Juntos ao cineasta pernambucano Guel Arraes e o jornalista Alexandre Figueirôa, eles participaram do painel na Fliporto "Como o cinema e a TV reescrevem a literatura". Na conversa, falaram sobre os dilemas enfrentados na direção de um filme quando o assunto é a livre adaptação literária para as telas. "No começo da minha carreira, escutei dizerem para nunca fazer uma adaptação de um autor vivo", brincou Yamasaki para uma das plateias mais cheias da festa literária.
Mas Guel Arraes e o próprio Nelson Pereira deram testemunhos bem diferentes da brincadeira dita por Yamasaki. Adaptar "O auto da compadecida", segundo Guel, foi algo que ele fez "pisando em ovos". "Tenho uma relação psicológica e afetiva muito grande com o Ariano, então, a cada passo que eu dava, cada cena que imaginava e gostava, eu pensava se o Ariano também gostaria dela. Resolvi fazer então nos moldes de 'O burguês fildalgo", de Molière, que tinha feito com o João Falcão", conta o cineasta, que recebeu um aval do próprio autor para fazer o que bem entendesse com a obra.
##RECOMENDA##
Já Nelson dos Santos acredita que o cineasta tem que ser o mínimo fiel ao autor, tentar descobrir o porquê a obra foi escrita, quais foram as ideias, o que representa - tudo tem de ser respeitado. Para ele o seu maior desafio é fazer chegar ao espectador o que foi captado pelo o leitor da obra. No caso do filme Vidas Secas, seu principal intuito era abordar a chaga do sertão, mas confessa que nunca pensou em trabalhar propriamente com a literatura, queria seguir o cinema Neorealista, falar sobre o que estava acontecendo ao seu redor.
EM PRODUÇÃO - Perguntada sobre em que momento da leitura de um livro um cineasta decide que dará um bom filme, a cineasta Tizuka Yamasaki conta que no caso da sua atual produção, "Amazônia Caruana", foi pela grandiosidade, pela situação do fato e não pela dramaturgia. Baseado no livro O Mundo Místico dos Caruanas da Ilha do Marajó, o filme conta a história de uma Pajé, Zeneida Lima, autora do livro. Nascida às margens do rio Amazonas, o livro conta sobre a fuga da pajé da casa dos pais para seguir uma paixão quando acaba descobrindo seu dom para a pajelança.
Para o próximo ano, Nelson Pereira pretende lançar sua mais nova produção, "A música segundo Tom Jobim", filme que será produzido a partir de arquivos de televisão e rádio que conta com os depoimentos de amigos e de três amadas do compositor: sua irmã, Helena Jobim e sua primeira e segunda esposa, Thereza Hermanny e Ana Beatriz Lona, respectivamente.
Ao ser perguntado sobre o desenvolvimento do cinema brasileiro, ele elogia o pernambucano Cláudio Assis. “Tem gente boa fazendo cinema”, e por fim completa, “sou fã do cinema pernambucano! É corajoso, traz a temática do Brasil. Tem tradição e história”.
*Com a colaboração da repórter Mayra Rodrigues/Especial para o LeiaJá