[@#galeria#@]
Com o objetivo de incentivar e potencializar a presença feminina no universo do samba, o coletivo paraense “Tem mulher na roda de samba” vem ganhando espaço no cenário belenense, com música, discussão e reflexão sobre o tema.
##RECOMENDA##
Cris Matos, coordenadora do Coletivo e intérprete da escola de samba Piratas da Batucada, disse que a iniciativa surgiu após a descoberta de um grupo que realiza, anualmente, um encontro nacional de mulheres na roda de samba. As artistas paraenses receberam convite para participar do evento e aceitaram.
“No primeiro encontro nacional, em 2019, não conseguimos ir. Já no segundo, conseguimos reunir um grupo de mulheres para participar. Depois disso, vimos a possibilidade de ter um Coletivo nosso, independente do encontro nacional que acontece uma vez por ano. Que nós pudéssemos fomentar esse movimento de mulheres em Belém, para fortalecer nossa roda e conquistar novos espaços”, afirmou.
Para Cris, que este ano completou uma década como intérprete de carro-som na mesma escola de samba, o principal intuito do grupo é juntar as mulheres, já que esse gênero musical ainda é muito masculino. “Não necessariamente machistas, mas masculinos. Somos mais fortes juntas. Um grupo de mulheres sempre é uma representatividade maior. Então, a gente está somando e fortalecendo a nossa roda”, enfatizou.
Ela ainda ressalta que as mulheres já estão fazendo história no universo do samba. “Este cenário que está se abrindo para que outras mulheres entrem nas escolas de samba é muito significativo. Tem escola que já tem duas, três. Isso pra gente já é muito importante, são conquistas”, celebrou Cris.
Espaço aberto
As rodas de samba promovidas pelo grupo são abertas ao público e sempre recebem novos integrantes que queiram participar do movimento. O Coletivo alcançou grandes feitos. Abriu o show do grupo “Entre Elas” em 2020, se apresentou no aniversário de Belém e também abriu o show da cantora Tereza Cristina na Bienal de artes de Belém de 2022.
A formalização do Coletivo ocorreu no ano passado, durante o quarto encontro nacional. “Fizemos uma grande roda de samba de mais de oito horas com as meninas do ‘Entre Elas’, que fecharam o nosso evento. Foi um show muito bonito. A partir disso, decidimos formalizar mesmo e montamos uma assembleia. O Coletivo completou um ano agora, mas o movimento já vem caminhando”, detalhou Cris.
A próxima apresentação das sambistas já tem data agendada. Será no dia 16 de abril, na Cervejaria Flor do Lúpulo, na travessa Almirante Wandenkolk, 690, no bairro do Umarizal, em Belém. O evento comemora um ano de aprovação, na Câmara Municipal de Belém, do Projeto de Lei que instituiu o Dia Municipal da Mulher Sambista, celebrado em 13 de abril, em homenagem ao aniversário da sambista Dona Yvone Lara.
O coletivo tem em torno de 50 pessoas, entre musicistas, técnicas de som, cantoras, produtora, intérpretes, compositoras, cenógrafa e coordenadora para organizar contratos e eventos. “A gente já vai dar início a uma oficina de percussão, para ter um amadurecimento melhor das nossas próprias musicistas e futuramente ter outras oficinas para formar outras mulheres. Hoje já não é só um show. Pensamos realmente em uma rede de apoio de mulheres sambistas, para cantar, compor, produzir, aprender e capacitar”, adiantou Cris.
Experiência
Vera Salgado, sambista e integrante do colaborativo, reforça que o Coletivo é uma grande união de mulheres para fortalecer o samba feito por mulheres. “Nesse espaço, que sempre foi muito masculino e muito machista, muitas mulheres já conseguiram romper há algum tempo”, comentou. “É o caso de Creuza Gomes, que está no nosso Coletivo e é uma veterana.”
Segundo Vera, a voz feminina faz uma determinada harmonia dentro do samba. “Pouquíssimas escolas de samba em Belém tinham uma voz feminina no carro-som. Essa harmonia que ela faz junto com a bateria é um quesito superimportante, ajuda muito na questão do critério. A gente está nisso pelo reconhecimento da potência da nossa voz junto com os homens. Isso soma na harmonização da escola”, afirmou.
Siga o Coletivo nas redes sociais.
Por Suellen Santos e Julia Marques (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).