Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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Dilma e o ilusionismo

Adriano Oliveira, | qui, 09/04/2015 - 10:38
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Analistas e estrategistas tentam interpretar eventos presentes na realidade. Da interpretação, estratégias de posicionamento surgem. A estratégia é a arte de posicionar o ator político diante de um evento que tende a lhe trazer prejuízos. Neste caso, o ator escolherá a posição que lhe trará benefícios. A estratégia é a capacidade de utilizar os meios mais adequados para obter benefícios. Ambas as definições são complementares.

Quando o analista e o estrategista desconsideram os fatos ou insistem em premissas já postas, eles se transformam em ilusionistas. Neste caso, eles não interpretam os fatos à luz do realismo. Ao contrário, eles permitem que ideologias e julgamentos de valores guiem a análise e a estratégia. Diante disto, os fatos analisados não são iluminados. Portanto, a dinâmica deles não é decifrada e caracterizada.

Um novo termo surge, neste instante, no vocabulário de variados analistas e estrategistas: renúncia branca. Tal termo faz referência a presidente Dilma Rousseff e sugere que ela abdicou do exercício do governo em razão de ter nomeado Michel Temer para exercer a função de articulador político. A renúncia branca significa também que Dilma não governa no âmbito econômico, pois Joaquim Levy é o primeiro-ministro do governo.

A renúncia branca é obra de ilusionistas. Ou seja: tal termo não encontra correspondência com a realidade. Em regimes presidencialistas, particularmente no Brasil, ministros são nomeados para exercerem a articulação política. E em momentos de fragilidade da economia, ministros da Fazenda conquistam espaços midiáticos, os quais encobrem as atividades dos presidentes.

A caracterização realista do segundo mandato do governo Dilma Rousseff requer a adoção de outros termos, quais sejam: paralisia decisória e déficit de empatia. Construo o primeiro termo considerando dois fatos criados pela presidente Dilma: 1) A demora da presidente em defender e explicar o pacote fiscal aos eleitores; 2) Lentidão em reconhecer a importância estratégica do PMDB para o seu governo.

déficit de empatia da presidente Dilma é observado entre os eleitores. A alta taxa de reprovação do seu governo e a ausência de confiança para com ela sugere que os desafios políticos e econômicos são menores diante de um desafio maior, qual seja, conquistar a empatia dos sufragistas.

Empatia é um sentimento. A empatia de um ator político entre os sufragista é observada quando ele desperta, através dos seus diversos atos, admiração. Desta, outros sentimentos nascem, como respeito, confiança e compaixão. Tais sentimentos, incluso a empatia, não estão presentes na relação entre Dilma Rousseff e o eleitor. Portanto, paralisia decisória e déficit de empatia são termos que nascem da realidade política. Outros termos são obras de ilusionistas.

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