Tópicos | chantagem sexual

"Começou a se insinuar. Me recusei várias vezes, até o dia em que me deu um zero na minha primeira prova". Assim como outras estudantes do Gabão, Melania denuncia o "assédio sexual" de professores que utilizam as notas para abusar de suas alunas.

A jovem Melania (nome fictício), aluna da Universidade Omar Bongo de Libreville, lembra o ocorrido com um de seus professores do colégio ocultando o rosto ante a câmera da AFP. Agora diz estar orgulhosa de "ter resistido" ao assédio.

Outra estudante conta sob anonimato que teve que mudar de especialização após se negar a aceitar as insinuações de um professor que tornou sua vida "impossível".

Nas aulas da universidade e das escolas, o tema alimenta rumores há décadas, sem causar nenhum escândalo na opinião pública. O problema é conhecido de todos e já foi objeto de reportagens na imprensa que denunciavam esses professores "predadores".

Valéry Mimba, chefe do departamento de Estudos Ibéricos, fala de "rumores", embora reconheça que "o fenômeno existe".

"Quando a nota de alguma estudante volta a subir, logo se pensa que ela dormiu com o professor", lamenta.

Mas os docentes também acusam estudantes de utilizar meios de pressão para conseguir boas notas.

"Propuseram dormir comigo para que eu aumentasse uma média", se queixa um chefe de departamento sob anonimato.

Para a administração, é difícil demonstrar a existência do assédio sexual por parte dos professores. Para isso, as estudantes teriam que denunciar os fatos aos chefes de departamento, afirmam estes últimos.

"Entendo as estudantes que não se atrevem a apresentar uma denúncia" por medo de represálias, reconhece um professor, que opina que a administração universitária tende a minimizar o fenômeno do assédio sexual.

Franck Matoundou, membro da liga estudantil dos direitos humanos, pede a criação de uma estrutura especializada com o objetivo de quebrar o "tabu" e acabar com o medo de denunciar os abusos.

O Tribunal de Justiça de Versailles anunciou nesta quinta-feira (5) que levará o atacante do Real Madrid e da seleção francesa Karim Benzema a julgamento pelo caso de chantagem do qual seu companheiro de seleção, Mathieu Valbuena, é vítima. Retido para investigações desde a última quarta-feira, o atleta confessou ter participado, mas de forma "inconsciente", do esquema que envolve um vídeo que o meia do Lyon gravou com sua mulher.

A informação sobre a decisão jurídica de transformar Benzema em réu de um processo judicial, foi confirmada no início da tarde desta quinta-feira (no horário de Paris) pela Justiça. Pela manhã, o Ministério Público havia confirmado que solicitara à Justiça a realização de um julgamento sobre o caso. O atacante foi liberado da detenção e deixou as dependências do Palácio de Justiça de Versailles, nas imediações da capital, sem falar com a imprensa francesa e internacional.

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Segundo a rede de televisão BFMTV e a rádio RTL, Benzema reconheceu ao longo da noite "ter intervindo e dialogado com Valbuena a pedido de um amigo de infância, que teria sido abordado por três bandidos que teriam posse de um vídeo sexual". "Benzema declarou ter concordado com seu amigo de infância sobre o que deveria dizer para que seu colega de seleção negociasse exclusivamente com ele", completou a fonte ouvida pelos dois veículos. O jogador teria afirmado ainda ter "querido ajudar seu amigo", sem ter a consciência de que estaria participando de um esquema de chantagem contra Valbuena.

No entender da juíza de instrução de Versailles, Nathalie Boutard, o atleta do Real Madrid teria desempenhado o papel de "intermediário" na chantagem, e por isso deve responder à Justiça. Entre outras provas, os vínculos entre as partes teriam sido estabelecidos por seis conversas telefônicas interceptadas e gravadas pela polícia entre junho, quando do início do caso, e outubro, quando a informação veio à tona.

A mesma quadrilha teria sido responsável por outro caso de chantagem, desta vez contra o ex-atacante da seleção francesa Djibril Cissé, que em 2008 teria pago 100 mil euros para se livrar da extorsão. Mas em outubro passado o próprio Cissé foi detido pela polícia para averiguações sobre o caso envolvendo Valbuena.

O advogado de Benzema, Sylvain Cormier, continua a negar a responsabilidade de seu cliente, afirmando que ele "não participou da operação de chantagem" e que, aos olhos da Justiça, continua inocente até que se prove o contrário.

A grande questão que paira nesta quinta-feira é sobre o futuro do atleta, que joga no Real Madrid. Sob medidas de controle judiciário, um réu em tese não pode deixar a França, nem entrar em contato com outras partes envolvidas no suposto crime, em especial a vítima.

Nesse caso, Benzema pode não ser convocado pelo treinador da seleção francesa, Didier Deschamps, para os amistosos deste mês contra a Alemanha, em Paris, e contra a Inglaterra, em Londres - os dois mais importantes compromissos da equipe na preparação para a Eurocopa de 2016.

Karim Benzema foi detido nesta quarta-feira, na França, sob suspeita de envolvimento em um de caso de chantagem sexual que teve como vítima o seu compatriota e companheiro de seleção francesa Mathieu Valbuena. Segundo informações de canais de TV do país, o atacante do Real Madrid foi levado à sede da polícia de Versalhes, que fica nos arredores da capital Paris, para prestar depoimento.

A Justiça investiga a denúncia, feita em junho passado, segundo a qual o meia Valbuena, hoje jogador do Lyon, teria recebido uma ligação anônima quando se encontrava concentrado com a seleção francesa. Na ligação, uma pessoa cobrava o pagamento de 150 mil euros em troca da não divulgação na internet de um vídeo erótico em que o atleta apareceria com sua namorada.

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O Tribunal de Versalhes investiga essa tentativa de extorsão e o nome de Benzema apareceu em escutas telefônicas que levaram a polícia a interrogar também o veterano atacante Djibril Cissé, este um ex-integrante da seleção francesa, em 13 de outubro, mesmo dia em que foi liberado pela polícia após prestar depoimento.

A investigação deste caso foi aberta no final de julho e vem sendo conduzida pela polícia judicial de Versalhes. Cissé, que prestou depoimento em outubro, foi companheiro de clubes de Valbuena no Olympique de Marselha. E quando o atacante foi ouvido pelos investigadores, outros três suspeitos de envolvimento no caso, cujos nomes não foram revelados, também haviam sido detidos.

Ao lado de Cissé, que atualmente defende o modesto JS Saint-Pierroise, da França, o trio foi acusado de tentar tirar dinheiro de Valbuena sob ameaça da divulgação do tal vídeo erótico no qual o meia apareceria com sua namorada.

Acusado de extorsão e associação para o crime, Cissé, hoje com 34 anos, foi companheiro de Valbuena no Olympique de Marselha entre 2006 e 2008, assim como defendeu a seleção francesa em 41 partidas. Ele também acumulou passagens por Liverpool e Lazio, entre outros times de menor expressão, sendo que vestiu a camisa da equipe nacional da França entre 2002 e 2011. No período, marcou nove gols ao longo dos 41 confrontos pelo país.

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