Janguiê Diniz

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O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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As mudanças na economia Argentina

Janguiê Diniz, | qui, 03/05/2012 - 12:27
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É público e notório que   a Argentina representa a segunda maior economia da América do Sul, atrás apenas do Brasil. O país “Hermano” participa ativamente do Mercosul, e também faz parte do G20, grupo formado pelas vinte maiores economias do mundo. Nos últimos anos a Argentina tem aparecido no noticiário  internacional principalmente pelas mudanças em sua economia. Atualmente, este é o grande desafio econômico daquele  país: enfrentar a fuga de capitais e reduzir a inflação.

Recentemente, ao decidir estatizar 51% da petrolífera YPF e assumir a participação que cabia à espanhola Repsol, a presidente argentina Cristina Kirchner tem sido duramente criticada pela comunidade internacional, em virtude desta postura  política,  tendo sido, inclusive, sua atitude considerada por muitos como populista e arbitrária.  Kirchner tem adotado a “política de subsídios", também utilizada em 2003, durante o governo do ex-presidente e seu falecido marido Néstor Kirchner e considera este um dos fatores que promoveram o crescimento econômico do país.

Configurando o quadro, em um período de crises financeiras e recessão nos mercados mundiais, a Argentina mostrou um crescimento na atividade econômica de 8,8% em 2011 quando comparado a 2010, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). Esse incremento foi gerado pelo consumo, pelo comércio internacional e pela indústria. Outro dado que deve ser ressaltado é que a balança comercial argentina fechou 2011 com um excedente de US$ 10,347 bilhões. O que representa 11% abaixo do número registrado em 2010. As exportações cresceram 24%, registrando US$ 84,269 bilhões, e as importações tiveram elevação de 31%, no total de US$ 73,922 bilhões.

Em contrapartida a esses números positivos, entre 2003 e 2010, o consumo de petróleo e gás subiu 38% e 25%, respectivamente. Enquanto a produção declinou 12% e 2,3% no mesmo período. Tudo isso em um país com uma das maiores reservas mundial comprovadas de gás de xisto.  O desacerto energético tem custado muito caro à Argentina, estima-se um déficit de 60 bilhões de dólares, mas, há apenas três anos, o setor era superavitário. Esta pode ser a justificativa para a estatização promovida pela Casa Rosada.

Um dos motivos que levaram a presidente à reeleição foi a continuidade política, antes adotada por Néstor. Dentre as medidas adotadas podemos destacar o enfrentamento do Fundo Monetário Internacional (FMI), quando o país recusou aceitar as políticas de ajuste fiscal e preferiu ficar sem créditos internacionais e renegociar a dívida externa unilateralmente. Em vez de conter gastos públicos para pagar os credores, o governo argentino investiu em programas sociais. Como resultado, a Argentina saiu da crise graças, em parte, ao aumento dos preços das principais matérias primas que exporta: carne, trigo e soja.

Na nossa ótica a posição política adotada é muito perigosa. Não podemos afirmar se  esta posição política adotada pela presidente argentina  dará certo em longo prazo.  A economia argentina vem crescendo graças aos preços altos de matérias primas, mas apresenta um déficit no orçamento público, já que, nos últimos 4 anos, quase US$ 70 bilhões foram sacados do sistema financeiro argentino. Apesar da situação política e econômica do país se manter estável, a pergunta que fica é: Até quando o governo argentino conseguirá sobreviver sem os empréstimos de órgãos internacionais?

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