O favorito Geraldo Júlio começa a apresentar um discurso melhor, embora ainda sinta a necessidade de desfilar um rosário de dados e números, cacoete do ex-secretário que foi nos últimos anos. Com isso, tenta encobrir a falta de experiência nesse tipo de embate. Para alguém pego de surpresa e ungido pelo império de Eduardo Campos, no entanto, Geraldo evoluiu muito, aliando o volume de informações ao raciocínio com começo, meio e fim.
Numa reposta a Humberto Costa, o candidato de dois governadores – Eduardo e Jarbas – também reagiu com agressividade, quando disse que Humberto foi “monitorado” por ele. Passou uma arrogância desnecessária, mas a torcida palaciana deve ter gostado.
Prejudicado pelo processo desgastante de escolha da candidatura petista e pelo desgaste dos 12 anos no poder na cidade, o senador Humberto Costa é de longe o candidato que mostra mais preparo e conhecimento sobre o Recife. Apostou nessa experiência e colocou Daniel Coelho em xeque, ao afirmar que o candidato verde-tucano quer criticar por criticar. Depois de Mendonça Filho entrar em queda livre, Daniel é o alvo preferencial de Humberto, por ser o único que pode ameaçar sua ida ao segundo turno – se Geraldo não levar de primeira.
Se Humberto conseguiu transmitir a impressão de que tem maior experiência para governar o município, não conseguiu se livrar do carma petista, e se perdeu quando teve que explicar o imbróglio da confusão com João da costa. Tão pouco foi feliz ao responder a questão do mensalão, demonstrando o quanto o partido de Lula e Dilma pesa nesta eleição.
Daniel Coelho se mantém fiel ao estilo livre, batendo nos dois adversários do PT e do PSB. Seu ponto alto ontem foi quando colocou Geraldo no muro: “Ele é igual a João da Costa”, lembrando que o marqueteiro do atual prefeito é o mesmo do candidato do Palácio. No afã de ultrapassar Humberto e conseguir a façanha de ir ao segundo turno, Daniel precisa no entanto dosar o ímpeto. Se não equilibrar os ataques a um discurso propositivo, pode continuar sendo apontado como o franco atirador sem experiência administrativa.
O deputado Mendonça Filho também melhorou no clima quente, e surpreendeu ao partir para o ataque. “Temos o Humberto, o original, e Geraldo, o genérico”, disse no final do debate. A postura revela que o democrata resolveu enfim partir para o tudo ou nada. Com boa performance, poderia ter sido mais enfático contra o PT, no momento em que foi indagado sobre os problemas de corrupção do Democratas.
Para o eleitor indeciso, os debates de agora em diante devem ser uma oportunidade para enxergar as diferenças entre os candidatos, finalmente convencidos de que a hora da escolha democrática chegou.