Fernando Braga

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Direto do Planalto

Perfil: Fernando Braga é comunicólogo e professor universitário em Brasília. Mestre em Memória Social, especialista em Marketing e em Metodologia do Ensino Superior é titular de colunas em jornais de Brasília e Flórida (EUA)

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MEC leva zero com receita de miojo e hino do Palmeiras

Fernando Braga, | sex, 22/03/2013 - 09:27
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Rasoavel, enchergar e trousse são palavras escritas de forma errada encontradas em redações que mereceram nota máxima no Exame Nacional de Ensino Médio, o Enem. Prova que serve de passaporte para conquistar uma vaga nas universidades públicas, o Enem demonstrou que mesmo quem não tem mérito pode ocupar o lugar ambicionado por um concorrente que estudou mais, se dedicou mais e que deveria obter melhor colocação.

Para nós, os graves erros de português apresentados em redações do Enem que receberam nota máxima refletem a precariedade com que o executivo conduz o sistema de ensino no País”,criticou o deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE). “A educação e seus parâmetros qualitativos são ferramentas fundamentais ao desenvolvimento de uma nação. A falta de comprometimento da atual gestão petista com o setor corrobora os resultados da pesquisa CNI/Ibope, divulgada nesta terça-feira, em que 50% dos entrevistados reprovaram a política educacional do governo Dilma.”

A denúncia sobre esse novo conceito de avaliação de milhares de jovens que, anualmente, se submetem ao processo nacional de avaliação/seleção foi feita pelo jornal O Globo, do Rio, que obteve 30 textos de participantes do Enem que lograram obter nota máxima na redação sem dominar, minimamente, regras de ortografia, concordância verbal, acentuação e pontuação. Em seguida, veículos de comunicação de todo o País divulgaram outros deslizes bem avaliados pelo MEC, como a receita de miojo incluída na redação sobre imigração e a letra do hino do Palmeiras, ambas, brincadeiras que alcançaram médias acima de milhares de outros estudantes que preferiram se esforçar para atender às exigências do concurso.

“ Todos nós sabemos que o sistema educacional brasileiro seleciona as vagas das universidades públicas para os alunos mais ricos, numa lógica perversa”, considerou o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ex-dirigente da UNE . “Com isso, o Brasil construiu uma grande estrutura universitária privada que hoje é responsável pela formação de 80% dos alunos do país.Em 2011, foram matriculados 4,15 milhões de alunos no ensino presencial e 810 mil no ensino a distância.A rede privada foi fundamental para acolher o projeto iniciado no governo Lula denominado de ProUni, que tem hoje 162.329 alunos bolsistas, mas, desde 2007, já atendeu mais de 1 milhão de estudantes.

Aplicado pelo Inep, órgão do MEC que tem a responsabilidade de zelar pela qualidade do ensino que é ministrado em todo o País, o Enem considera perfeito quem não acentua palavras como indivíduo, saúde, geográfica e necessário. Também é considerado aluno modelo, nota máxima, quem escreveu a frase: “Os movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI é”.

A polêmica levantada mais uma vez em torno do Enem motivou o presidente da Comissão de Educação do Congresso, Raul Henry (PMDB-PE), colunista do Leia Já, à convocação de especialistas, como representantes da Academia Brasileira de Letras, Conselho Nacional de Educação e Universidade de Brasília, esta última, onde atuam diversos professores que avaliaram as redações, para uma audiência para análise do problema. Só nos resta torcer para que no próximo Enem, em vez do hino do “Parmeira”, a garotada tenha bom gosto e se deixe avaliar com o hino do Sport Club do Recife: Com o Sport eternamente estarei / Pois rubro-negras são as cores que abracei...

 

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