Adriano Oliveira

Adriano Oliveira

Conjuntura e Estratégias

Perfil:Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE - Departamento de Ciência Política. Coordenador do Núcleo de Estudos de Estratégias e Política Eleitoral da UFPE.

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A incerteza

Adriano Oliveira, | seg, 30/05/2016 - 17:18
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O inicio do governo Temer não findou a incerteza quanto ao futuro.  Isto ocorre em razão de dois fatores: 1) Operação Lava Jato; 2) Ausência de reformas. Reafirmo que a meritória Operação Lava Jato produz crise política, e, por consequência, crise econômica. A relação causal entre Lava Jato e crise política foi exposta nos recentes diálogos divulgados entre atores. Os diálogos expostos mostraram como a política é praticada em determinados ambientes.

O fim da crise política passa, necessariamente, pelo fim ou a diminuição do ritmo da Lava Jato. Diversos atores míopes acreditaram que o fim da crise estava no impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. O fim da crise está na interrupção ou no enfraquecimento da Lava Jato. Ou melhor: está na construção do “acordão”.

A diversidade de atores e agremiações partidárias envolvidas mostra que o “acordão” é uma possível solução institucional para a crise política. Esclareço que a crise política existe em razão da incerteza que os diversos atores políticos têm quanto ao futuro. Variados políticos receiam em ser alcançados pela Lava Jato. Por consequência, cobram proteção institucional ao chefe do Executivo. Se ele não oferta tal proteção ou mostra que não tem condições de ofertar, determinados políticos passam a buscar alternativas.

O pacote econômico anunciado pelo presidente interino Michel Temer é capenga. Frisar apenas que o gasto público será limitado é ação, inicialmente, acertada. Contudo, indago: Quais as reformas que o presidente Temer encaminhará ao Congresso? E quando as encaminhará?

Não existe controle de gasto público sem reformas ou aumento de tributos. A não ser que o governo Temer admita que não existe anormalidade em limitar o alcance da matriz social ou a redução do investimento estatal em infraestrutura. Se o Executivo deseja limitar o gasto público, ele deve mostrar alternativa para o aumento da receita. Limitar o gasto público sem considerar o aumento da receita é decretar a falência do Estado como sujeito necessário em alguns espaços sociais.

A posse de Michel Temer na presidência não possibilitou o fim da Lava Jato nem a diminuição do seu ritmo. Como não possibilitou a garantia de que reformas vitais serão realizadas, por exemplo, a reforma da Previdência. Portanto, não sabemos, ainda, se o futuro será melhor. Talvez o melhor futuro ainda esteja distante.

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