As ações e os interesses dos atores precisam ser cotidianamente analisados. São as ações dos atores que fornecem condições para os analistas políticos construírem cenários eleitorais e realizarem previsões. Por vezes, os analistas, e os próprios atores políticos, desprezam as informações e agem sem prognosticar cenários. Em razão disto, erram e se decepcionam.
O debate cotidiano em torno da eleição do Recife não ocorre fortemente, por incrível que pareça, no conjunto de partidos que teoricamente realiza oposição à Frente Popular. Esse conjunto de partidos é composto pelo DEM, PPS e o PMDB. Nesse conjunto, debates com intensidade não ocorrem. A razão disto é que todos desejam ser candidatos, mas todos os postulantes estão, com razão, receosos do insucesso eleitoral caso disputem de modo fragmentado.
Por outro lado, na Frente Popular, conforme ressalto há cerca de um ano, três polos de poder brigam entre si. PT, PSB e PTB desejam o governo do Estado em 2014 e por isso travam uma intensa luta em torno da disputa municipal do Recife. Os atores do PT e do PTB, de modo legitimo, desejam manter ou conquistar a prefeitura do Recife e com isto obter condições de diálogo mais favorável com o governador Eduardo Campos em 2014. Em razão desse desejo e pela reduzida aprovação da gestão, João da Costa é o alvo.
Não existe um projeto da Frente Popular para o Recife. Se João da Costa fosse um prefeito bem avaliado, disputas na Frente Popular ocorreriam, mas não de modo tão intenso. O que possibilita a intensidade de debates em torno do nome de João da Costa é o desejo do PT e do PTB em manter e conquistar a prefeitura do Recife em razão da disputa estadual de 2014.
O PSB, por sua vez, ao ter o governador Eduardo Campos muito bem avaliado, o qual avançou sobre o eleitorado do PT na Região Metropolitana do Recife, observa, com sabedoria, os movimentos internos do PT e do PTB, e torce para que João da Costa seja o candidato. Caso esse não seja, o jogo será outro, ou seja, o PSB poderá ofertar outro candidato aos eleitores do Recife.
Friso que se o PSB ofertar outro candidato, esse será do PSB ou uma grande surpresa. Mas certamente não será do PTB. Friso ainda que o PSB, mesmo diante da candidatura de João da Costa, poderá torcer por outro candidato, o qual não pertence aos partidos que integram a Frente Popular. Por fim, em razão do peso eleitoral de Eduardo Campos, é possível que todos os partidos que hoje brigam na Frente Popular optem por apoiar a reeleição de João da Costa.