Janguiê Diniz

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O mundo em discussão

Perfil:   Mestre e Doutor em Direito, Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Exito de Empreendedorismo

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A despedida de Abelardo da Hora

Janguiê Diniz, | qui, 25/09/2014 - 09:39
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O ano de 2014 leva mais um grande nome da cultura brasileira. Desta vez, nos deixa o escultor, desenhista, ceramista, gravador e poeta, Abelardo da Hora. Mais um pernambucano que ganhou o mundo com sua arte e fez exposições em vários países da Europa, na Mongólia, na Argentina, em Israel, na antiga União Soviética, na China e nos Estados Unidos.

Apesar de ter sido, no começo da carreira, influenciado por Cândido Portinari, ele afastou-se de qualquer referência ou influência anterior e começou a construir um estilo próprio e que logo caiu no gosto do povo. As obras de Abelardo tornaram-se inconfundíveis. Ele era um apaixonado pela figura feminina e pelo povo.

Abelardo despertou para arte por coincidência, quando entrou, por acaso, na Escola Técnica da Encruzilhada e concluiu o curso de Artes Decorativas. No entanto, não acredito em coincidência. Abelardo se tornou o que era em sua essência: um dos pilares da arte moderna em Pernambuco.

As esculturas de Abelardo estão espalhadas pelo Recife, no entanto, é na sua casa que está a maior parte das suas obras. O artista trabalhava e vivia no mundo que ele mesmo criava. Quem olhava aquele pequeno homem, enxergava um jeito doce, a tranquilidade e a simplicidade de quem tinha prazer em viver e trabalhar.

Da Hora era um exemplo de vitalidade. Com mais de 1.800 obras e aos 90 anos, ele se preparava para novos trabalhos. Abelardo foi comunista, fundou a Sociedade de Arte Moderna do Recife, contou que foi preso mais de 70 vezes, inclusive durante o golpe militar, foi secretário de educação e tantas outras coisas. Mas, o mais importante, Abelardo da Hora foi e é história.

E, se a arte de Abelardo da Hora é, desde o começo, feita de amor e solidariedade, ele dedicava o seu amor às mulheres através das esculturas e a solidariedade vinha da inspiração que o povo e a vida popular lhe davam. Uma das séries mais famosas do escultor, “Meninos do Recife”, foi inspirada no sofrimento e na miséria do povo, e eternizada em esculturas expressionistas.

O último traço da genialidade de Abelardo da Hora foi sobre o futebol. A peça ‘O Artilheiro’ está imortalizada na entrada da Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, sua cidade natal. Com um título sugestivo, a estátua simboliza o artista que sempre fez “gols” em todos os seus trabalhos. Em um ano tão marcante, perdemos mais um grande artista e inspirador.

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