Nesse espaço que o “LEIA JÁ!” abriu para que pudéssemos escrever em forma de artigos algumas questões educacionais da atualidade, senti-me à vontade para aprofundar um pouco mais a temática relativa à exclusão, fechando o foco na educação.
Inicialmente gostaria de registrar que acredito que a exclusão não atinge somente os pobres, os miseráveis... Ela está presente em todos os locais de nossa sociedade. Muitas vezes a pessoa que exclui outra de seu convívio, em outro momento também é vítima de um outro tipo de exclusão, seja ela relativa à hierarquia social; profissional; à raça; à sexualidade; ao grau de conhecimento etc.
A exclusão e o preconceito caminham lado-a-lado. “Eu” irei excluir do meu mundo, do meu convívio aquilo, ou melhor, aquele, devido a algum preconceito meu, trazido dentro de mim. Tanto a exclusão, como o preconceito pertence a um ciclo, onde o preconceituoso excludente em um segundo momento será vítima de uma outra pessoa com sentimento excludente diverso.
A exclusão é algo tão temerário que seus efeitos estão presentes de forma globalizada, pois antes de ser atingido, o sujeito já foi excluído de sua comunidade e descobre que é um “ninguém” quando já tarde. Como escreveu Eduardo Galeano: “Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada. Os ninguéns: os nenhuns, os que ninguenados, correndo a lebre, morrendo a vida (...). Que não são, embora sejam. Que não falam idiomas, mas dialetos. Que não profetam religiões, mas superstições. Que não fazem arte, mas artesanato. Que não praticam cultura, mas folclore. Que não são seres humanos, mas recursos humanos. Que não têm rosto, têm braços. Que não têm nome, têm número. Que não figuram na história universal, mas na crônica policial da imprensa marrom local. Os ninguéns que custam menos que a bala que os mata”.
Em certa vez, li no livro dos Provérbios (Pr. 16,16) que “Melhor do que ouro é adquirir sabedoria; e adquirir discernimento é melhor do que prata”. Isso não quer dizer que a aquisição do conhecimento, do saber fará cessar a exclusão dos “ninguéns”, mas somente a educação será capaz de torná-lo um cidadão. Daí a importância dos professores, dos educadores em sua função de intervir no crescimento dos seres humanos, principalmente daquelas pessoas portadoras de síndromes genéticas, ou dos cegos, ou dos surdos, por exemplo. Somente estes profissionais são capazes de fazer a sociedade refletir sobre uma nova ética: a do ser.
A educação é a peça fundamental para quebrarmos a adoração hegemônica do ter, que tanto tem excluído os portadores de necessidades especiais do convívio acadêmico. Semanticamente a educação (educere) significa: fazer sair, extrair, dar à luz. Essa é a base do conceito da “Educação Inclusiva”, onde buscamos concretizar a dignidade da pessoa no ambiente educacional. Todos nós devemos nos engajar nessa campanha.
Gostaria de concluir dizendo que o educador deve se aproximar da sociedade, conhecê-la, estimular seus entes a participarem ativamente da vida social, para que – conhecendo e vivendo com as diferenças – possamos construir com os nossos alunos, com os professores e a família o verdadeiro conceito de educação, sem exclusões.