Em 2016, a Nação Zumbi revive momentos, lembranças e sons de 20 anos atrás, quando lançaram o disco Afrociberdelia. Também este ano a banda reverencia o cinquentenário de seu criador, o músico Chico Science, que completaria meio século de vida no próximo domingo (13). O vocalista da Nação, Jorge du Peixe, conversou com o Portal LeiaJá e falou sobre o show especial que será realizado no Recife dia 7 de maio e sobre a vivência com o amigo Chico.
LJ - Este é um ano especial para a Nação Zumbi, com muitas homenagens e até comemorações. Como a banda está viendo este processo?
##RECOMENDA##Jorge Du Peixe - É um ano de memórias e muitas lembranças. Estamos relembrando nosso segundo disco junto com Chico (Afrociberdelia). Levar isso para o palco vai ser uma gama de emoções forte. Sempre em tom de reverência, é claro.
LJ - Em 2016 também é o ano do cinquentenário de Chico Science. Como era conviver com ele?
Jorge Du Peixe - Chico não era só um músico, ele era um amigo. A gente não era só uma banda: era uma nação familiar.
LJ - Chico influenciou fortemente toda uma nova cena que surgia na época da criação do manguebeat trazendo expressões culturais muito tradicionais à tona. Como foi viver essas novidades e como essa influência se refletiu no trabalho de vocês?
Jorge du Peixe - Chico estava à frente, na maneira como ele estava conduzindo as idéias musicais dele. A gente consumiu toda a idéia da diáspora africana e do hip hop, tudo isso fica na memória e você digere tudo e acaba trazendo dentro da sua perspectiva musical. No palco e dentro do estúdio isso tinha uma sintonia muito grande, tomou corpo e resultou nos primeiros discos (Da Lama ao Caos, de 1994 e Afrociberdelia, de 1996).
LJ - Qual foi a reação da banda quando Chico começou a se apresentar caracterizado com elementos do Maracatu Rural? E o que você acha que ele estaria fazendo atualmente?
Jorge Du Peixe - Quando ele apareceu de meião e elementos do caboclo, era um misto de dançarino de break, Malazarte, caboclo. Ele tinha autenticidade. Ele era muito afoito e curioso, então ele estaria fazendo muitas outras coisas hoje em dia. Talvez flertando com música eletrônica, além dos cancioneiros populares que ele gostava muito. Ele ouvia desde Vicente Celestino até música eletrônica alemã. Como ele dizia, 'bastava soar bem aos ouvidos'.
LJ - O show que celebra o Afrociberdelia chegou a ser anunciado durante o Carnaval para o aniversário do Recife, mas acabou sendo marcado para maio no Clube Português.
Jorge Du Peixe - A Prefeitura deu pra trás, mas queríamos muito fazer. A gente está levando a cultura pernambucana desde 1994 até os confins do planeta, deveria haver um cuidado e uma atenção maior a isso; valorizar quem faz de verdade a cultura pernambucana. Eles estão desatentos.
LJ - Afrociberdelia é um disco bastante forte e que trouxe participações significantes como a de Gilberto Gil. Como será o formato do show que celebra este trabalho?
Jorge Du Peixe - Estamos com a orelha colada no disco, passando o repertório pra não deixar nada de fora. Gostaríamos muito de trazer participações para o show, grandes músicos participaram do disco como Gil, Marcelo D2, o Maestro Spok. Mas é complicado, depende de agenda, estamos vendo ainda.
LJ - Num momento tão especial como este, como é passar por ele ao mesmo tempo em que a banda vive uma quebra com a saída do Gilmar Bola 8?
Jorge Du Peixe - Este é um assunto muito interno e a gente se limita a falar sobre isso. Não existe quebra, estamos inteiros. Isso acontece, em casamento, em banda, no trabalho. Isso aqui é diversão mas é trabalho, as coisas têm que funcionar como são. Nós temos uma história juntos, fizemos muita coisa. Isso faz parte da vida.
LJ - Vocês anunciaram o projeto de um novo CD para este ano, a Nação lança novidades para agora?
Jorge Du Peixe - A gente está começando a sair do canto, ainda está muito no começo, pra lançar em 2017.
Afrociberdelia 20 anos
A Nação Zumbi esteve no Recife durante a última semana ensaiando para o show comemortivo dos 20 anos do disco Afrociberdelia. Na última sexta (11), a banda levou 11 fãs para o Fábrica Estúdio, localizado no bairro da Várzea - região Oeste da cidade - para assistirem a um dos ensaios. Eles foram sorteados através de uma ação no Facebook da Nação e puderam conferir com antecedência um pouco do que será visto no Clube Português, dia 7 de maio.
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