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O "inimigo do politicamente correto" e presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, voltou a atacar personalidades da cultura negra brasileira e, desta vez, tenta boicotar um premiado longa-metragem dirigido por Lázaro Ramos.

"Filmes militantes - 'Marighella', 'Medida Provisória' - não são dignos da consideração nem do dinheiro do público brasileiro", afirmou Camargo em seu perfil no Twitter.

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Em outra publicação, ele foi mais especifico e direcionou as críticas ao diretor. "Recado rápido para a mídia militante: nenhum preto tem a obrigação de admirar Lázaro Ramos, nem assistir e gostar de seus filmes. Somos livres", escreveu.

O filme

O filme "Medida Provisória" é estrelado por Taís Araújo - esposa de Lázaro - e conta com a participação do cantor e ator Seu Jorge. Ele foi inspirado na peça "Namíbia, Não!" do também baiano Aldri Anunciação.

O filme se passa no Rio de Janeiro. É um longa-metragem de ficção cuja trama parte da criação de uma lei que determinaria a volta compulsória de todos os afrodescendentes a seus países de origem, segundo a sinopse.

O filme foi aprovado em editais da Agência Nacional do Cinema (Ancine), que investiu R$ 1.734.648,73 no projeto, de acordo com o SIF (Sistema Integrado das Áreas Finalísticas).

Além de receber diversas críticas positivas, o longa foi premiado pelo jornal LA Weekly como o 2º melhor filme exibido na South by Southwest Film Festival, no Texas.

Autor da peça responde a Camargo

“Escrevi em 2011, nem sabia quem era Bolsonaro naquela época”, indicou Aldri, que venceu uma das categorias do prêmio Jabuti de 2013.

Na visão do autor da peça que inspirou o filme, o posicionamento de Camargo, adverso ao movimento negro, trata-se de ressentimento e falta de autocrítica.

“Avalio como uma falta de compreensão do presidente da Fundação Palmares do que se é uma distopia futurística. Quando você escreve ou filma na linguagem distópica, você não acusa o presente. Você faz um prognóstico pessimista do futuro.  A não ser que a ‘carapuça’ seja vestida. Aí é uma outra questão. Talvez seja uma questão de ele reavaliar a própria gestão que ele está fazendo de um órgão que na verdade deveria estar apoiando o filme. Me pergunto se ele leu o livro ou assistiu ao filme. Considero uma avaliação precipitada e com aspectos de ressentimento político e talvez pessoal”, avaliou.

Em relação à fala de Camargo sobre o uso de recursos públicos para a produção de Medida Provisória, Aldri questionou: “Eu devolveria a pergunta: e por que não ser bancado por recursos públicos? Os recursos públicos destinados ao cinema devem ir para as mãos de quais artistas? Ele por acaso está dizendo que cinema negro e crítico não deve ter recursos públicos? Por que não?”.

Ele ainda cobrou o presidente da Fundação Palmares em relação a sua gestão à frente da entidade criada para proteger e exaltar a cultura negra brasileira.

“Gostaria de saber do presidente da Fundação Palmares quais são as estratégias dele para estimular o cinema negro no Brasil. Adoraria que ele respondesse”, acrescentou.

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