Entendo que esse movimento de protestos que se realiza nas grandes cidades brasileiras tem razões múltiplas: a insatisfação com a péssima qualidade de serviços públicos, como saúde, educação, segurança, transportes; a perspectiva ameaçadora da volta da inflação; a ideia disseminada de que política é sinônimo de corrupção, e a inadequada resposta das instituições às demandas sociais.
Mas acho também que esse movimento tem origens mais profundas: uma geração que acumula frustrações, que vê na vida apenas a presença da urgência e da sobrevivência a um mercado competitivo e opressor.
Perdeu-se o sentido da utopia, do sonho e da esperança na construção de um mundo melhor.
Por isso, ele é uma explosão de insatisfação. Não é um movimento organizado que tenha uma causa central.
Uma consequência muito importante dessas manifestações é a demonstração de que a sociedade brasileira ainda tem capacidade de indignação, energia para ir às ruas, como fomos na campanha pelas Diretas e no Impeachment de Collor.
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