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A pilota brasileira Bruna Tomaselli e suas futuras rivais na nova temporada da W Series terão que mostrar muitas habilidades na pista para realizarem o sonho de alcançar a Fórmula 1. E isso porque a presença das mulheres na pista ainda é um tabu na categoria, que só vem cedendo o domínio masculino nos bastidores e nas garagens das equipes.

Nos últimos anos, uma série de pilotas ganhou a oportunidade de atuar como piloto de testes e de desenvolvimento até de times grandes, sem sucesso. A maioria só conseguiu disputar raros treinos livres nos finais de semana de corrida. A britânica Susie Wolff foi quem chegou mais perto, como reserva da Williams. Em 2015, o titular Valtteri Bottas sofreu um mal-estar e foi vetado na Austrália, na primeira etapa do ano. Susie era a reserva imediata. Mesmo assim, o time escolheu o alemão Adrian Sutil para formar dupla com o brasileiro Felipe Massa no grid.

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Outras pilotas também atuaram como reservas, caso da suíça Simona de Silvestro e das espanholas Carmen Jordá e María de Villota. Atualmente, duas estão dentro da F-1: a colombiana Tatiana Calderón, pela Alfa Romeo, e a britânica Jamie Chadwick, na Williams.

Se nas pistas a presença é quase rara, nas garagens as mulheres têm alcançado postos de relevância e comando. O ponto mais alto foi a chegada da indiana Monisha Kaltenborn ao cargo de chefe de equipe da Sauber, em 2010. Pela primeira vez, uma mulher atingiu tal posição na hierarquia das equipes.

Claire Williams, filha do lendário Frank Williams, comanda na prática a Williams. Mas oficialmente está abaixo do pai, afastado da categoria nos últimos anos em razão de problemas de saúde. Na Alfa Romeo, a britânica Ruth Buscombe ocupa a função de engenheira de estratégia do time.

Antes delas, as desbravadoras começaram a atuar na F-1 na década de 50. No total, apenas cinco conseguiram entrar num GP, sem registros de pole position e vitórias. Apenas uma delas, a italiana Lella Lombardi, somou ponto no campeonato.

As outras foram a também italiana Maria Teresa de Filippis. Disputou quatro provas pela Maserati em 1958. Lombardi esteve na categoria entre 1974 e 1976, ano em que a britânica Divina Galica iniciou as tentativas para disputar uma corrida. Em 1980, a Williams deu à sul-africana Desire Wilson uma única oportunidade de tentar correr. Ela falhou e ficou fora do grid do GP da Grã-Bretanha e nunca mais recebeu chances. E, em 1992, a italiana Giovanna Amati defendeu a equipe Brabham, sem destaque.

O automobilismo internacional terá uma categoria de monoposto exclusiva para mulheres em 2019. Lançada nesta quarta-feira, a chamada "W Series" tem como um de seus objetivos ajudar no desenvolvimento das pilotas para chegarem até a Fórmula 1. E promete uma premiação de US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 5 milhões), sendo US$ 500 mil (cerca de R$ 1,8 milhão) apenas para a campeã.

Ainda sem calendário definido, a competição deve ter seis corridas, com duração de 30 minutos, em pistas que já receberam provas da Fórmula 1 na Europa. Depois, a ideia dos idealizadores do projeto é expandir para América, Ásia e Austrália. Todos os carros serão idênticos ao Tatuus T-318, utilizado atualmente na Fórmula 3 Europeia.

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"Para ser um piloto bem-sucedido, você não precisa ter um nível superpoderoso de força que alguns esportes exigem. É por isso que nós da W Series acreditamos que pilotos femininos e masculinos podem competir uns com os outros em igualdade de condições, dada a mesma oportunidade", disse David Coulthard, ex-piloto da Fórmula 1 e um dos apoiadores da nova categoria.

"No momento, porém, as mulheres alcançam um 'teto de vidro' no nível GP3/Fórmula 3 em sua curva de aprendizado, muitas vezes como resultado da falta de financiamento e não da falta de talento. É por isso que é necessária uma nova série de corridas para estabelecer um habitat competitivo e construtivo de automobilismo no qual nossas pilotas poderão se equipar com o conjunto de habilidades necessário para seguir em frente", finalizou.

As interessadas aprovadas para ingressar na W Series passarão por um treino completo de automobilismo que envolvem desde técnicas de direção, técnicas de engenharia e condicionamento físico até ao trato com a imprensa.

"A razão pela qual tão poucas mulheres, até agora, correram com sucesso ao mais alto nível, tem mais a ver com falta de oportunidades e não falta de capacidade. E é por isso que estou muito contente por estar envolvido na W Series, pois deste modo posso contribuir para criar uma plataforma na qual as pilotos possam melhorar, competindo umas com as outras, partindo daí para a evolução das suas carreiras e, sim, F1", explicou Adrian Newey, apontado como um dos maiores projetistas da história da Fórmula 1.

Quem também destacou a importância do crescimento das mulheres dentro do automobilismo foi Catherine Bond Muir, CEO da W Series. "Há poucas mulheres a competir em séries de monoposto neste momento. A W Series aumentará certamente esse número de forma muito significativa em 2019, e com isso esperamos libertar muito o potencial de muitas pilotos. As pilotos da W Series se tornarão estrelas globais - modelos inspiradores para mulheres em todos o lado".

A italiana Lella Lombardi, em 1976, foi a última mulher a disputar uma corrida de Fórmula 1.

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