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Milhares de tunisianos acompanharam, neste sábado, o cortejo fúnebre do presidente Beji Caid Essebsi, que morreu aos 92 anos, em um momento comovente de unidade nacional.

Agitando bandeiras e entoando o hino nacional sob um sol escaldante, a multidão saudou a procissão fúnebre ao longo de seu percurso de vinte quilômetros, do Palácio de Cartago ao cemitério de Djellaz, em Túnis.

"Vim aqui para prestar homenagem ao seu trabalho em favor das mulheres", disse Farah, uma arquiteta no meio da multidão.

A polícia organizou um forte esquema de segurança para esse funeral na presença de vários líderes estrangeiros. Um helicóptero sobrevoou a área.

Primeiro presidente democraticamente eleito por sufrágio universal na Tunísia, que morreu alguns meses antes do final do seu mandato, Beji Caïd Essebsi foi enterrado ao lado de membros de sua família.

Uma cerimônia oficial reuniu sua família, altos funcionários tunisianos e líderes estrangeiros, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron, o presidente palestino Mahmoud Abbas, o primeiro-ministro líbio Fayez El Sarraj e o presidente argelino Abdelkader Bensalah.

Os presidentes maltês e português, o emir do Catar, o rei da Espanha, o príncipe Moulay Rachid, do Marrocos, também estiveram presentes.

"Ele era um estadista por excelência", disse o presidente da Tunísia, Mohammed Ennaceur, de 85 anos, que foi empossado imediatamente após a morte do presidente na quinta-feira.

Ele estava "ansioso pelo sucesso da transição democrática", acrescentou.

"Em tempos difíceis, quando o obscurantismo ameaçava (...) ele esteve entre aqueles que corajosamente defenderam uma Tunísia iluminada, aberta e tolerante", disse Macron.

- "Pertencia ao povo" -

O caixão, coberto com as cores da bandeira da Tunísia, deixou o palácio presidencial cercado por cerca de vinte cavaleiros do Exército. Foi colocado em um caminhão militar, precedido por motociclistas. Centenas de carros seguiram na procissão fúnebre.

Nos muitos cafés da avenida Bourguiba, clientes assistiram pela televisão a cerimônia transmitida ao vivo.

Aviões da força aérea sobrevoaram o local, deixando uma rastro de fumaça vermelha e branca, as cores da Tunísia.

"Sinto imenso pesar pela perda de uma pessoa muito querida que nos unia. A História se lembrará dele", disse Amira, uma expectadora.

Primeiro presidente tunisiano a morrer durante o exercício de suas funções, Essebsi foi enterrado no jazigo da família no meio da tarde.

"Beji Caid Essebsi pertence ao povo e todo tunisiano tem o direito de assistir ao seu funeral", escreveu seu filho Hafedh, no Facebook.

Ele deixa para trás importantes assuntos inacabados, incluindo a consolidação das instituições que garantem a democracia.

Mohamed Ennaceur atuará como presidente por um período máximo de 90 dias, até o final de outubro.

A autoridade superior independente responsável pela organização das eleições (Isie) anunciou uma eleição presidencial a partir de 15 de setembro. As eleições legislativas estão, em princípio, marcadas para 6 de outubro.

A Tunísia é o único país árabe que viveu a Primavera Árabe a continuar no caminho da democratização, apesar da turbulência política, lentidão econômica e ataques jihadistas.

A Tunísia, aliviada por ter evitado um vácuo de poder depois da morte do presidente Beji Caid Essebsi, se prepara para realizar eleições antecipadas em menos de dois meses, um desafio em um ambiente político de tensão.

Mas, esta sexta-feira, é dia para homenagens. Agora presidido interinamente pelo chefe do Parlamento Mohamed Ennaceur, que tomou posse poucas horas após a morte de Essebsi, o país saudou a memória de seu primeiro presidente democraticamente eleito por sufrágio universal em 2014.

Festivais foram cancelados, jornais foram impressos em preto e branco, sete dias de luto nacional foram decretados.

Em um editorial intitulado "Adeus, senhor presidente", o jornal O Tempo escreveu "Nossa dor é grande, nossa saudade é imensa", saudando um "grande patriota". "Adeus BajBouj", foi a manchete do O Dia, em referência ao apelido do presidente.

O corpo de Beji Caid Essebsi será levado do hospital militar Túnis para o Palácio Presidencial de Cartago, cerca de vinte quilômetros de distância, onde será velado pela família e amigos próximo.

O funeral nacional está planejado para o sábado, na presença de vários chefes de Estado, segundo o chefe do governo Yussef Chahed, que não especificou quem viria.

Desde o anúncio da morte, líderes internacionais elogiaram o papel crucial do falecido presidente na "marcha para a democracia no berço" da Primavera Árabe. A Argélia e a Mauritânia decretaram três dias de luto.

Agora o país terá que começar a se preparar para as eleições. Beji Caid Essebsi morreu alguns meses antes do final do seu mandato em dezembro, mas a Constituição prevê que o período de governo interino dure apenas entre 45 e 90 dias, ou seja, até 23 de outubro no máximo.

A eleição presidencial estava marcada para 17 de novembro, após as eleições parlamentares de 6 de outubro. Mas o calendário deverá ser mudado.

A autoridade independente encarregada de organizar as eleições anunciou que a eleição presidencial será adiantada e citou na quinta-feira uma votação a partir de 15 de setembro.

Muitos tunisianos saudaram a rápida transição, já que seu país é o único dos Estados árabes que viveram os protestos de 2011 a continuar no caminho da democratização, apesar do tumulto político, do marasmo econômico e dos ataques jihadistas.

"O povo tem orgulho de saber que seu país é um Estado democrático", comentou o ex-secretário-geral do Parlamento, Adel Bsili.

"Os tunisianos e tunisianas, diante da dificuldade de provar que merecem a democracia, conseguiram convencer soberbamente o mundo de que agora a Tunísia é um país democrático", escreveu o jornal A Imprensa, em um editorial intitulado "O Estado permanece de pé".

- Código eleitoral contestado -

Uma primeira hospitalização do presidente no final de junho, dia em que dois atentados suicidas mataram um policial e um civil em Túnis, provocou preocupação à respeito da fragilidade das instituições tunisianas.

As disputas internas e a fragmentação do partido presidencial criaram uma atmosfera deletéria, que pode pesar na organização da eleição presidencial.

E a transição continua enfraquecida pela ausência de um Tribunal Constitucional, instituição crucial de uma jovem democracia, cujo estabelecimento foi adiado várias vezes pelos partidos no poder.

O Parlamento superou na quinta-feira a ausência deste Tribunal, mobilizando a instância provisória de controle da constitucionalidade das leis que o substitui desde 2014, mas as prerrogativas destes continuam limitadas, especialmente para decidir as polêmicas sobre o código eleitoral.

As condições para candidatar-se foram alteradas de forma contestada em junho pelo Parlamento, mas o texto votado por iniciativa do governo não foi promulgado pelo chefe de Estado antes de sua morte. Um desejo da parte dele, de acordo com um de seus conselheiros.

Resta saber se este código eleitoral emendado será promulgado nos próximos dias, excluindo vários candidatos de peso, incluindo Olfa Terras-Ramburg e o magnata da mídia Nabil Karui.

Este último ameaçou usar contra seus concorrentes políticos este texto, que proíbe, retroativamente por um ano, todo o uso de propaganda política e distribuição de bens aos eleitores.

A comissão eleitoral da Tunísia informou que o ex-ministro Beji Caid Essebsi, de 88 anos, venceu o segundo turno da eleição presidencial no país com 55.68% dos votos.

A escolha de Essebsi, cujo partido dominou as eleições legislativas de outubro, conclui a transição democrática no país após a derrubada do ditador Zine El Abidine Ben Ali, em 2011.

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O atual presidente interino, Moncef Marzouki, obteve 44,32% dos votos, informou o chefe da comissão eleitoral, Chafik Sarsar, nesta segunda-feira.

O pleito foi considerado livre e justo e contou com a participação de 60% do eleitorado, menos do que os 70% que foram às urnas no primeiro turno, quando também aconteceram as eleições legislativas. Fonte: Associated Press.

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