Um incêndio na manhã desta sábado (15) deixou cerca de 50 famílias sem moradia na Rua Francisco Alves, comunidade Roque III, no Bairro dos Coelhos, divisa com a Ilha do Leite. O fogo começou por volta das 7h, sendo controlado cerca de duas horas e meia depois. Aproximadamente 70 famílias viviam ali.
Segundo o Capitão Sérgio, da Prontidão de Fogo do Corpo de Bombeiros, as vielas pequenas da comunidade foram o principal empecilho durante a operação. “Quando Chegamos, nem a Polícia Militar nem a Guarda Municipal haviam chegado para fazer a retirada dos populares. Tivemos que entrar enquanto a população saía”, esclarece. Informações de populares diziam que as chamas foram inciadas por uma criança enquanto a mãe dele dormia.
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As famílias foram encaminhadas para a Escola Municipal dos Coelhos, próxima ao local do incidente, para realizarem cadastramento e em seguida serem encaminhadas para Abrigo Municipal na Travessa do Gusmão, bairro de São José, ou casa de parentes.
De acordo com o Secretário-Executivo da Defesa Civil, Adalberto Freitas Ferreira, um prédio já está em planejamento para abrigar as famílias das comunidades Roque I, II e III. O conjunto habitacional, chamado Espólio do Estevinho, vai ser construído na Rua Realeza, no Bairro de São José e tem previsão de conclusão para dezembro de 2015. O órgão informou que quatro moradores e dois bombeiros passaram mal e foram socorridos.
O pintor Cláudio Antônio da Silva, de 55 anos, estava acordado quando o fogo começou. Acompanhado da esposa Maria da Conceição Firmino, que passou mal, conseguiu salvar filha, três animais de estimção, documentos e muitos eletrodomésticos. O auxiliar de lojista Claudemir Mendes da Silva, 35, estava dormindo quando as chamas começaram. “Acordei com uma gritaria, pessoal chorando... Eu consegui resgatar algumas coisas, mas meu irmão perdeu tudo”. O flanelinha Edinaldo Messias da Silva, 42, também perdeu o barraco e prometeu convocar comunidade para realizar um protesto. A dona de casa Airoan Araújo, 49, chegou ao local após o incêndio ter sido controlado. “Eu vim preocupada com meus netos. Este lugar representa nossa raiz, lá do comecinho. É triste ver tudo desaparecer em segundos”, disse Araújo, emocionada. Seus netos passam bem.
O LeiaJá flagrou uma cena de violência entre agentes da Guarda Municipal do Recife (GMR) e populares na área atingida pelo fogo. Segundo o funcionário de lava-jato, Patrick Assis da Silva, de 20 anos, eles estavam apenas tentando ajudar a comunidade. “Nós estávamos retirando bujões e outros objetos quando os guardas quiseram nos expulsar e um deles nos agrediu”, acusa o funcionário. Já o comandante da GMR Marcílio Domingos informou que a equipe recebeu denúncia de jovens saqueando pertences dos moradores e ao chegarem ao local foram agredidos por indivíduos e precisaram usar a força. A GMR informou também que algumas pessoas conseguiram roubar objetos utilizando barcos.