A cada dia que passa fica mais evidente que o governador Eduardo Campos (PSB) firmou um pacto com o dono do tempo. Enquanto os presidentes das mais diversas siglas partidárias correm contra o incansável tic-tac para tentar permanecer nos cargos que ocupam, o dirigente-mor dos socialistas segue com sua aparente calma e voz mansa, apesar da agenda apertada.
O comportamento do governador estranha, tanto que, no seu partido, é praticamente único. Da presidência para baixo, os integrantes das comitivas municipal, estadual e nacional do PSB parecem desconhecer qualquer acordo firmado entre seu dirigente e o relógio e lutam para viabilizar acordos, projetos e promessas para atender aos interesses da legenda. Ou de parte dela. Ou dos seus próprios.
Eduardo Campos decidiu retirar o apoio da sigla que comanda da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Enquanto muitos aguardavam um discurso repleto de alfinetadas e agressões silenciosas, uma carta simples, curta e direta. Um “obrigado, quem sabe a gente não retoma o namoro quando você tiver mais maturidade?”.
Aliados de outrora vociferam palavras contundentes contra a figura do presidente nacional, “canalhice”, disse o ex-ministro Ciro Gomes sobre atitudes de Eduardo. O senador Armando Monteiro (PTB), um dos grandes escudeiros do até então “grande gestor”, como disse incontáveis vezes, do dia para a noite, teceu uma lista de defeitos para tentar passar a imagem que está disposto a descer do muro que tanto ama.
O pernambucano, confiante no seu acordo com o tempo, deixou passar.
Executivo e Legislativo usam a imprensa para tentar arrancar do governador seu “sou candidato”. Ninguém quer acreditar que as investidas do Partido dos Trabalhadores foram em vão e baseadas no achismo.
E, confiante no seu acordo, o governador insiste: “2014 só em 2014”. E se esse pacto de cavalheiros for quebrado? Quem perde mais? Eduardo ou o relógio?
É tudo culpa da mídia – Líder do PT na Câmara Federal, o deputado cearense José Guimarães (aquele, dos dólares na cueca) voltou a atacar a imprensa e acusou a de distorcer as reais intenções do Partido dos Trabalhadores ao tentar impedir a criação de novas siglas. Segundo ele, o que seu partido queria, de verdade, não era restringir o acesso das novas legendas ao fundo partidário ou evitar perda do tempo de propaganda eleitoral na tevê; a vontade dos petistas, de coração, era evitar o desgaste causado pelo troca-troca partidário.
Candidato próprio – Candidato à presidência estadual do Partido dos Trabalhadores, Wladimir Quirino, minimizou a possibilidade de a sigla vir a apoiar o senador Armando Monteiro Neto (PTB) em sua investida ao Governo de Pernambuco. “A sociedade espera mais de nós”, disse o petista à Rádio JC News.
Investigação - A Corregedoria-Geral de Justiça de Pernambuco aceitou diversas denúncias contra a juíza Andréa Calado, da Vara da Infância de Olinda. A magistrada é suspeita, entre outras coisas, de envolvimento num caso de adoção irregular e cometer assédio moral contra servidores da vara que atua, além de quebra de sigilo profissional e falsidade ideológica.
Mais segurança - A Prefeitura do Recife regularizou a medida que cria novas regras para boates, clubes noturnos e demais estabelecimentos do segmento. A partir de agora, os responsáveis pelos locais terão que emitir em todo e qualquer material de publicidade dos eventos o número de funcionamento e de proteção contra incêndios, com as datas de validade, além da capacidade máxima de público.
CURTAS
Soltou o verbo – O vice-prefeito de Orobó, Dui do Bujão (PP), externou, ontem (26), sua insatisfação com o seu até então aliado, o prefeito Cleber Chaparral (PSD). “São quase dez meses de administração e o prefeito, em momento algum, veio pedir minha ajuda ou minha opinião pelo bem da administração de Orobó”, disse o vice, que há meses não esconde seu descontentamento com a falta de tato político do prefeito.
Verdinho, verdinho – O deputado federal Carlos Eduardo Cadoca, sem partido há seis meses, deve mesmo ingressar no Partido Verde (PV). Cadoca deixou o Partido Social Cristão, abandonado recentemente pelo ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral, após ter pedido o controle da sigla para o ex-gestor.
Perguntar não ofende: O PTB rompe com o PSB caso o governador Eduardo Campos não apoie a candidatura do senador Armando Monteiro ao Palácio do Campo das Princesas?