A música brasileira vive um dia de luto nesta quinta (23). Aos 88 anos, o compositor, escritor e diretor Sérgio Ricardo faleceu por insuficiência cardíaca, após um longo período de internação no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Ele estava hospitalizado desde abril, primeiro em decorrência da covid-19, da qual se curou, e depois por complicações em seu estado de saúde.
Nascido em Marília (SP), Sérgio Ricardo começou a estudar piano ainda aos 8 anos, no Conservatório de música da cidade. Aos 17 anos, foi morar em São Vicente (SP), onde atuou como operador de som e discotecário na Rádio Cultura. Mas foi na noite que ele começou a trabalhar com pianista, nas boates Savoi e Recreio Prainha. Três anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ), onde logo conheceu artistas como Tom Jobim e João Gilberto.
##RECOMENDA##Ícone da bossa nova, o músico marcou uma geração por quebrar seu violão no Festival da MPB de 1967, após ser vaiado pela plateia, a exemplo do aconteceu com outros artistas no período conhecido como “A Era dos Festivais”. Sérgio Ricardo, cujo nome de batismo era João Lutfi, também tocou no prestigiado Festival da Bossa Nova do Carnegie Hall de 1962, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Um dos compositores brasileiros mais combativos à ditadura militar, tendo deixado como legado uma longa discografia e canções como “Esse Mundo é Meu”, “O Nosso Olhar”, “Enquanto a Tristeza não Vem”, “Barravento” e “A Fábrica”, Sérgio também teve participação importante no Cinema Novo. São dele as trilhas sonoras dos clássicos “Deus e o Diabo na Terra do Sol” e “Terra em Transe, dirigidos por Glauber Rocha”.
No movimento estético, ele também atuou, dirigiu e trabalhou como roteirista. Menos conhecido por trabalho literário, o artista lançou quatro livros, tendo sido "Elo: Ela" o primeiro a ser apresentado ao público, em 1982.