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Acontece no Recife, na próxima quinta-feira (2), uma palestra com Tião Santos, presidente da Associação de Catadores de Material Reciclável do Jardim Gramacho e consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no Projeto de Erradicação de Lixões no Brasil e na América Latina.

O catador ganhou visibilidade depois de protagonizar o documentário Lixo Extraordinário, produzido pelo artista plástico Vik Muniz. O filme teve indicação ao Oscar, em 2011, na categoria melhor documentário e ganhou diversos outros prêmios, além da aprovação da crítica especializada. Após a produção, Tião Santos tem percorrido o Brasil, alguns países do exterior, contando sua história em escolas, universidades e empresas.

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Na palestra, Reciclagem e sustentabilidade, são abordados os problemas e reflexos do descarte incorreto do lixo a médio e longo prazos, nos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Tião também fala sobre sua trajetória de superação e sobre os avanços da Lei dos Resíduos Sólidos que ajudou a elaborar. Após a apresentação, abre-se espaço para os participantes perguntarem e fazer comentários.

O evento acontece, às 16h, no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), localizada na Avenida Cruz Cabugá, 747, Santo Amaro, e a entrada é gratuita. Para participar, basta fazer a inscrição pelo e-mail palestratiao@asanet.com.br, enviando nome e número de CPF.

Fotos de família colecionadas durante anos, recortadas e coladas a outras recordações dão vida a um menino de dois anos ou a um casal recém-casado graças ao olhar do artista plástico brasileiro Vik Muniz, que brinca com a percepção no Encontro de Fotografia de Arles, sul da França.

Numa exposição de fotos em grande formato em preto e branco chamada "Álbuns" (2014), Muniz cria um mosaico com recortes de fotografias para representar imagens da vida cotidiana, como se fossem pixeis de uma foto digital.

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"A revolução digital mudou nossa relação com a fotografia", diz à AFP o paulista de 53 anos, para quem "tudo o que faltava antes, agora é super abundante".

"Nasci em uma favela, numa família pobre. Nunca tivemos uma câmera fotográfica em casa", lembra o artista. "Minha tia, que morava em Miami, vinha nos visitar uma vez ao ano e me fotografava". O resultado só era visto um ano depois, quando ela voltava ao Brasil.

"Tenho umas nove imagens de quando eu era pequeno. Elas estão guardadas com muito carinho". Desde que chegou a Nova York, aos 21 anos, Muniz começou a comprar fotos de família em mercados de pulga. "Gostava de imaginar a vida dessas pessoas", conta.

A partir de então, o artista brasileiro não parou mais de colecionar fotos que imortalizavam momentos importantes da vida cotidiana: aniversários, comunhões, casamentos, férias.

Após a revolução digital, "vi uma mudança radical em como as pessoas constroem sua memória familiar. Antes, as fotos de família passavam de geração em geração".

"A disponibilidade das fotos de família, através de leilões, internet, mercados de pulga, aumentaram de maneira exponencial", avalia Vik Muniz, que têm cerca de 250.000 fotos.

- "Psicologia, percepção e mídia" -

O artista, conhecido por suas séries de retratos com chocolate e com dejetos, coleciona também postais. Recortados e colados, os cartões formam uma nova paisagem.

"A praia", "Avião de linha" ou uma obra sobre uma Paris de sonhos podem ser descobertas no festival de fotografia de Arles.

Filho de um camareiro e de uma telefonista, Muniz ganhou uma bolsa aos 14 anos para estudar desenho acadêmico e passou dois anos na faculdade de psicologia, em São Paulo.

"Pensei que eu poderia unir meu interesse pela psicologia e pelo desenho trabalhando com publicidade". Seu primeiro trabalho consistirá em melhorar a visibilidade de cartazes nas ruas com a análise da distância de percepção.

Aos 19 anos, quando estava a caminho de receber um prêmio concedido por uma agência de publicidade, Vik Muniz separa uma briga, mas a vítima o atira na perna, ao confundi-lo com o agressor.

"Para compensar o acidente, o cara pagou todos os custos do hospital e me ajudou a pagar minha viagem em 1982 aos Estados Unidos", onde viveu no fervilhante bairro artístico de East Village.

"Minha geração estava restituindo com uma produção nova tudo o que havia lido, visto na televisão, aprendido", avalia Muniz, em referência aos artistas Cindy Sherman e Jeff Koons.

"Pude fazer um tipo de arte que englobava todos os meus interesses em psicologia, percepção e meios de comunicação", destaca este brasileiro reconhecido internacionalmente, que se divide atualmente entre o Rio de Janeiro e Nova York.

Quando a Copa começar, Vik Muniz será visto em campo. Mas é para fazer arte. "Sempre fui um perna de pau. Não consigo fazer mais de três embaixadinhas", conta o artista plástico, estrela do documentário "Atrás da Bola", que chegará ao Netflix a partir de 13 de junho.

Nele, Vik se divide entre a missão de montar uma instalação com 10 mil bolas no estádio Azteca, na Cidade do México, outra semelhante na favela do Vidigal, no Rio, e percorrer diferentes países para conferir qual a relação que comunidades de quatro continentes têm com a bola no futebol ou em modalidades derivadas do esporte. "Provavelmente, a final desta Copa será vista por 1 bilhão de pessoas. E um bilhão de mentes estarão ligadas em um ponto do universo, essa esfera. Uma porcentagem dos habitantes do planeta estará olhando para uma coisa só. Isso é fascinante. O universo estará movendo em torno dessa bola", filosofa.

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O título original do longa, "This Is Not a Ball" - Isto Não é uma Bola, em livre tradução - dá mais sentido à produção. Além de atletas profissionais, como Marta, da seleção brasileira de futebol feminino, e jogadores amadores, há depoimentos de historiadores e até de um astrofísico, que fala sobre a relação do corpo. Vik entrevista ainda os alemães responsáveis pelo desenvolvimento bola oficial do Mundial de 2014.

"Eu gostava da arte dele. Precisávamos fazer algo sobre a Copa e o queríamos algo diferente, com uma natureza social", conta Juan Rendón, diretor colombiano, responsável pela produção mexicana, rodada pela Televisa. As bolas usadas na obra de Vik estarão à venda na internet pelo www.thisisnotaball.com e o dinheiro arrecadado irá para projetos sociais. Em uma das etapas da fabricação, os objetos são costurados manualmente no Paquistão, local que o artista visita. A ideia anterior era aproveitar um projeto de estudantes de Harvard, que criaram bolas que serviam para iluminar ambientes e ajudar populações de regiões pouco desenvolvidas.

Mesmo com referência do Netflix em séries e filmes de ficção, a locadora virtual tem investido em documentários. "Eles se mostraram muito vistos e valorizados por nossos assinantes no mundo, incluindo o Brasil", analisa Jessica Rodriguez, vice-presidente de conteúdo.

Em "Atrás da Bola", a equipe registra o atividades esportivas curiosas, como o chinlone, praticado em Mianmar, na Ásia. Na modalidade, os praticantes misturam futebol com dança. No Japão, há uma prática centenária em que os homens, com trajes típicos nipônicos, fazem uma espécie de embaixadinha em que só usam a parte superior do pé. Uma das sequências que mais impressionam, porém, são os times de futebol de Serra Leoa, na África, cujos jogadores têm pernas amputadas.

Como Brasil é um dos focos do longa, os protestos na Copa da Confederações têm destaque. "A gente ia falar de política e futebol pelos protestos que aconteceram no Egito. Não houve necessidade, pois havia uma carga política tão grande no Brasil que aquilo ficou mais interessante", contou Vik à reportagem.

O artista plástico afirma não se opor às manifestações. "O problema de corrupção de projetos relacionados a essas datas esportivas é complicado. O eleitor não tem como acompanhar", aponta. Segundo ele, um dos problemas é a relação do investimento e o preço dos ingressos. "De repente, há uma conta imensa passada para o contribuinte que não vai a esse jogo. O torcedor, que paga de forma indireta, em imposto, está impossibilitado de ver. Isso não está certo, não é legal. Não vejo absurdo grande o fato de se criar indignação com esses estádios construídos com bilhões de dólares para um evento que vai durar um mês. Não parece certo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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