Tópicos | Abu Hassan al-Hashimi al-Qurashi

O grupo Estado Islâmico (EI) anunciou na quarta-feira (30) a morte de seu líder, Abu Hassan al-Hashimi al-Qurashi, sem detalhar a data, nem as circunstâncias do óbito. Segundo os Estados Unidos, ele teria morrido em combate na província síria de Deraa em outubro.

O que se sabe das circunstâncias de sua morte?

- O que aconteceu em Deraa? -

As forças do regime sírio reconquistaram a província de Deraa em 2018, em virtude de um acordo auspiciado pela Rússia, o principal aliado de Damasco, que permitiu aos antigos combatentes manter a posse de suas armas.

Um combatente local, ativistas na província de Deraa e a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) garantiram para a AFP que, em meados de outubro, houve combates entre os antigos rebeldes e os jihadistas na localidade de Jasim, perto de Deraa.

Vários integrantes do EI, incluindo um iraquiano, morreram nesses enfrentamentos.

O Comando Central do Exército dos Estados Unidos (Centcom) no Oriente Médio informou que o líder do EI morreu nessa operação em Jasim, da qual as suas forças não participaram.

O ativista de oposição Omar al Hariri indicou que as autoridades sírias informaram aos notáveis de Jasim que havia jihadistas do EI escondidos e que soube que o regime pediu aos antigos rebeldes que lançassem um ataque contra os extremistas.

Um combatente que participou da operação falou com a AFP sob anonimato e contou que houve coordenação entre os antigos rebeldes e o regime de Assad para "determinar quais eram as casas onde os jihadistas estavam escondidos" em Jasim e em uma localidade vizinha.

"Ninguém nos disse que o líder do Daesh [acrônimo do EI em árabe] se encontrava entre eles", assegurou o combatente.

Segundo ele, os combatentes locais realizaram a operação e o exército sírio ofereceu "apoio limitado" com artilharia.

Os enfrentamentos que começaram em 14 de outubro duraram cinco dias e envolveram cerca de 20 casas onde os jihadistas estavam abrigados.

Segundo o combatente, havia cerca de 100 jihadistas, dos quais dois morreram após acionarem seus cinturões com explosivos.

Muitos jihadistas morreram nos combates, incluindo um iraquiano, conhecido por seu nome de guerra, Abu Abdel Rahman al-Iraqi.

Segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, o homem se suicidou ao acionar seu cinturão com explosivos na casa onde estava entrincheirado, depois de evacuar seus familiares. O especialista estimou que poderia se tratar do líder do EI.

De acordo com o combatente, representantes do regime sírio que chegaram a identificar os corpos afirmaram que Al-Iraqi era o "emir" do EI na região de Deraa.

"Os serviços de segurança levaram os corpos de desconhecidos para identificá-los", acrescentou.

- O que diz o regime sírio? -

Em 14 de outubro, a agência oficial síria Sana anunciou que "grupos locais apoiados pelo exército" haviam lançado uma operação contra jihadistas em Jasim. Um dia depois, a Sana informou que havia "emires" do EI, incluindo um iraquiano, dentro do grupo que foi atacado.

Em 17 de outubro, a agência anunciou que "todos os membros do grupo terrorista foram erradicados".

Hassan Hassan, que é especialista em grupos jihadistas, estimou em um tweet que o líder do EI "poderia ter morrido acidentalmente", sem que aqueles que o eliminaram soubessem disso.

- Qual é a situação em Deraa? -

A situação na província, que foi o berço da revolta contra o regime de Bashar al-Assad em 2011, continua instável, apesar do retorno das forças do regime em julho de 2018.

Há atentados, enfrentamentos e assassinatos de pessoas leais ao regime, de antigos opositores ou de civis que trabalham para o governo. O Estado Islâmico reivindica esses ataques.

Segundo al-Hariri, "o caos que reina em Deraa é a principal razão pela qual as células do EI se refugiaram ali".

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI), que instaurou um regime de terror na Síria e no Iraque antes de ser derrotado, anunciou nesta quarta-feira (30) a morte de seu líder, o iraquiano Abu Hassan al-Hashimi al-Qurashi, e a nomeação de um sucessor.

O porta-voz do grupo extremista, Abu Omar al-Muhajir, afirmou em uma mensagem de áudio que o líder foi assassinado ao combater "os inimigos de Deus", mas não deu mais informações sobre as circunstâncias, nem sobre a data de sua morte.

Em seguida, foi nomeado o novo "califa dos muçulmanos", Abu al-Hussein al-Husseini al-Qurashi, acrescentou o porta-voz.

Assim como seus antecessores, o novo dirigente inclui em seu nome o termo "Al-Qurashi", uma referência à tribo do profeta Maomé e que indica que o novo líder é considerado um de seus descendentes.

Segundo o porta-voz, o novo "califa" figura entre os "antigos mujahedines" (combatentes islâmicos) do grupo.

O Estado Islâmico conquistou amplos territórios da Síria e do Iraque em 2014, mas seu autoproclamado "califado" caiu depois de ofensivas em 2017 e 2019.

Mesmo tendo perdido seus bastiões na Síria e no Iraque, o grupo continua reivindicando ataques nesses dois países, por meio de células adormecidas.

A organização jihadista também ampliou sua influência em outras regiões do mundo, como no Sahel, na Nigéria, no Iêmen e no Afeganistão.

- Milhares de prisioneiros -

Depois da derrota do EI no Iraque e na Síria, milhares de supostos jihadistas foram detidos.

O grupo instaurou um regime de terror nas regiões que controlava e impôs uma versão bastante rígida da lei islâmica, a "sharia".

Durante sua existência, o autoproclamado califado realizou inúmeros abusos, alguns deles diante das câmeras. Também perseguiu minorias étnicas e religiosas, como os yazidis no Iraque.

Segundo Hassan Hassan, que escreveu um livro sobre o grupo, um cenário possível, mas "sem precedentes", seria Hashimi ter morrido de forma "acidental" durante um ataque, ou um enfrentamento. Outro cenário seria o de uma informação falsa, acrescentou.

O primeiro líder do grupo, Abu Bakr al-Baghdadi al-Qurashi, foi assassinado durante um ataque americano na Síria em 2019.

Seu sucessor, Abu Ibrahim al-Hachimi al-Qurashi foi abatido em fevereiro, em uma operação das forças especiais dos Estados Unidos no noroeste do país.

Os Estados Unidos lideram uma coalizão militar que luta contra o EI na Síria e continua tendo seus líderes como alvo.

Em outubro, as forças americanas mataram um integrante "sênior" do grupo em uma operação no nordeste da Síria, informou naquele momento o Comando Central dos Estados Unidos (Centcom).

E, em julho, o Pentágono afirmou que tinha assassinado o líder do EI na Síria em um ataque com drones no norte do país. Segundo o Centcom, ele era considerado "um dos cinco" líderes supremos do grupo.

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