pouca", comenta.

"Essa semana agora vai ter mais um aumento de 10%, era R$ 500 e passou para R$ 550. Eu comprava antes da pandemia por R$ 240 [...] A normalização só vai acontecer quando as indústrias estiverem a todo vapor”, projeta.

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