Magno Martins

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Política Diária

Perfil:Graduado em Jornalismo pela Unicap e com pós-graduação em Ciências Políticas, possui 30 anos de carreira e já atuou em veículos como O Globo, Correio Braziliense, Jornal de Brasília, Diário de Pernambuco e Folha de Pernambuco. Foi secretário de Imprensa de Pernambuco e presidiu o comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados. É fundador e diretor-presidente do Blog do Magno e do Programa Frente a Frente.

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FHC elogia Arraes, Osvaldo e Inocêncio

Magno Martins, | seg, 16/11/2015 - 10:20
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Na leitura inicial de Diários da Presidência, anos 1995-96, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, (PSDB), encontrei um relato em que ele elogia o ex-governador Miguel Arraes, a quem negou pão e água, e os aliados Osvaldo Coelho, recentemente falecido, e Inocêncio Oliveira, que pendurou as chuteiras da vida partidária. Trata-se de viagem ao Nordeste em março de 96, que começou em Petrolina e acabou no Crato (CE), passando antes no Sertão do Apodi, no Rio Grande do Norte.

“Hoje é sábado, 30 de março de 1996, onze horas da noite, estou voltando do Nordeste. A viagem foi muito boa. Ontem saímos daqui e paramos em Petrolina, onde encontrei os Coelho, Osvaldo Coelho à frente. Ele fez um primoroso discurso, me chamando de “inimigo número um da fome” e, no fim, de “libertador da pobreza”, por causa do Real. Nós demos um apoio necessário ao polo da irrigação no São Francisco”, diz FHC, para acrescentar:

“De lá para Serra Talhada. Não entramos na cidade. Fomos ao reservatório de Serrinha, que vai dar vida ao rio Pajeú, rio cantado pelo Luiz Gonzaga, que pedia exatamente esse reservatório. Nós implementamos. Arraes fez um belo discurso testemunhando a ação do Governo, elogiou o Serra e disse que com a ação do Governo há possibilidade agora de uma coisa séria, honesta”.

Fernando Henrique contou em seguida: “O discurso de Inocêncio Oliveira foi empolgado, citou Hamlet, Shakespeare, fez uma poesia, estava o dono da festa, feliz da vida. Havia um pequeno grupo de sem-terra e quando me dirigi ao povo, eles estavam ali perto, eu queria falar com eles, foram embora, ficaram desconcertados”.

O volume número um do livro de FHC tem 931 páginas, nas quais ele reproduz o que gravou no dia a dia em gravadores sem muito recurso, segundo ele, o que dificultou a transcrição, porque os auxiliares que desgravaram não entenderam, em muitas ocasiões, o que quis dizer nem interpretar aquele exato momento. Por isso, a narração é na primeira pessoa, como se fosse um longo depoimento.

No trecho que encontrei sobre sua experiência numa das viagens ao Nordeste, ele encerra assim: “No Crato, outra etapa da viagem, encontrei Miguel Arraes, Violeta Arraes, o governador Mão Santa(PI) e o Tasso Jereissati (CE). Ai foi um programa ambiental, uma coisa mais sofisticada, toda a população na rua, a não ser um grupo numa esquina, me disse o prefeito de lá, gente da universidade que gritava, xingava e tal. Tasso até me disse que parecia o Sarney na época do Cruzado”.

E conclui, reportando-se à sua experiência no Governo Sarney: “Eu viajei com o Sarney na época do Cruzado, fomos para Aparecida, era assim. Só que o Cruzado durou pouco, o Real está durando já dois anos. Espero que dure o resto do tempo”. Ainda sobre Pernambuco, ele conta como se deu o encontro em que o então jovem deputado Mendonça Filho (DEM), no seu primeiro mandato federal, o procurou para apresentar a emenda que permitiu a aprovação, pelo Congresso, da emenda da reeleição. Depois, eu conto.

DELAÇÕES - Por meio de advogados, dois dos seis presos da Operação Zelotes procuraram investigadores da Força Tarefa para aderir ao instituto de delação premiada, negociação que foi iniciada: Alexandre Paes dos Santos, o APS, e Mauro Marcondes, relacionados na investigação como envolvidos na suposta fraude de decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), ligado ao Ministério da Fazenda. Além das suspeitas de que Santos e Marcondes negociavam decisões no Carf, os investigadores apontam que os dois acusados atuariam em pagamentos de propina em troca de medidas provisórias para beneficiar o setor automotivo.

Degolado da Globo News – Meu amigo Sidney Rezende, parceiro no blog, foi demitido da Globo News, onde estava desde 1997. Um dos fundadores da rádio CBN, um dia antes do cartão vermelho, ele fez críticas ao jornalismo praticado no Brasil. Em um texto intitulado “Chega de notícias ruins”, publicado no seu blog, Rezende argumentou que notícias positivas estão fora da pauta da mídia e lamentou: “Se pesquisarmos a quantidade de boçalidades escritas por jornalistas e ‘soluções’ que quando adotadas deram errado daria para construir um monumento maior do que as pirâmides do Egito. Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.”

O forasteiro está chegado! - Embora o prefeito de Bonito, Rui Barbosa (PSB), negue, o deputado estadual Clodoaldo Magalhães (PSB) transferiu seu domicílio eleitoral de Palmares para aquele município e deve ser o candidato a prefeito apoiado pelas forças governistas. Barbosa está animado, mas receoso de que, ao longo da campanha, o seu candidato oficial, que ali está caindo de paraquedas, seja identificado, apontado e tratado de forasteiro, como de fato tem todas as características.

É cria de casa - Em Caruaru, depois da rasteira que a direção estadual deu no vice-prefeito Jorge Gomes, ninguém tem mais dúvidas de que o prefeito José Queiroz (PDT), que se sentiu apunhalado, apoie efetivamente o candidato que sempre esteve na sua cabeça: o senador Douglas Cintra (PTB). Quanto ao fato do trabalhista ser ligado ao ministro Armando Monteiro, Queiroz já o discurso da resistência dialética na ponta da língua: Douglas é cria política dele, histórico integrante do seu grupo.

O segundo a correr da reeleição - Depois de Severino Otávio (PSB), de Bezerros, assumir que não deseja disputar a reeleição, desiludido com a crise que arrasta os municípios para o fundo do poço, agora é a vez de Armando Souto (PDT), prefeito de Água Preta, também admitir que a reeleição não está em seus planos. “Hoje, não sou candidato. Posso até mudar de opinião, mas não desejo mais. Os municípios brasileiros, quase sem exceção, viraram massas falidas”, diz ele.

CURTAS

PROTESTO – Na próxima sexta-feira, o Sertão do Pajeú vai às ruas protestar contra a paralisação das obras da Adutora do Pajeú, tocadas pela Compesa e suspensas sem a menor satisfação. O ato, que reunirá lideranças políticas e do movimento dos camponeses ligados à Fetape – Federação dos Trabalhadores na Agricultura – será realizado em Afogados da Ingazeira, cidade sede da região.

ALÔ, ANGELIM – Minha agenda de lançamentos desta semana dos livros Perto do Coração e Reféns da Seca começa amanhã pela cidade de Angelim, a 199 km do Recife, no Agreste Meridional. Na quarta, estaria em São Caetano, mas foi cancelado. Quinta é a vez de Salgueiro, sexta-feira Serra Talhada e sábado, Flores. Em todas essas paradas, na Câmara de Vereadores, às 19 horas.

Perguntar não ofende – Com um Executivo criminalizado, um Legislativo judicializado e um Judiciário politizado, o Brasil ainda tem saída?

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