Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Análise de Conjuntura e tendências

Adriano Oliveira, | qua, 24/08/2011 - 08:49
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Fico costumeiramente surpreso com as notícias advindas da imprensa sobre o comportamento dos atores políticos. Tenho a impressão, geralmente, que a notícia é antiga. O fato já ocorreu, mas a imprensa só veio noticiá-lo após meses ou anos.

Jornalistas não são obrigados a se antecipar a notícia. Pois eles precisam noticiar a notícia. Portanto, só existe noticia quando ela surge. A notícia é um fato. Deste modo, a imprensa aguarda o fato surgir para depois noticiá-lo.

Ao contrário da imprensa, analistas políticos, politólogos e estrategistas precisam se antecipar ao acontecimento do fato e sugeri-lo ou interpretá-lo antes dele virar notícia. Neste caso, os estrategistas, por exemplo, precisam observar a tendência do comportamento dos atores, através da Análise de Conjuntura, e antecipar a notícia.

A Análise de Conjuntura consiste na compreensão do comportamento dos atores e na realização de prognósticos. Neste exercício intelectual, o qual é árduo, o estrategista precisa descobrir tendências. Tendências sugerem fatos que poderão ocorrer.

Desde o ano passado friso: a aliança do PSB e do PT em Pernambuco tende a acabar. Escrevi sobre isto várias vezes. Porém, muitos analistas e atores políticos consideram que o PT e o PSB estão no mesmo campo político. Teoricamente estão! Entretanto, a realidade é que estes partidos pertencem a dois campos, quais sejam: prefeitura do Recife e governo do Estado.

Para o PT ter o apoio do PSB na eleição municipal do Recife, ele precisa propor um acordo ao governador Eduardo Campos. Este, por sua vez, quer garantias do PT quanto a 2014. O PT deseja o Governo do Estado. Portanto, não dará, tão facilmente, e se é que dará, estas garantias. Além disto, Eduardo Campos deseja a presidência ou a vice-presidência. E ele sabe que o seu espaço na chapa nacional do PT (Caso ele queira), depende, consideravelmente, de um acordo local.

O exemplo apresentado mostra a Análise de Conjuntura – comportamento dos atores e prognósticos. E revela também uma tendência, qual seja: o possível rompimento do PT com o PSB.

Em linguagem lógica:

     1.    O PT deseja o espaço do PSB em 2014. Mas para o PSB ceder este espaço, terá que o PT ceder um espaço no âmbito nacional ao PSB – parto da hipótese de que Eduardo Campos deseja este espaço;

     2.    O PSB quer garantias do PT quanto a 2014, ou seja: só apoia a reeleição de João da Costa se o PT não tiver candidato ao governo do Estado. A não ser, que Eduardo Campos (Caso deseje) seja contemplado com a vice-presidência de Dilma.

Prevejo que a tendência é o rompimento ocorrer.

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