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Milhares de pessoas transitam constantemente pelas ruas do Centro do Recife. A correria do dia a dia parece esconder os detalhes e a delicadeza de quem leva a arte para as praças, ruas, pátios e centros comerciais. Parar, pelo menos por um instante, pode ser um obstáculo para quem transita pelas ruas da cidade. Mas para o artista de rua Charlito, conhecido o ‘Homem Prateado’, é um conquista e um desafio diário.

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Atualmente com 50 anos, o artista, que se limita a falar apenas o seu nome artístico, traz no rosto e na pele as marcas da tinta prateada e da luta de sobreviver da arte. Afinal, são 30 anos de trabalho na rua, levando criatividade, música e alegria para crianças, jovens e idosos. Porém, muitas vezes, a sua intervenção artística é ignorada e até interpretada de forma preconceituosa e marginalizada.

Com fala contida e com pouca expressão, Charlito ou Homem Prateado, como gosta de ser chamado, relata que sua arte muitas vezes não é reconhecida. Em entrevista ao LeiaJa.com, ele desabafa e conta que a o prateado que deveria reluzir está perdendo a cor e a força de lutar contra a invisibilidade e a indiferença das pessoas para ganhar alguns trocados.

“São 30 anos trabalhando como estátua vida. Durante esse período já passei por muita coisa no Centro do Recife. O que você imaginar já fui chamado” lamenta o artista, que cita com tristeza o preconceito e a forma pejorativa que é rotulado. “Vagabundo, ladrão, marginal são algumas maneiras que me chamam. Eu vejo, infelizmente, que essas pessoas são mal educadas e não que conseguem enxergar que por trás da arte e de uma moeda existe um trabalhador, um artista”, conta entristecido.

O artista conta que já viajou para outras cidades como Maceió e o Rio de Janeiro, porém não obteve tanto êxito. "Muitas vezes eu gastava mais do que ganhava e, além disso, nas outras cidades têm várias pessoas fazendo coisas parecidas e acaba não chamando atenção", diz Charlito, que afirma receber em média R$ 40 por dia, quando o movimento está bom.

Mas para Charlito nem sempre a vida foi assim. De acordo com o artista, sua jornada no mercado de trabalho começou cedo. Foi entre as ruas do comercio do Centro da capital pernambucana, que ele ganhou a confiança dos donos das antigas lojas de discos. Porém, ele foi mais uma das centenas de pessoas que perderam espaço e mercado após a derrocada do vinil e das lojas de discos que encantavam o público.

Foi com nostalgia, que o homem prateado lembrou do antigo comércio. "Começei a trabalhar desde cedo e naquela época é que era bom, porque as pessoas (proprietários) do comércio confiavam em mim e no meu trabalho, mas infelizmente tudo acabou", relembra, com tristeza, o mímico, que traz guardado na memória o que aprendeu naquela época. "Como eu ficava nas lojas de discos, acabei trazendo para o prateado a alegria, a música e a descontração, que nem sempre é reconhecida e bem vista", lamenta.

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E foi através de sua peformance e criatividade que o artista começou a chamar a atenção de quem transita pela cidade, como a turista de São Paulo Ivone Lemos, de 68 anos. Durante o passeio pelas igrejas do Centro, ela se deparou com o Homem Prateado e não exitou em contribuir e elogiar o trabalho. "São esses artistas que reforçam ainda mais a cultura e os costumes do Nordeste. Porém, infelizmente, eu percebo que eles não são tão valorizados como deveriam. Afinal, são eles que também atraem e encantam os turistas que visitam a região", disse.

O comercianete Manoel Vieira, de 53 anos, há 40 anos trabalha vendendo frutas e observa encantado o mímico, como se fosse até a primeira vez. É com essa admiração que o ambulante elogia a intervenção artística do colega. "É muito bonito o que ele faz. Charlito é o único que vejo trabalhando dessa forma. Eu fico impressioando como ele consegue tocar tão bem as músicas de Luiz Gonzaga", fala o vendedor, que com tanto encantamento ainda não chegou a perceber que o 'Homem Prateado' imita e leva consigo um rádio atraz da placa que carrega no busto pelo Recife e pelas cidade que anda em busca da sobrevivência.

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