Tópicos | Benedicto Júnior

O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Júnior afirmou, em delação premiada, que a empreiteira pagou R$ 19,7 milhões ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para que o peemedebista exercesse influência sobre a liberação de recursos do FI-FGTS para obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Os pagamentos, segundo o delator, foram feitos por meio de 36 parcelas de R$ 547 mil cada uma, pagas entre 2011 e 2014.

A delação da Odebrecht é a terceira que aponta esquema de corrupção envolvendo Cunha na Caixa Econômica Federal. O empresário Ricardo Pernambuco Júnior, da Carioca Engenharia, entregou ao Ministério Público Federal uma tabela com 22 depósitos no total de US$ 4.680.297,05 também correspondentes ao Porto Maravilha.

##RECOMENDA##

O ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, homem forte de Cunha dentro da instituição financeira, também relatou que o peemedebista cobrava comissões variáveis de 0,3%, 0,5% ou de até mais de 1% dos repasses feitos pelo fundo. Uma delas teria chegado a R$ 52 milhões.

Benedicto disse ter se reunido em 2011 com Cunha, no escritório político do então deputado, onde o peemedebista teria pedido as propinas. Os valores exigidos pelo parlamentar foram discutidos em reunião entre as integrantes da Concessionária do Porto Maravilha - OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia.

De acordo com o delator da Odebrecht, teria ficado claro que, "a partir dos pagamentos concretizados, haveria apoio do deputado Eduardo Cunha para eventuais liberações futuras do FI-FGTS para o Porto Maravilha, no Rio".

No sistema Drousys, utilizado pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - o "departamento de propina" da empreiteira - para controlar o pagamento de vantagens indevidas, Cunha tinha o apelido de "Caranguejo". Procurada, a defesa de Cunha não se manifestou até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O executivo Benedicto Júnior, o BJ, delator da Odebrecht, entregou à Operação Lava Jato uma planilha com doações de R$ 246.612.801,00 de caixa 2 a 187 políticos do alto escalão e também do baixo clero. A farta distribuição de dinheiro ilícito atingiu os mais importantes partidos entre 2008 e 2014 e seus caciques.

Os investigadores suspeitam que parte dos valores repassados a título de doação de caixa 2, na verdade, era propina. Muitos políticos receberam em períodos que não disputaram eleição.

##RECOMENDA##

O documento reúne apenas os repasses tratados por BJ. Nele não há referência a campanhas presidenciais, missão exclusiva de Marcelo Odebrecht, ex-presidente do Grupo.

Na Lista de BJ estão o ministro da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB), o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o governador e São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o ministro Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP) e o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

A planilha de BJ é dividida em 11 colunas: Index - com o número de políticos que teriam recebido repasse -, Ano, Cargo, Estado/Município, Codinome, Nome, Intermediário do Político, Doação Caixa 2, Propósito, Pessoa de Contato e Observação.

Eliseu Padilha foi beneficiário de 8 repasses que totalizaram R$ 7,2 milhões, destinados à sua campanha para deputado federal em 2014. Codinome ‘Angorá’.

Outro ministro do Governo Temer, Moreira Franco (Secretaria da Presidência), recebeu R$ 4 milhões em três vezes em 2014. Segundo BJ, o intermediário dos repasses a Moreira ‘Primo’ Franco foi Eliseu Padilha.

Aécio, o ‘Mineirinho’, segundo a Lista de BJ, recebeu R$ 5,25 milhões de doação em caixa 2 para sua campanha ao Senado em 2010, em cinco transferências. Sem intermediários.

A Antonio Anastasia, codinome ‘Dengo’, foi atribuído o valor total de R$ 5,475 milhões para campanha de 2010 ao Governo de Minas. Foram 8 repasses ao tucano, hoje senador.

Para Anthony Garotinho foram 35 repasses no total de R$ 13,012 milhões, sob os codinomes ‘Bolinha’ e ‘Pescador’, para as eleições de 2008, 2010, 2012 e 2014.

A candidatura de Beto Richa (PSDB) ao Governo do Paraná, em 2010, recebeu, de acordo com a Lista de BJ, 5 transferência no montante total de R$ 900 mil. Fernando Ghignone foi apontado como intermediário.

Sob codinome ‘Nervosinho’, Eduardo Paes foi contemplado com 23 pagamentos que somaram R$ 16,120 milhões em doação por caixa 2, segundo BJ. Os repasses ocorreram em 2008, 2010, 2012 e 2014.

Geraldo Alckmin foi beneficiado em duas eleições, de acordo com a Lista de BJ: 2010 e 2014 quando se candidatou a governador. Neste período, foram 20 repasses, sob os codinomes ‘Belém’ e ‘M&M’, no total de R$ 9,6 milhões.

De acordo com o delator, os intermediários de Alckmin foram Adhemar Ribeiro, seu cunhado, e Marco Monteiro, tesoureiro da campanha de 2014. O vice de Alckmin, Márcio França, em 2010, sob codinome ‘Paris’, R$ 70 mil.

Para Gilberto Kassab foram 26 transferências em 2008 e 2014 sob os codinomes ‘Kibe’, ‘Chefe Turco’ e ‘Projeto’. O total: R$ 21.251.676,00.

Sérgio Cabral (PMDB) recebeu 41 transferência de doação a caixa 2 sob o codinome ‘Proximus’. Total: R$ 61.996.800,00.

O sucessor de Cabral, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), também ‘Proximus’, levou R$ 20,3 milhões em 2014.

Responsável pelo setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, o chamado “departamento da propina”, o ex-diretor da empresa Benedicto Barbosa da Silva Junior afirmou em delação premiada ao Ministério Público Federal (MPF) que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu a ele R$ 950 mil para montar o “caixa 2” do Democratas no Rio de Janeiro, em 2008 e 2010. O valor, segundo ele, teria sido pago ao assessor especial do ex-prefeito da capital carioca João Marcos. 

“Mantive relação pessoal com os dois, César Maia e Rodrigo Maia. Em 2008 Rodrigo Maia me pediu doação de R$ 350 mil para o DEM, autorizei a doação e foi entregue a João Marcos, assessor especial do prefeito César Maia. Em 2010, ele me procurou novamente e pediu para que fizéssemos contribuição para César Maia e pagamos R$ 600 mil. Foi feito o caixa dois através do setor”, 

##RECOMENDA##

Segundo Benedicto, o apelido de César Maia na planilha da Odebrecht é “Inca ou Despota” já o de Rodrigo era “Botafogo”. O diretor do setor de propinas disse que as vantagens indevidas foram para estreitar as relações. “As duas pessoas tinham um poder de influência no Rio de Janeiro muito grande, então era para ter uma relação próxima e de confiança com o doutor Rodrigo e o doutor César. Conversamos várias vezes, ele tinha outras relações mais próximas do que a minha, como o Cláudio Melo Filho. Nunco procurei [Rodrigo Maia] porque eu nunca precisei dele para nada”, detalhou. 

O delator disse ainda que como nenhum dos dois eram candidatos em 2008, o valor foi dividido para nomes do DEM.

O ex-presidente da Construtora Odebrecht Benedicto Júnior, um dos delatores da Operação Lava Jato, disse nessa quinta-feira (2) em depoimento ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na campanha de 2014 repassou R$ 9 milhões a políticos do PSDB e do PP e ao marqueteiro tucano a pedido do então candidato à Presidência Aécio Neves - presidente nacional da sigla. Segundo Benedicto, a doação foi feita via caixa 2.

Ele não disse que se encontrou ou se tratou pessoalmente com Aécio sobre as doações. A audiência, realizada na sede do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região, no Rio, faz parte da Ação de Investigação Judicial Eleitoral aberta a pedido do PSDB contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suspeita de abuso de poder econômico na campanha presidencial.

##RECOMENDA##

Questionado por advogados que compareceram à sessão, Benedicto relatou que R$ 6 milhões foram repassados para Antonio Anastasia (PSDB) - que foi eleito senador em 2014 -, para o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) - que concorreu ao governo de Minas - e Dimas Fabiano Toledo Júnior (PP) - eleito deputado federal e filho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo.

Os outros R$ 3 milhões, ainda segundo o ex-presidente da Construtora Odebrecht, foram pagos ao publicitário Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio na campanha presidencial. O combinado, segundo o executivo, era um pagamento no total de R$ 6 milhões para Vasconcelos, mas só foi possível repassar a metade.

Aécio e Anastasia negaram qualquer irregularidade na campanha de 2014. O ex-executivo da Odebrecht - conhecido na empreiteira como BJ - não pôde dar mais detalhes. Ele foi advertido pelo ministro de que as doações ao PSDB são objeto estranho à investigação. Benedicto disse que não tinha ciência de doações à campanha nacional, pois cuidava apenas de doações estaduais.

Segundo testemunhas do relato do ex-executivo, ele afirmou que não poderia dizer se os pagamentos foram realizados em dinheiro. Um advogado o questionou sobre a forma das doações. Ele admitiu repasses não contabilizados, o caixa 2. Disse que, em geral, são feitos via caixa 1, ou caixa 1 por terceiros - citou a cervejaria Itaipava que segundo o empreiteiro Marcelo Odebrecht era usada como "laranja" para repasses a políticos.

"Quando é por caixa 2 como é feito o pagamento?", perguntou um outro presente à sessão. "É dinheiro, em espécie", respondeu Benedicto.

Marcelo Odebrecht

Na quarta-feira, dia 1º, em Curitiba, também em depoimento na Justiça Eleitoral, Marcelo Odebrecht disse que Aécio pediu R$ 15 milhões às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial de 2014. Segundo relatos, Marcelo Odebrecht disse que no primeiro momento se recusou a atender ao pedido sob a alegação de que já teria feito doações a Aécio nas fases de campanha e pré-campanha.

O tucano, então, solicitou recursos para aliados e ficou definido que o superintendente da Odebrecht em Minas Gerais Sérgio Neves ficaria responsável por viabilizar os repasses por parte da empreiteira e Oswaldo Borges da Costa Filho, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codeminas) por parte do senador mineiro.

Sérgio Neves é um dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht que fizeram delações premiadas na Operação Lava Jato. Borges da Costa Filho é apontado como homem de confiança de Aécio durante a passagem do tucano pelo governo mineiro.

Conforme pessoas que acompanharam o depoimento, Marcelo Odebrecht não especificou se os R$ 15 milhões seriam repassados em forma de doações eleitorais contabilizadas ou caixa 2.

As perguntas sobre as doações a Aécio foram feitas pelo advogado de Dilma na ação no TSE, Flávio Caetano.

Defesas

A assessoria do senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta quinta-feira, 2, que ele "solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei". "Como já foi divulgado pela imprensa, o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais."

Já a assessoria do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) disse, em nota, que o parlamentar "nunca tratou, no curso de toda sua trajetória pessoal ou política, com qualquer pessoa ou empresa sobre qualquer assunto ilícito".

A assessoria do PSDB disse, também por nota, que só recebeu doações oficiais da empreiteira e que "em nenhum momento Marcelo Odebrecht disse ter feito qualquer contribuição de caixa 2 à campanha eleitoral do partido em 2014, o que ficará demonstrado após o fim do sigilo imposto às declarações".

Ainda segundo o partido, "Oswaldo Borges nunca foi tesoureiro informal de nenhuma campanha do PSDB, tendo atuado sempre de forma oficial" e "R$ 15 milhões foi o valor doado oficialmente pelo grupo Odebrecht à campanha do PSDB de 2014".

A Odebrecht afirmou que não se manifestaria sobre conteúdo do depoimento de pessoas físicas. Procurados, Paulo Vasconcelos, Pimenta da Veiga e Dimas Toledo Filho não foram localizados pela reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando