Diz a sabedoria popular que quem não tem o que dizer é melhor ficar calado. Talvez por isso mesmo, a presidente Dilma resolveu não fazer o tradicional pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio. Há quem diga, também, que diante da crise e do desgaste do seu governo, ela tenha ficado com receio da repercussão de um panelaço enquanto estivesse falando na TV.
Dia do Trabalhador é uma boa data para um chefe de Nação conversar com quem produz e faz a economia do País. Por isso mesmo, fiz um levantamento, ontem, para entender o que a presidente falou nos últimos anos na televisão na comemoração do dia 1º de maio.
No ano passado, por exemplo, o pronunciamento de Dilma pelo Dia do Trabalho foi contestado pela oposição, que argumentou que a presidente, então pré-candidata à reeleição, usou o espaço em rede nacional para fazer propaganda eleitoral antecipa. Em seu discurso, Dilma anunciou a correção de 4,5% da tabela do imposto de renda e reajuste de 10% dos benefícios do Bolsa Família de 36 milhões de pessoas.
Em setembro, o Tribunal Superior Eleitoral aceitou representação do PSDB e multou Dilma em R$ 25 mil. Em sua defesa, apresentada pela Advocacia-Geral da União, a presidente sustentou que não houve propaganda eleitoral uma vez que o discurso em comemoração do Dia do Trabalhador é "típico e tradicional" e ocorreu "em época distante das eleições".
Em 2013, Dilma disse no pronunciamento do Dia do Trabalho que Governo não iria "descuidar nunca" do controle da inflação. A presidente disse ainda que continuaria “sua luta firme” pela redução de impostos e pela diminuição dos custos para produtores e consumidores, além de ter destacado o aumento no número de empregos durante o seu Governo.
No pronunciamento de 2012, Dilma cobrou redução nas taxas de juros por parte dos bancos privados. Na ocasião, ela classificou como "inadmissível" que o Brasil, com um dos sistemas financeiros "mais sólidos e lucrativos", continuasse com taxas de juros entre as mais altas do mundo.
No seu primeiro ano de governo, em 2011, Dilma destacou na fala do Dia do Trabalho o crescimento no número de empregos e renda no Brasil e se comprometeu a continuar com a política de valorização do salário mínimo. A presidente lembrou ainda do lançamento do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), lançado no dia anterior ao pronunciamento.
RIFADO EM CASA - Michel Temer está sendo torpedeado por seu próprio partido, o PMDB, na tarefa de articulador do Governo Dilma. Depois dos cargos, o vice-presidente vai cuidar das votações. E não poderá entregar nada, dizem aliados, sem apoio dos presidentes Renan Calheiros (Senado) e Eduardo Cunha (Câmara). A briga entre ambos enfraquece a posição de Temer e lhe tira a escada na hora de fazer meio de campo entre Planalto e Congresso.
Arcoverde desafia crise– Mesmo com o agravamento da crise econômica, que levou o Estado a frear os investimentos nos festejos juninos deste ano, a prefeita de Arcoverde, Madalena Brito (sem partido), garante que não haverá nenhum tipo de mudança no já tradicional polo de São João do Sertão, que virou seu município. “No ano passado, a festa movimentou R$ 30 milhões e esperamos superar essa meta”, diz.
Segundo escalão – Indicado pela bancada catarinense, Vinícius Lummertz vai assumir a Embratur. Na Funasa, será mantido Antônio Henrique Pires, da cota do PT. O superintendente mineiro do Departamento Nacional de Política Mineral, Celso Luiz Garcia, deve assumir o DNPM. Ao PTB foi prometida a continuidade do presidente da Conab, Rubens Rodrigues dos Santos. Apesar da indicação do PR, a presidente Dilma efetivou ontem, no Dnit, Valter Vieira, que comandava o setor de Transporte Aquaviário. Da cota de Pernambuco, entretanto, até agora nenhum sinal.
PPS ganha um terço – A fusão do PPS ao PSB nasceu de uma iniciativa das direções dos dois partidos em São Paulo, alavancadas pelo vice-governador Marcio França e o deputado Roberto Freire. Pelo acordo que está sendo costurado, o PPS ficará com um terço do diretório nacional e um terço da executiva nacional. A mesma proporção será mantida nos estados. O nome do partido permanecerá PSB e passará a contar com duas fundações – João Mangabeira e Astrogildo Pereira.
Prestígio e olho no Senado – A festa dos 48 anos do secretário estadual de Planejamento, Danilo Cabral (PSB), atraiu uma penca de políticos, profissionais liberais e empresários num no Boteco do Recife Antigo. Pelo alto astral e a presença de tanta gente de peso, como o governador Paulo Câmara e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, já tem muita gente apostando que Danilo será candidato a senador em 2018.
CURTAS
SEM CORTES– Do prefeito de Caruaru, José Queiroz, ao falar sobre a redução dos festejos juninos já decretada em alguns municípios: “Mesmo com a crise que enfrentamos, nosso São João continuará com a mesma qualidade e proporção dos outros anos. É uma grande festa e contamos com parceiros e patrocinadores para sua realização”.
BRIGA LOCAL– A saída do advogado e ex-vereador de Olinda, Marcos Belfort, dos quadros do PSB, conforme anunciou, ontem, em nota oficial, nada tem a ver com a sua posição contrária à fusão do PPS ao PSB. Na verdade, ele bateu de frente com o comando do diretório local do PSB e não tem mais ambiente no partido.
Perguntar não ofende: O trabalhador tem motivos para comemorar o seu dia hoje?