Destiny era, sem dúvidas, um dos jogos mais aguardados do ano. Afinal de contas, ele é o primeiro projeto da Bungie após deixar Halo, sua série de sucesso que foi extremamente popular nas plataformas Xbox. Misturando elementos de RPG, FPS e MMO, Destiny, além de ser lindo e ter uma trilha sonora fantástica, consegue prender sua atenção e te divertir por horas e horas, mas não tem uma história bem desenvolvida e falha em explorar alguns elementos que poderiam ter feito dele um dos melhores lançamentos do ano.
##RECOMENDA##Em Destiny, o universo acaba de sair de uma escuridão que durou séculos e está nos primeiros passos de uma reconstrução. De cara, são apresentados conceitos enormes que envolvem luz e escuridão, impérios alienígenas e, claro, o futuro da raça humana. O problema é que isso não é passado de forma convincente pela Bungie. Parece que a história foi simplesmente jogada em cima do jogador, e o roteiro nunca se aprofunda nas consequências que acontecerão caso você falhe em suas missões. A forma vaga com a qual a ameaça que está vindo para a Terra é descrita pelos personagens não cria um senso de urgência e a falta de exploração da vida cotidiana no mundo impede que você se importe de verdade com o que está acontecendo.
Você é acompanhado por um Ghost, cuja voz é de Peter Dinklage, ator de Game of Thrones. Ele é outra oportunidade desperdiçada, já que serve apenas para explicar o que está acontecendo e falar sem muita personalidade. Aliás, as falas de todos parecem ter sido escritas por uma criança, já que nunca tem profundidade e são recheadas de clichés. Geralmente, os momentos com foco no enredo são recebidos pelo jogador com um "certo, posso explodir coisas agora?"
É ai que vem a parte divertida, explodir coisas. O gameplay de Destiny é absolutamente fantástico e acerta em cheio em todos os aspectos, começando com o combate. Para veteranos de FPS, especialmente os que já jogaram Halo, Destiny é ao mesmo tempo familiar e refrescante. As mecânicas base funcionam de uma forma conhecida, mas ajustes sútis ajudam a tornar o simples ato de atirar na cabeça de um alienígena inimigo estupidamente divertido, e esse simples fator é suficiente pra abafar a repetitividade das missões, que normalmente tem a mesma estrutura.
O combate mistura tiroteio, melee e habilidades especiais, que incluem armas solares e magia espacial. Não é necessário explicar porque essas coisas são legais, mas acredite, usá-las pra eliminar os adversários é satisfatório mesmo depois de 20 horas jogando. A movimentação também é agradável, nem muito pesada, nem muito leve. Algumas mecânicas como pulo duplo - algo raro em jogos atuais - e uma espécie de moto espacial ajudam a se locomover pelos grandes mapas, e ajudam a passar o sentimento de que você é mais que um humano comum.
Tudo isso acontece em mapas muito bem construídos, que valorizam a exploração e tem rotas para quem não quiser tomar o caminho linear. Todos são lindos de se olhar, e as diversas localidades onde Destiny te leva, que incluem a Terra pós-apocalíptica, Lua, Vênus e Marte, apresentam vistas impressionantes e níveis absurdos de detalhes. Não se surpreenda se após navegar por um sistema de cavernas recheadas de inimigos, você acidentalmente encontre uma gigante nave alienígena estacionada e pronta para ser invadida. Momentos como esse tornam a jornada memorável e são sempre razão pra sorrir. Os menus e interface também são bem desenhados. Ao mesmo tempo, eles são simples e agradáveis de navegar, organizando bem as várias variáveis aplicadas ao jogo. Além disso, uma bela estética futurista e espacial é aplicada a tudo, desde os personagens até os menus.
Além de belos visuais, Destiny é ótimo de se escutar. A trilha sonora, que infelizmente ainda não foi lançada para compra, é possivelmente a melhor coisa do jogo. É preciso tomar cuidado para não passar um longo tempo no menu de espera apenas ouvindo o tema tocar. As músicas são lindas e lembram instantenamente clássicos da ficção científica como Star Wars ou 2001: Uma Odisséia no Espaço, escutá-las dá a sensação de que a jornada onde você se encontra é algo maior do que a vida, ou até a própria Terra, é uma combinação de temas de histórias espaciais com temas de heróis. A cereja do bolo é a música dos créditos, cantada por ninguém mais, ninguém menos que Sir Paul McCartney. Não há nada como um Beatle cantando em um jogo.
Jogando online
O multiplayer pode ser dividido em três partes. A primeira é a forma cooperativa com a qual é possível jogar as missões da campanha. É possível criar uma equipe de até três jogadores para desbravar os planetas, ou ir sozinho e encontrar pessoas aleatórias pelo mundo. O único critério para estes encontros é estar na mesma área que o outro jogador, no mesmo momento. Daí em diante, você pode se juntar com ele e continuar a missão juntos, ou dar uma de lobo solitário e ignorá-lo para permanecer sozinho.
A segunda são as missões Strike, onde é necessário jogar em equipe para enfrentar hordas de inimigos, seguidos por um ou dois chefões que são incrivelmente difíceis de terminar. Os Strikes são os momentos onde Destiny apresenta mais dificuldade, mas terminá-los vai te fazer sentir invencível. Por fim, há o Crisol, que é o multiplayer competitivo, onde duas equipes se enfrentam. Os mapas do Crisol, assim como o da campanha, são bem desenhados e as partidas fluem naturalmente, é muito raro passar um tempo sem encontrar outros jogadores e ter armas fortes não significa nada se você não souber usá-las. O competitivo de Destiny é o melhor em jogos de FPS desde Battlefield 3, em 2011.
Jogar qualquer um destes modos multiplayer abre itens para usar a todos os momentos no jogo, que vão desde armas até peças de armadura lendária, o que nos leva ao outro grande problema de Destiny. Há dezenas de elementos de RPG aqui, mas a Bungie parece nunca aceitar isso. Há poucos tipos de armas, e menos ainda de armadura. Em certo ponto, colecionar itens perde o elemento de surpresa e animação, já que não existe variedade e as mudanças visuais são mínimas. As coisas melhoram uma vez que você passa do level 20, mas parece que a Bungie pretendia fazer um jogo totalmente RPG e acabou parando no meio. Isto é amplificado pela repetitividade das missões e a falta de recompensas por completar as coisas mais difíceis. Sim, é divertido realizar tarefas específicas aqui e ali, mas se o jogador não é propriamente recompensado, não há motivação para continuar.
Veredito
Destiny tem claros problemas, e é um jogo que definitivamente prometeu e poderia ser mais do que é. A expectativa de um clássico instantâneo não deu resultado, mas até perceber os problemas de forma clara, você vai passar horas e mais horas explodindo inimigos, procurando melhorar suas estatísticas de defesa e ataque, e babando diante dos incríveis visuais. Destiny merece pontos por ser tão divertido e viciante, mesmo que deixe a desejar em alguns aspectos. Para quem compra poucos jogos no ano, este é uma boa pedida, já que há muito para se fazer.